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É preciso muito mais para vencer Boko Haram, diz cúpula

O Conselho de Segurança da ONU expressou sua "preocupação" com os "vínculos entre o Boko Haram e o EI (Estado Islâmico)"

Boko Haram: Conselho de Segurança da ONU expressou preocupação com vínculos entre o grupo e o Estado Islâmico (Aminu Abubakar/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2016 às 19h57.

A presença do Boko Haram em torno do lago Chade retrocedeu, mas a comunidade internacional deve fazer muito mais, em termos de ajuda militar e de financiamento - concluíram neste sábado os participantes de uma cúpula internacional sobre Segurança realizada na Nigéria .

"A derrota (do grupo islamita) não passa unicamente por uma solução militar, mas também por uma ação governamental de desenvolvimento para erradicar as causas" da insurreição, de acordo com o comunicado final do evento.

Realizada em Abuja, a cúpula mostra a cooperação militar regional e o apoio internacional cada vez mais importantes na luta contra o Boko Haram.

Junto aos chefes de Estado dos países vizinhos da Nigéria (Benim, Camarões, Chade e Níger) também participam da cúpula o secretário de Estado adjunto americano, Antony Blinken, o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, assim como uma delegação da União Europeia e das comunidades econômicas da região (Cedeao e CEEAC).

Entre os convidados, também estava o presidente francês, François Hollande, único líder não africano presente, que se reuniu com seu homólogo nigeriano, Muhammadu Buhari.

"Os resultados são impressionantes" na luta contra Boko Haram, que "foi reduzido, obrigado a retroceder", mas esse "grupo terrorista continua sendo uma ameaça", alertou o presidente francês.

Em uma declaração unânime adotada na sexta-feira, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU expressaram sua "preocupação" com os "vínculos entre o Boko Haram e o EI ( Estado Islâmico )" e informaram que as "atividades do Boko Haram continuam comprometendo a paz e a estabilidade no oeste e no centro da África".

O Boko Haram expressou seu apoio ao grupo EI no ano passado, e extremistas nigerianos combatem na conturbada Líbia, ao mesmo tempo em que estabelecem alianças com grupos ligados à rede Al-Qaeda na região do Sahel.

Em sua declaração, o Conselho de Segurança da ONU advertiu que alguns ataques do Boko Haram "poderiam constituir crimes contra a humanidade e crimes de guerra".

O Conselho disse estar "extremamente preocupado com o alarmante alcance da crise humanitária (...) na região da bacia do lago Chade".

Resolver a crise humanitária

Dois anos depois da primeira cúpula em Paris, os temas centrais da reunião deste sábado são "o sucesso das operações militares" que estão sendo realizadas, assim como a "resolução rápida dessa crise humanitária".

Esse conflito já deixou mais de 20.000 mortos desde 2009 e mais de 2,6 milhões de deslocados.

Desde a chegada de Muhammadu Buhari ao poder, há um ano, o Exército multiplicou as vitórias militares contra o Boko Haram. O presidente anunciou, inclusive, que o grupo islamita estava "tecnicamente" derrotado.

Os atentados suicidas continuam, porém, e a selva de Sambisa, no nordeste do país, continua sendo um reduto repleto de rebeldes. Além disso, os fatores que contribuíram para a ascensão do Boko Haram - como pobreza, sentimento de discriminação das populações do norte de maioria muçulmana, entre outros - persistem como elementos de desestabilização da região.

Nesse sentido, a organização independente Internacional Crisis Group alertou, em um relatório divulgado agora em maio, contra as declarações de vitória demasiado prematuras.

O presidente Buhari defende a mobilização de uma força multinacional, que deveria ter sido realizada em julho do ano passado. Apoiada pela União Africana, essa força militar que inclui 8.500 militares procedentes da Nigéria e dos países fronteiriços, está entre os temas importantes abordados na cúpula.

Se essa força for criada, será necessária uma melhor coordenação entre os diferentes componentes nacionais, já que o Boko Haram atua na fronteira com Camarões, Níger e no lago Chade.

Nos governos anteriores, a Nigéria não contou com a cooperação militar internacional, devido às inúmeras acusações de corrupção e de violação dos direitos humanos de seu Exército.

