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Egito adia visita oficial do Brasil após declarações de Bolsonaro

A informação oficial repassada pela chancelaria egípcia é que a viagem precisaria ser adiada por problemas de agenda das altas autoridades do país

Aloysio Nunes Ferreira: ministro das Relações Exteriores tinha visita marcada para os dias 8 a 11 deste mês (Kham/Reuters)
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Reuters

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 17h32.

Última atualização em 5 de novembro de 2018 às 18h16.

Brasília - Depois das reiteradas declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro de que iria transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o governo do Egito adiou sem previsão de nova data uma visita do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira , que estava marcada para os dias 8 a 11 deste mês.

A informação oficial repassada pela chancelaria egípcia é que a viagem precisaria ser adiada por problemas de agenda das altas autoridades do país. Aloysio teria encontros com o chanceler do país, Sameh Shoukry, e o presidente, Abdel Fattah el-Sisi.

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No entanto, fontes do Itamaraty admitem que o cancelamento - em cima da hora e sem sugestão de uma nova data, o que não é o protocolo nas relações diplomáticas - é um sinal do desagrado do país árabe com as posições do novo presidente brasileiro.

Bolsonaro já havia falado durante a campanha e, recentemente, reiterou em entrevista e por sua conta pessoal no Twitter, que pretende transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, seguindo o movimento feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Considera-se Jerusalém território em disputa entre Israel e a Autoridade Palestina. De acordo com o plano da Organização das Nações Unidas (ONU) para a região, com a criação de dois Estados, a cidade seria a capital de ambos, já que os dois povos a reivindicam como território ancestral. No entanto, enquanto a solução não é implantada, Jerusalém não é reconhecida pela ONU como capital de nenhum dos dois países.

A decisão de Bolsonaro, que diz não reconhecer a Palestina como nação, força uma posição brasileira de alinhamento com Israel, contrária à seguida pela diplomacia brasileira até hoje, que sempre foi de apoio à solução de dois Estados e o reconhecimento da Palestina, e desagrada os países árabes, hoje quinto destino de exportações brasileiras, especialmente de carne, frango e açúcar.

Aloysio viajaria com uma comissão de empresários, já que a intenção da visita era fortalecer as relações comerciais entre Brasil e Egito depois da assinatura de um acordo de livre comércio entre o país árabe e o Mercosul. O 2º Fórum Brasil-Egito de oportunidades de investimento aparecia com destaque na página da Câmara de Comércio Brasil-Árabe, mas foi também cancelada sem nova data.

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