Mohammad Mustafá (à direita), no premier da Autoridade Nacional Palestina, ao lado de Mahmud Abbas, presidente da ANP (AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 14 de março de 2024 às 19h03.
Última atualização em 14 de março de 2024 às 19h05.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, nomeou nesta quinta-feira o economista Mohammad Mustafá para o cargo de primeiro-ministro, informou a agência oficial palestina Wafa. O anúncio ocorre após a renúncia, em 26 de fevereiro, do chefe de governo anterior, Mohammed Shtayyeh, em meio às expectativas sobre o futuro de Gaza após a guerra e a impopularidade na Cisjordânia.
Mustafá, de 69 anos, presidiu o Fundo de Investimentos para a Palestina (PIF), é conselheiro econômico de Abbas e ocupou altos cargos no Banco Mundial e em Washington por 15 anos. Ele estudou na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, e é membro independente do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina, pelo Fatah, partido de Abbas.
No fim de fevereiro, o então premier Mohammed Shtayyeh, que estava no poder desde 2019, apresentou o seu pedido de renúncia ao governo, alegando a necessidade de uma nova política, levando em conta "a nova realidade na Faixa de Gaza e a escalada na Cisjordânia e Jerusalém", considerando a "necessidade urgente de um consenso interpalestino". Abbas acatou o pedido, mas pediu que ele permanecesse no cargo até a formação do novo governo.
Depois de disputas fratricidas em junho de 2007, a liderança palestina se dividiu entre a Autoridade Palestina, de Abbas, que exerce um poder limitado na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, enquanto o grupo terrorista Hamas está no poder na Faixa de Gaza, devastada pela guerra.
Nos últimos meses, muitos palestinos têm criticado o presidente Abbas, de 88 anos, eleito pela última vez em 2005, por sua "impotência" frente aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza.
O papel da Autoridade Palestina no pós-guerra é uma grande dúvida, tendo em vista o seu poder influência limitado e a recusa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em aceitar um futuro Estado palestino.
Em fevereiro, lideranças do Hamas e do Fatah foram a Moscou negociar a nova formação da Autoridade Nacional Palestina diante a renúncia de Shtayyeh. Segundo o chanceler palestino, Riyad al-Maliki, a prioridade do novo governo é garantir a entrada de assistência humanitária aos palestinos e estudar como será a reconstrução de Gaza. Para isso, ele defendeu uma gestão "tecnocrata", sem a presença de lideranças do Hamas, pois isso afastaria o apoio da comunidade internacional.
— A primeira coisa é saber como salvar a situação, como salvar vidas inocentes de palestinos, como parar esta guerra sem sentido e como proteger o povo palestino. Por isso, acho que o Hamas deve entender isso e acho que apoiariam a ideia de estabelecer um governo tecnocrata — disse al-Maliki no encontro, em 28 de fevereiro. —Agora não é o momento para um governo do qual o Hamas faça parte porque será boicotado por vários países, como aconteceu antes. Não queremos estar em uma situação como esta. Queremos ser aceitos e nos comprometer plenamente com a comunidade internacional.