Na semana passada, os Estados Unidos já anunciaram que poderiam vender uma dúzia de aviões militares ao país. A Grã-Bretanha, antiga metrópole na região, forma, por sua vez, unidades de forças especiais no nordeste da Nigéria.

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A presença do Boko Haram em torno do lago Chade retrocedeu, mas a comunidade internacional deve fazer muito mais, em termos de ajuda militar e de financiamento - concluíram neste sábado os participantes de uma cúpula internacional sobre Segurança realizada na Nigéria .

"A derrota (do grupo islamita) não passa unicamente por uma solução militar, mas também por uma ação governamental de desenvolvimento para erradicar as causas" da insurreição, de acordo com o comunicado final do evento.

Realizada em Abuja, a cúpula mostra a cooperação militar regional e o apoio internacional cada vez mais importantes na luta contra o Boko Haram.

Junto aos chefes de Estado dos países vizinhos da Nigéria (Benim, Camarões, Chade e Níger) também participam da cúpula o secretário de Estado adjunto americano, Antony Blinken, o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, assim como uma delegação da União Europeia e das comunidades econômicas da região (Cedeao e CEEAC).

Entre os convidados, também estava o presidente francês, François Hollande, único líder não africano presente, que se reuniu com seu homólogo nigeriano, Muhammadu Buhari.

"Os resultados são impressionantes" na luta contra Boko Haram, que "foi reduzido, obrigado a retroceder", mas esse "grupo terrorista continua sendo uma ameaça", alertou o presidente francês.

Em uma declaração unânime adotada na sexta-feira, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU expressaram sua "preocupação" com os "vínculos entre o Boko Haram e o EI ( Estado Islâmico )" e informaram que as "atividades do Boko Haram continuam comprometendo a paz e a estabilidade no oeste e no centro da África".

O Boko Haram expressou seu apoio ao grupo EI no ano passado, e extremistas nigerianos combatem na conturbada Líbia, ao mesmo tempo em que estabelecem alianças com grupos ligados à rede Al-Qaeda na região do Sahel.

Em sua declaração, o Conselho de Segurança da ONU advertiu que alguns ataques do Boko Haram "poderiam constituir crimes contra a humanidade e crimes de guerra".

O Conselho disse estar "extremamente preocupado com o alarmante alcance da crise humanitária (...) na região da bacia do lago Chade".

Resolver a crise humanitária

Dois anos depois da primeira cúpula em Paris, os temas centrais da reunião deste sábado são "o sucesso das operações militares" que estão sendo realizadas, assim como a "resolução rápida dessa crise humanitária".

Esse conflito já deixou mais de 20.000 mortos desde 2009 e mais de 2,6 milhões de deslocados.

Desde a chegada de Muhammadu Buhari ao poder, há um ano, o Exército multiplicou as vitórias militares contra o Boko Haram. O presidente anunciou, inclusive, que o grupo islamita estava "tecnicamente" derrotado.

Os atentados suicidas continuam, porém, e a selva de Sambisa, no nordeste do país, continua sendo um reduto repleto de rebeldes. Além disso, os fatores que contribuíram para a ascensão do Boko Haram - como pobreza, sentimento de discriminação das populações do norte de maioria muçulmana, entre outros - persistem como elementos de desestabilização da região.

Nesse sentido, a organização independente Internacional Crisis Group alertou, em um relatório divulgado agora em maio, contra as declarações de vitória demasiado prematuras.

O presidente Buhari defende a mobilização de uma força multinacional, que deveria ter sido realizada em julho do ano passado. Apoiada pela União Africana, essa força militar que inclui 8.500 militares procedentes da Nigéria e dos países fronteiriços, está entre os temas importantes abordados na cúpula.

Se essa força for criada, será necessária uma melhor coordenação entre os diferentes componentes nacionais, já que o Boko Haram atua na fronteira com Camarões, Níger e no lago Chade.

Nos governos anteriores, a Nigéria não contou com a cooperação militar internacional, devido às inúmeras acusações de corrupção e de violação dos direitos humanos de seu Exército.

Na semana passada, os Estados Unidos já anunciaram que poderiam vender uma dúzia de aviões militares ao país. A Grã-Bretanha, antiga metrópole na região, forma, por sua vez, unidades de forças especiais no nordeste da Nigéria.

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