Dirigentes voltam aos antigos costumes na África
Os avanços na governança na África estão paralisados desde 2008
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 20h13.
Quando o então presidente Bill Clinton visitou a África em 1998, elogiou “uma nova geração de líderes” como campeões do início de um “Renascimento Africano”.
Yoweri Museveni, de Uganda, era um deles: dois anos antes, ele tinha sido eleito presidente depois de uma década de governo militar.
Museveni está novamente disputando a presidência – com a idade de 71, depois de abolir os limites constitucionais sobre mandatos presidenciais.
Ele se refere às reservas de petróleo da nação do leste africano como suas, tem um feriado para marcar quando tomou o poder em um golpe há 30 anos e o mais provável é que ganhe facilmente um quinto mandato nas eleições de 18 de fevereiro.
Nos últimos meses, os líderes em Ruanda, a República do Congo e Djibouti, todos à frente de seus países por muito tempo, também demonstraram a vontade de continuar no poder. Todos são favoritos em reeleições garantidas este ano ou no próximo.
O presidente do Burundi Pierre Nkurunziza ganhou um terceiro mandato no ano passado, estimulando a violência que já matou mais de 440 pessoas.
Isso levou outro presidente dos Estados Unidos a enviar uma mensagem muito mais dura.
“Quando um líder tenta mudar as regras no meio do jogo apenas para permanecer no cargo, gera instabilidade e conflito, como vimos no Burundi”, disse Barack Obama em uma cúpula da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia, em julho de 2015.
“E às vezes você ouve um líder dizendo: ‘Bem, sou a única pessoa que pode manter a nação unida.’ Se isso for verdade, então este líder não foi capaz de realmente construir sua nação”.
Ele não estava falando apenas do Burundi. Quinze líderes dos 48 países africanos que mantêm eleições regulares cumpriram mais de dois mandatos ou têm essa intenção.
Os avanços na governança na África estão paralisados desde 2008, após nove anos de progresso, de acordo com um estudo divulgado em outubro por uma fundação iniciada pelo bilionário sudanês Mo Ibrahim. Os padrões caíram em 21 países entre 2011 e 2014, afirma ele.
John Akokpari, professor de relações internacionais na Universidade de Cidade do Cabo, disse que o aumento do interesse da China no continente diminuiu a pressão para seguir as regras democráticas porque os líderes podem conseguir investimento e financiamento.
“Os países não sentem que podem ser punidos e que vão perder algo substancial”, disse ele. “Essa euforia inicial de abraçar a democracia na década de 1990 está diminuindo”.
A agitação política está se unindo à pressão econômica num continente que se recupera da queda dos preços das commodities. O investimento direto estrangeiro na África caiu 31 por cento para US$ 38 bilhões no ano passado, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Um ambiente político instável foi considerado o maior impedimento ao investimento por 501 executivos ouvidos na Pesquisa sobre Atratividade da África 2015 feita pela empresa de contabilidade EY.
“Sinal de alerta”
“Alguns países centrais parecem estar vacilando”, disse Ibrahim, no lançamento do relatório sobre governança no ano passado. “Isto é um sinal de alerta para todos nós”.
Os partidos de oposição em Uganda, que realizaram protestos contra a liderança de Museveni, queixam-se de assédio e abuso dos recursos do Estado, alegações negadas por Museveni.
A votação pode não ter credibilidade, porque grupos de direitos civis e os meios de comunicação foram perseguidos, afirmou a Human Rights Watch, com sede em Nova York, em um relatório de 10 de janeiro.
Houve poucos sinais de dissidência na vizinha Ruanda, onde mais de 98 por cento das pessoas que votaram em um referendo no ano passado apoiaram uma emenda constitucional para estender os limites de mandato. Isso vai permitir que o presidente Paul Kagame, de 58 anos, tente um terceiro mandato no próximo ano.
Limites de mandato
Ruanda continua a ser um dos lugares favoritos dos investidores.
A economia cresceu uma média de 7,6 por cento ao ano desde que Kagame assumiu o cargo em 2000, depois de liderar um exército rebelde que acabou com o genocídio de 1994. Está entre os lugares mais fáceis para fazer negócios na África, segundo o Banco Mundial.
A conexão entre líderes há anos nos cargos e a capacidade de um país para crescer e atrair investimentos pode depender do indivíduo em questão, disse Aubrey Hruby, fundador da Africa Expert Network.
Seus membros fornecem conselhos sobre como fazer negócios no continente.
Rankings de corrupção
Muitos líderes africanos arraigados têm um registro pobre de combate à corrupção e de promoção do desenvolvimento e dos direitos civis.
Uganda se classificou em 139º de 168 países no Índice de Percepções da Corrupção 2015 índice de Transparência Internacional. Angola ficou em 163, enquanto o Zimbabwe e Burundi foram ambos classificados em 150. Ruanda foi a exceção, ocupando o 44º lugar.
