Ataque do EI na mesquita Balili: bomba explodiu na mesquita durante a oração da Festa do Sacrifício, causando pânico entre os fieis que correram para a saída, onde um homem-bomba se explodiu (Reuters / Khaled Abdullah)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2015 às 14h31.
A grande festa muçulmana do Adha foi marcada nesta quinta-feira, em Sanaa, por um atentado reivindicado pelo grupo extremista sunita Estado Islâmico (EI), que deixou 25 mortos e dezenas de feridos entre fieis xiitas em uma mesquita.
O ataque teve como alvo a mesquita Balili, perto da academia de polícia, frequentada por partidários dos rebeldes xiitas huthis, que controlam a capital iemenita há um ano.
Uma bomba explodiu na mesquita durante a oração do Eid al-Adha (Festa do Sacrifício) ao raiar do dia, causando pânico entre os fieis que correram para a saída, onde um homem-bomba se explodiu, de acordo com fontes da segurança e testemunhas.
Apesar da revista dos fieis na entrada do santuário, os autores do ataque conseguiram introduzir no edifício três cargas explosivas escondidas em sapatos e roupas íntimas, explicou o chefe da segurança da mesquita.
"Nós encontramos explosivos em um sapato e numa cueca abandonados no banheiro", indicou Adnane Khaled.
Segundo ele, duas cargas foram neutralizadas, mas uma terceira colocada perto do "mihrab", estrutura elevada onde o imã lidera a oração, explodiu, causando pânico.
"Quando as pessoas se precipitaram para sair da sala de oração, um homem-bomba tentou forçar caminho para entrar na mesquita", disse Khaled. "Ele foi interceptado na entrada por um guarda de segurança e se explodiu".
O oficial de segurança confirmou o balanço de 25 mortos fornecido por fontes médicas, acrescentando que 20 fieis morreram no local e cinco no hospital.
Na internet, o EI reivindicou a autoria do ataque em um comunicado divulgado por sites jihadistas. O grupo afirma que um dos seus membros - identificado como Amr al-Hadidi - "detonou seu cinto de explosivos na mesquita Balili no setor de Bab el-Yemen entre os infiéis huthis, causando muitas baixas".
O EI, que considera os xiitas como hereges, reivindicou vários ataques desde março contra xiitas em várias mesquitas em Sanaa.
Os primeiros, em 21 de março, fizeram 142 mortes e o mais recente matou mais de 30 pessoas no início de setembro.
Medidas foram adotadas para garantir a segurança da mesquita Balili. Blocos de concreto foram colocados ao redor do local de culto para evitar ataques com carros-bomba.
Derrota após derrota
No norte da capital, a aviação da coalizão liderada por Riad, que apoia as forças pró-governo no Iêmen, lançou nesta quinta-feira uma série de ataques aéreos contra posições dos rebeldes huthis, segundo testemunhas.
O presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, que acaba de retornar a Aden após um exílio de seis meses na vizinha Arábia Saudita, participou nesta quinta-feira de manhã da oração do Eid al-Adha na maior cidade no sul do Iêmen.
Em um discurso transmitido na quarta-feira, por ocasião da festa muçulmana do sacrifício, Hadi afirmou que os rebeldes huthis estão "sofrendo derrota após derrota" e que "o Iêmen será libertado em breve".
A coalizão árabe-sunita formada em apoio a Hadi ajudou as forças leais a recuperar mais de cinco províncias rebeldes do sul e reúne tropas a leste de Sanaa para marchar sobre a capital.
Desde março, o conflito no Iêmen deixou cerca de 5.000 mortos e 25.000 feridos, muitos deles civis, segundo a ONU.
A ONG Ação contra a Fome manifestou preocupação quanto ao impacto do conflito sobre a população civil, em uma declaração apelando à comunidade internacional a "reagir rapidamente (...) para levantar o bloqueio que está matando de fome e colocando em risco a população Iêmen, preso entre os ataques aéreos e batalhas terrestres. "