Eleições nos EUA: Trump venceu em Iowa; o que isso significa e o que esperar na campanha?
Segundo programa da série "O Caminho para a Casa Branca" analisa resultados da primeira rodada das primárias
Repórter de macroeconomia
Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 17h51.
Última atualização em 22 de janeiro de 2024 às 10h47.
O ex-presidente Donald Trump teve uma vitória de peso nas primárias republicanas em Iowa. Com isso, sua campanha para obter a nomeação do partido para disputar as eleições presidenciais dos EUA ganha um impulso. Ao mesmo tempo, a pressão sobre os rivais aumenta. Após o resultado, dois postulantes, Vivek Ramaswamy e Asa Hutchison, desistiram da disputa.
Uma das razões para a força de Trump é a sua capacidade de atrair eleitores de diversas origens, inclusive de perfis que tradicionalmente votavam com os democratas, como os negros e latinos. A análise é de Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital.
Moura analisou o resultado da votação para o programa "Eleições nos EUA — O Caminho da Casa Branca", disponível no YouTube e no Spotify. Assista a íntegra abaixo:
"O eleitorado americano pode ser dividido mais ou menos em três segmentos muito fortes: brancos com formação universitária, que são uns 33% do eleitorado. Aí tem os brancos sem educação superior, uns 35% a 40% do eleitorado, e os não brancos, cada vez mais relevante, que incluem negros, latinos e asiáticos. Trump avançou muito no eleitorado branco de baixa escolaridade, que é o principal eleitorado republicano hoje. É uma inversão histórica, porque eles eram muito mais ligados aos democratas e aos sindicatos", explicou Moura.
"Trump também conseguiu avançar entre os não brancos na eleição de 2020 em relação a 2016. Isso mostra a força da narrativa e dos valores que ele representa", prosseguiu.
Trump venceu as primárias em Iowa, nos Estados Unidos, na segunda, 15. Com 95% dos votos apurados, o ex-presidente teve 51% de preferência. Foi uma diferença de quase 30 pontos em relação ao segundo lugar, de Ron DeSantis, que ficou com 21,2%. Já Nikki Haley ficou em terceiro, com 19,1% dos votos.
Com isso, Trump conquistou os votos de 20 delegados na convenção republicana, em julho. Ao todo, há 2.439 delegados republicanos. A votação em cada estado dá direito a um número diferente de representantes, com base na população de cada local.
Sobre a disputa do segundo lugar, entre DeSantis e Haley, Moura aponta que ela pode ter mais vantagens na próxima primária, em New Hampshire, pela questão de o estado ter eleitorado mais diverso e menos conservador do que Iowa. Mesmo assim, ela precisa lidar com a questão da imigração.
"Uma pesquisa mostrou que 53% dos eleitores que votaram ontem em Iowa concordam com uma frase de Trump que diz que imigrantes envenenam o sangue dos americanos. O tema da imigração é muito forte, e Haley é a cara da imigração. Ela é filha de indianos e tem dificuldade de penetrar no eleitorado que vê a imigração como tema sensível", disse Moura.
A votação em Iowa é a primeira rodada das primárias republicanas, que escolherão qual será o candidato do partido à Presidência. Outros estados farão suas votações ao longo do primeiro semestre. A próxima rodada será em New Hampshire, em 23 de janeiro.
O calendário de realização das primárias vai até junho. Em julho, os republicanos se reúnem em uma convenção nacional para decidir o candidato do partido. Os democratas farão processo similar, com convenção nacional marcada para agosto. Joe Biden, atual presidente, é o favorito para obter a indicação e enfrentar o candidato republicano na disputa final pela Presidência. O dia da eleição será em 5 de novembro.