Usina de Itaipu: o acordo dos dois países afirma que cada um tem direito a 50% da energia gerada, mas o Paraguai acaba usando apenas 5%, o resto é vendido ao Brasil (Divulgação/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2012 às 14h22.
Brasília - O ministro de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, disse nesta terça-feira que a crise gerada pelo impeachment de Fernando Lugo como presidente do Paraguai não afeta em nada a hidrelétrica de Itaipu, que funciona "com toda normalidade".
Lobão afirmou que as sanções que poderão ser aplicadas contra o Paraguai pelo Mercosul ou a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) não atingirão o povo do país nem modificação o funcionamento da hidrelétrica binacional.
O ministro também descartou que o Paraguai possa deixar de vender ao Brasil a energia gerada por Itaipu e não consumida pelo país vizinho, como insinuou nesta segunda-feira o novo diretor da hidrelétrica, Franklin Rafael Boccia.
"Não mais venda de energia elétrica, embora hoje nos traga divisas, utilização plena de nossa energia no Paraguai, gerando postos de trabalho", declarou Boccia ao assumir o cargo.
Lobão esclareceu, no entanto, que a divisão da energia gerada pela empresa é determinada pelo tratado de construção de Itaipu, de 1973, que foi assinado pelos dois países.
O tratado diz que Brasil e Paraguai têm direito cada um a 50% da eletricidade gerada pela represa e estabelece claramente que a energia não utilizada deve ser vendida ao outro sócio.
Como 5% da eletricidade de Itaipu abastece o Paraguai, o resto acaba sendo vendido para o Brasil, que em 2011 deixou no país vizinho US$ 360 milhões por este motivo.
O preço da energia foi triplicado neste ano, após longas negociações lideradas pelo então presidente Fernando Lugo, que fez do aumento uma bandeira de sua campanha eleitoral de 2008.
O Brasil condenou o "rito sumário" utilizado pelo Congresso paraguaio para destituir Lugo e chamou para consultas seu embaixador em Assunção, Eduardo dos Santos.
Além disso, o Brasil anunciou que avalia junto com os países do Mercosul e da Unasul medidas "necessárias" para fazer frente ao que qualificou de "ruptura da ordem democrático" no Paraguai.
Essas medidas deverão ser discutidas nas cúpulas que serão realizadas nesta semana pelos dois blocos na cidade argentina de Mendoza.