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“Desonesto e covarde”: NYT critica Trump por separação de pais e filhos

Ao menos 2 mil crianças foram separadas de seus pais ao tentar entrar no país. Para NYT, ação de Trump é tentativa "grotesca" de chantagem

Centro de Detenção de Imigrantes no Texas, Estados Unidos: ao menos 2 mil crianças foram separadas de seus pais na tentativa de cruzar a fronteira entre EUA e México (Courtesy CBP/Handout/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 19 de junho de 2018 às 12h36.

Última atualização em 19 de junho de 2018 às 12h44.

São Paulo – A atitude do presidente americano, Donald Trump, de tentar culpa os Democratas pela política “tolerância zero” para imigrantes na fronteira dos Estados Unidos com o México, e que resultou na separação forçada de famílias e o aprisionamento de menores de idade, é “desonesta e covarde”.

A dura crítica foi feita pelo consagrado jornal The New York Times, que dedicou um editorial ao tema intitulado “Quando foi que aprisionar crianças se tornou a arte da negociação? ”. “Ver o presidente tentar culpar os democratas pela prática desumana da sua administração de arrancar crianças de seus pais evoca nada mais que um marido abusivo culpando sua esposa pelos espancamentos”, comparou o jornal.

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O jornal lembra que a “culpa” pela aplicação da política que abriu margem para a prática que está sendo duramente criticada mundo afora, não é de ninguém a não ser a administração Trump.

“Obama e George W. Bush começaram esforços para cortar o fluxo migratório na fronteira, mas nenhum deles foi tão longe a ponto de perseguir uma política que poderia causar a destruição em massa de famílias. Tampouco o Congresso passou qualquer lei que pudesse justificar essa ação”, notou o jornal, “este toque de maldade pertence inteiramente a Trump - ele escolheu atormentar as famílias sem documentos”, pontuou.

Segundo o NYT, Trump pode usar essa situação para conseguir aprovar um dos dois projetos de reforma do sistema de imigração dos EUA que, em última instância, preveem a construção do famigerado muro entre o país e o México. Uma delas, inclusive, prevê a não separação das famílias ao permitir que as crianças fiquem presas com os pais. “Isso é o que é considerado progresso no clima atual”, lamenta a publicação.

“Se os políticos republicanos têm algum senso de autopreservação, ou decência, irão se recusar a engajar com Trump enquanto ele estiver tentando uma chantagem política tão grotesca”, finaliza a publicação.

“Tolerância zero”

A política de “tolerância zero” contra imigrantes começou a ser aplicada na fronteira dos EUA com o México há pouco mais de seis semanas, depois de o procurador-geral, Jeff Sessions, ter repassado a ordem ao Departamento de Segurança Nacional.

Desde então, ao menos 2 mil crianças foram separadas de seus pais. Elas são levadas para armazéns no Texas que fazem as vezes de centros de detenção, dormindo em gaiolas e se cobrindo com pedaços de papel, enquanto seus pais são presos por “entrada ilegal”.

O governo Trump vem sendo criticado por todos os lados. A ONU e a Unicef vêm denunciando a prática, que chamam de desumana, e entidades médicas alertam para os “danos irreparáveis” que a separação forçada pode ter sob as crianças.

A situação está tão grave para Trump que grupos religiosos que ajudaram e eleger o republicano chamaram a ação de “desumana” e até mesmo a primeira-dama, Melania Trump, tentou se distanciar das ações do marido ao emitir um comunicado em que pedia que os EUA “governassem com o coração”.

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