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Diques, esponjas, prédios flutuantes: 5 cidades pelo mundo com lições na proteção contra enchentes

A tragédia do Rio Grande do Sul demanda que Porto Alegre e outras cidades brasileiras invistam em sistemas avançados contra o avanço das águas

Cidade de Roterdã, na Holanda (Manfred Gottschalk/Getty Images)
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 13 de maio de 2024 às 15h51.

Última atualização em 13 de maio de 2024 às 16h25.

A tragédia das inundações no Rio Grande do Sul deixa inúmeras perguntas em aberto, e uma certeza: vai ser preciso investir, e investir pesado, em sistemas contra o avanço das águas no futuro. A frequência de eventos climáticos extremos faz com que sistemas com comportas, diques e bombas d'água passem a fazer parte do planejamento urbano assim como transporte público e coleta de lixo.

O complicômetro da equação, como mostrou Porto Alegre , é que não basta construir, é preciso investir em manutenção e em modernização. A capital gaúcha, afinal, tem um sistema para conter cheias do Lago Guaíba construído nos anos 1970, que conta com muros de 2,6 km de extensão, além de diques e casas de bomba para drenar grandes volumes de água. Mas a falta de investimento, que chegou a zero em 2023, levou a um fracasso do sistema quando ele mais foi necessário.

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A seguir, listamos cinco cidades mundo afora que construíram barreiras contra enchentes com as mais variadas soluções. As estratégias podem ser simples ou supertecnológicas, mas em comum precisam de manutenção e cuidado. São soluções de engenharia possíveis em 2024 contra um problema que tende a se agravar mais e mais no futuro. A boa notícia: há cidades em países em desenvolvimento. A má: nenhuma está no Brasil.

1- Roterdã, na Holanda

Os holandeses costumam dizer que Deus fez a Terra, mas a Holanda foi construída pelos holandeses mesmo. Isso porque algumas das grandes cidades do país, como Roterdã, estão abaixo do nível do mar. A cidade tem um sistema especial para receber navios no maior porto da Europa e ainda assim estar protegida contra maré alta. No total, o país tem 17,5 mil quilômetros de diques e lagos que represam a água do mar. Em 1953, uma tempestade em maré alta rompeu diques e matou mais de 1,8 mil pessoas, levando o país a reforçar ainda mais o sistema nas décadas seguinte.

2- Veneza

A cidade conhecida por seus canais convive com inundações cada vez mais frequentes — já são mais de 60 por ano, quatro vezes a mais que há 40 anos. Em 2021, Veneza inaugurou um sistema com diques submergíveis que são erguidos em marés excepcionalmente altas. Cada um deles pesa 300 toneladas e tem como objetivo separar temporariamente a Lagoa de Veneza do Mar Adriático. A expectativa é que o sistema esteja em operação definitiva em 2025. Ambientalistas alertam que o bloqueio artificial na troca entre água doce e salgada prejudica o ecossistema local.

3- Nova York

A maior cidade americana fica na confluência do Rio Hudson com o Oceano Atlântico, e sofre com crescente frequência quando fortes chuvas e maré alta se combinam. Nos últimos anos, tem investido bilhões de dólares em grandes jardins alagáveis com plantas com grande capacidade de absorção de água, um conceito conhecido como “cidades esponja”. Na China, onde grandes cidades ocupam planícies alagáveis, o termo vem sendo inspiração para uma renovação urbana nos últimos anos em metrópoles como Jinhua.

4- Tóquio

A capital japonesa tem um sistema de 6,3 quilômetros de túneis e câmaras subterrâneos que desembocam numa enorme estrutura conhecida como "catedral", com pilastras com 500 toneladas. Começaram a ser construídas após uma tempestade em 1947 que destruiu mais de 30 mil casas e matou mais de mil pessoas. A versão final foi entregue em 2006. É uma proteção essencial para uma cidade localizada na confluência de dezenas de rios e exposta a furações e maré alta.

5- Singapura

Como uma cidade-estado rica e cercada por água, Singapura tem vários tipos de proteção contra inundações, como barreiras marítimas, sistemas de drenagem, reservatório e treinamento cívico para abandono rápido de áreas ameaçadas. Mas um projeto futurista batizado de Green Float serve de inspiração para um futuro mais, digamos, distópico. A ideia é construir um enorme condomínio para 50 mil pessoas que flutue na superfície e seja autossuficiente em comida e energia. E que, claro, possa se adaptar ao avanço do nível dos oceanos.

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