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Eleições na Venezuela têm retorno de candidatos da oposição

A Venezuela elege governadores e prefeitos, neste domingo (21), em um pleito com "boa participação" e que marca o retorno do grosso da oposição à via eleitoral e das missões de observação internacional

Líder da oposição, Henrique Capriles Radonski, fala com repórteres em seção eleitoral em Caracas (Cristian Hernandez/AFP)
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AFP

Publicado em 21 de novembro de 2021 às 17h13.

Última atualização em 23 de novembro de 2021 às 18h24.

A Venezuela elege governadores e prefeitos, neste domingo (21), em um pleito com "boa participação" e que marca o retorno do grosso da oposição à via eleitoral e das missões de observação internacional.

Muitos centros de votação em Caracas estavam com filas de eleitores que aguardavam sua vez de votar, uma imagem diferente das duas eleições anteriores - as presidenciais de 2018 e as legislativas de 2020 -, nas quais a oposição se marginalizou e convocou a abstenção.

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"Vamos ter uma participação muito boa", disse o presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Pedro Calzadilla, destacando que a totalidade das mais de 30.000 seções foram instaladas, depois de "alguns incidentes" já equacionados.

Estas eleições, nas quais estão convocados a votar 21 dos 30 milhões de habitantes do país, também marcam o retorno de observadores internacionais depois de mais de uma década de ausência.

Voto "de protesto"

Serão eleitos no pleito 23 governadores e 335 prefeitos, além de legisladores regionais e municipais, entre mais de 70.000 candidatos. A votação deve se estender até as 18h00 (19h00 no horário de Brasília), desde que não haja eleitores na fila. O limite é geralmente prorrogado e os resultados só devem começar a ser anunciados na alta madrugada.

"Sinto que desta vez as pessoas estão decididas a votar", disse José Rafael Hernández, opositor de 58 anos, após votar no abastado bairro de Chacao. "Convocar a abstenção foi o pior a fazer", reforçou.

As eleições podem servir como um novo começo tanto para o presidente Nicolás Maduro, que busca a suspensão de sanções, quanto para a oposição, que volta à via eleitoral de olho em uma eleição presidencial "transparente" em 2024, embora no ano que vem tenha a opção de um referendo para revogar o mandato do chefe de Estado.

A oposição volta dividida, enfraquecida e sem candidaturas unitárias na maioria das regiões, e especialistas coincidem em que o chavismo levará a maior parte dos cargos.

A oposição negou-se a participar das eleições presidenciais de 2018, nas quais Maduro foi reeleito, e nas legislativas de 2020, nas quais a situação recuperou o Parlamento.

Os dois processos, envoltos em denúncias de "fraude", tiveram amplo repúdio internacional, liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).

"Gostaria que todos votássemos, ainda que como uma forma de protesto", disse Daniel Rey, médico de 25 anos, em San Cristóbal, capital do estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia. "É a melhor forma de demonstrar que queremos uma mudança em benefício do país".

Missões internacionais

A UE - que acompanha as eleições com 130 observadores já mobilizados no país - não trabalhava em uma eleição na Venezuela há 15 anos, pois as autoridades venezuelanas optaram por "missões de acompanhamento" de países e organizações próximas do chavismo.

Para esta eleição, foram instalados, ainda, painéis de especialistas das Nações Unidas e do Centro Carter.
"Tudo transcorre tranquilamente", disse a jornalistas a chefe da missão da UE, Isabel Santos, durante uma visita a um centro eleitoral em uma área popular da capital.

A UE tem previsto apresentar um relatório preliminar na terça-feira. Maduro alertou que o bloco não pode "dar veredicto" sobre os resultados.

"Não digo nada sobre estas coisas, respeito todas as autoridades venezuelanas", respondeu Santos.

O retorno da UE é, segundo analistas, uma das concessões feitas por Maduro em sua busca por conseguir a suspensão das sanções, que incluem um embargo petroleiro dos Estados Unidos. Teve a mesma intenção ao impulsionar uma nova diretoria do organismo eleitoral com a presença da oposição, embora ainda dominada pelo chavismo.

O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por dezenas de países, embora na prática Maduro permaneça no controle, não vai votar, segundo sua equipe, ainda que não tenha pedido abstenção desta vez.

"Não há condições para uma eleição livre e justa na Venezuela", insistiu o dirigente, cuja postura conta com o apoio de Washington, seu maior aliado.

O objetivo de Guaidó é uma eleição presidencial em 2024 ou antes, através do referendo revogatório do ano que vem, que poderá ser definido na mesa de negociação no México, que está parada por enquanto.

 

 

 

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