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Eleição na Catalunha enfraquece busca pela independência

Apesar de terem ganhado as eleições locais, separatistas não conseguiram o mandato ressonante que esperavam para convocar um referendo sobre a independência


	Presidente da Catalunha, Artur Mas, havia convocado uma eleição antecipada para testar o apoio à sua nova iniciativa pela independência da região
 (Gustau Nacarino/Reuters)

Presidente da Catalunha, Artur Mas, havia convocado uma eleição antecipada para testar o apoio à sua nova iniciativa pela independência da região (Gustau Nacarino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 08h46.

Barcelona - Os separatistas catalães venceram a eleição local de domingo na região espanhola, mas sem conseguirem o mandato ressonante que esperavam para convocar um referendo sofre a independência.

O presidente (governador) da Catalunha, Artur Mas, que implementou impopulares cortes de gastos, havia convocado uma eleição antecipada para testar o apoio à sua nova iniciativa pela independência da região, que é rica mas está financeiramente em crise.

Eleitores frustrados com a crise econômica e com o sistema tributário espanhol, que eles consideram injusto com a Catalunha, deram quase dois terços das 135 cadeiras do Parlamento regional a quatro partidos favoráveis à convocação de um referendo separatista.

Mas as urnas puniram o principal partido separatista, o CiU (Convergência e União), cuja bancada caiu de 62 para 50 deputados. Assim, Mas terá dificuldade para liderar uma frente unida pela realização de um referendo que desafia a Constituição e o governo central espanhol.

Para José Ignacio Torreblanca, diretor da unidade madrilenha do Conselho Europeu de Relações Exteriores, o presidente catalão "claramente cometeu um erro".

"Ele promoveu uma agenda separatista, e as pessoas lhe disseram que desejam que outras pessoas realizem essa agenda", disse.

O resultado é um alívio para o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, que enfrenta uma profunda recessão e um desemprego de 25 por cento, enquanto luta para convencer os investidores sobre a estabilidade fiscal e política do país.


Cercado por seguidores que gritavam "independência", Mas disse que continuará empenhado em convocar o referendo, e acrescentou que "está mais complexo, mas não há necessidade de desistir do processo".

Mas tentou surfar na onda separatista depois que centenas de milhares de pessoas se manifestaram em setembro nas ruas exigindo a independência da Catalunha, região que tem uma língua própria e que se considera diferente do resto da Espanha.

Em discurso na noite de domingo aos seus seguidores, Mas reconheceu ter perdido terreno e que, embora o CiU continue sendo o maior grupo no Parlamento catalão, ele precisará de outro partido para governar e aprovar duras medidas de austeridade.

"Ficamos aquém da maioria que tínhamos. Estamos governando há dois anos sob circunstâncias muito duras." A guinada do nacionalista CiU para o separatismo é recente. O mais tradicional partido separatista catalão, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), ficou com a segunda maior bancada parlamentar, com 20 deputados. O Partido Socialista elegeu 20 deputados, e o centro-direitista Partido Popular, de Rajoy, ficou com 19.

Três outros dois partidos, incluindo dois pró-referendo, dividiram as demais 25 vagas. Para o analista Torreblanca, o resultado é semelhante ao que tem ocorrido em outros lugares da Europa onde a crise econômica beneficia grupos políticos marginais e castiga os partidos mais tradicionais.

A aposta separatista de Mas pode ter ajudado o grande vencedor do domingo, a ERC, que mais do que duplicou sua bancada, saltando de 10 para 21.

A Catalunha, com 7,5 milhões de habitantes, gera um quinto do PIB espanhol, e tem uma economia quase do tamanho da portuguesa.

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