Quando o então presidente Bill Clinton visitou a África em 1998, elogiou “uma nova geração de líderes” como campeões do início de um “Renascimento Africano”.
Yoweri Museveni, de Uganda, era um deles: dois anos antes, ele tinha sido eleito presidente depois de uma década de governo militar.
Museveni está novamente disputando a presidência – com a idade de 71, depois de abolir os limites constitucionais sobre mandatos presidenciais.
Ele se refere às reservas de petróleo da nação do leste africano como suas, tem um feriado para marcar quando tomou o poder em um golpe há 30 anos e o mais provável é que ganhe facilmente um quinto mandato nas eleições de 18 de fevereiro.
Nos últimos meses, os líderes em Ruanda, a República do Congo e Djibouti, todos à frente de seus países por muito tempo, também demonstraram a vontade de continuar no poder. Todos são favoritos em reeleições garantidas este ano ou no próximo.
O presidente do Burundi Pierre Nkurunziza ganhou um terceiro mandato no ano passado, estimulando a violência que já matou mais de 440 pessoas.
Isso levou outro presidente dos Estados Unidos a enviar uma mensagem muito mais dura.
“Quando um líder tenta mudar as regras no meio do jogo apenas para permanecer no cargo, gera instabilidade e conflito, como vimos no Burundi”, disse Barack Obama em uma cúpula da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia, em julho de 2015.
“E às vezes você ouve um líder dizendo: ‘Bem, sou a única pessoa que pode manter a nação unida.’ Se isso for verdade, então este líder não foi capaz de realmente construir sua nação”.
Ele não estava falando apenas do Burundi. Quinze líderes dos 48 países africanos que mantêm eleições regulares cumpriram mais de dois mandatos ou têm essa intenção.
Os avanços na governança na África estão paralisados desde 2008, após nove anos de progresso, de acordo com um estudo divulgado em outubro por uma fundação iniciada pelo bilionário sudanês Mo Ibrahim. Os padrões caíram em 21 países entre 2011 e 2014, afirma ele.
John Akokpari, professor de relações internacionais na Universidade de Cidade do Cabo, disse que o aumento do interesse da China no continente diminuiu a pressão para seguir as regras democráticas porque os líderes podem conseguir investimento e financiamento.
“Os países não sentem que podem ser punidos e que vão perder algo substancial”, disse ele. “Essa euforia inicial de abraçar a democracia na década de 1990 está diminuindo”.
A agitação política está se unindo à pressão econômica num continente que se recupera da queda dos preços das commodities. O investimento direto estrangeiro na África caiu 31 por cento para US$ 38 bilhões no ano passado, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Um ambiente político instável foi considerado o maior impedimento ao investimento por 501 executivos ouvidos na Pesquisa sobre Atratividade da África 2015 feita pela empresa de contabilidade EY.
“Sinal de alerta”
“Alguns países centrais parecem estar vacilando”, disse Ibrahim, no lançamento do relatório sobre governança no ano passado. “Isto é um sinal de alerta para todos nós”.
Os partidos de oposição em Uganda, que realizaram protestos contra a liderança de Museveni, queixam-se de assédio e abuso dos recursos do Estado, alegações negadas por Museveni.
A votação pode não ter credibilidade, porque grupos de direitos civis e os meios de comunicação foram perseguidos, afirmou a Human Rights Watch, com sede em Nova York, em um relatório de 10 de janeiro.
Houve poucos sinais de dissidência na vizinha Ruanda, onde mais de 98 por cento das pessoas que votaram em um referendo no ano passado apoiaram uma emenda constitucional para estender os limites de mandato. Isso vai permitir que o presidente Paul Kagame, de 58 anos, tente um terceiro mandato no próximo ano.
Limites de mandato
Ruanda continua a ser um dos lugares favoritos dos investidores.
A economia cresceu uma média de 7,6 por cento ao ano desde que Kagame assumiu o cargo em 2000, depois de liderar um exército rebelde que acabou com o genocídio de 1994. Está entre os lugares mais fáceis para fazer negócios na África, segundo o Banco Mundial.
A conexão entre líderes há anos nos cargos e a capacidade de um país para crescer e atrair investimentos pode depender do indivíduo em questão, disse Aubrey Hruby, fundador da Africa Expert Network.
Seus membros fornecem conselhos sobre como fazer negócios no continente.
Rankings de corrupção
Muitos líderes africanos arraigados têm um registro pobre de combate à corrupção e de promoção do desenvolvimento e dos direitos civis.
Uganda se classificou em 139º de 168 países no Índice de Percepções da Corrupção 2015 índice de Transparência Internacional. Angola ficou em 163, enquanto o Zimbabwe e Burundi foram ambos classificados em 150. Ruanda foi a exceção, ocupando o 44º lugar.