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Depois de Ben Ali e Mubarak, Kadafi cai, mas pelas armas

A morte em circunstâncias nebulosas do coronel Kadafi, e a tomada de Sirte, colocam um ponto final em 42 anos de um reino não compartilhado na Líbia

O CNT anunciou que Kadhafi está muito ferido, mas ainda está respirando (Mahmud Turkia/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 22h52.

Paris - Os ocidentais, que ficaram sem ação no começo da Primavera Árabe, na Tunísia e no Egito, realizaram com sucesso a tarefa de derrubar na Líbia Muamar Kadafi , graças a uma capacidade de ação militar mostrada também na eliminação de Osama Bin Laden.

A morte, em circunstâncias nebulosas, do coronel Kadafi, e a tomada de Sirte, seu último bastião, colocam um ponto final em 42 anos de um reino não compartilhado na Líbia, após oito meses de rebelião popular.

"Para a região, os acontecimentos voltam a provar que os regimes ditatoriais acabam desaparecendo. Em todo o mundo árabe, as pessoas se rebelaram para reivindicar seus direitos. Os jovens rejeitam com firmeza a ditadura", afirmou o presidente americano, Barack Obama.

A atitude do Ocidente durante a queda de Kadafi, "inimigo público número um" nas décadas de 1980-90, e que se tornou um parceiro valorizado frente aos islamitas e contra a imigração ilegal, contrasta com a observada meses antes em dois países vizinhos: Tunísia e Egito.

Regimes duros, corrupção em massa, eleições fraudulentas: a Líbia tinha muita semelhança com Egito e Tunísia. Mas a comunidade internacional, liderada pela França, não quis abandonar o tunisiano Zine El Abidine Ben Ali até a sua derrubada, em 14 de janeiro, após 23 anos de poder autoritário, na Revolução de Jasmim.


No Egito, os ocidentais reviram sua estratégia, privando de seu apoio Hosni Mubarak, considerado por muito tempo pelas lideranças do Norte um dirigente respeitável. Mas Mubarak caiu isolado em 11 de fevereiro, após 29 anos no poder.

Até então, europeus e americanos eram espectadores dos acontecimentos, que não haviam previsto. A crise líbia e o uso da força militar representaram uma mudança, conduzida por França e Grã-Bretanha.

Em 19 de março, aviões ocidentais bombardearam as forças líbias que pretendiam atacar Benghazi, epicentro da revolta, aplicando uma resolução das Nações Unidas para proteger a população civil. Os ataques aéreos acompanharam, posteriormente, o avanço das forças rebeldes, até a morte de Kadafi, cuja saída do poder tornou-se rapidamente um objetivo da guerra para os ocidentais.

Em declínio no campo econômico, europeus e americanos mantiveram a supremacia militar graças à Otan, que, desde a queda da União Soviética, ninguém pode questionar. Possuem uma capacidade de ação considerável no mundo, mas sem êxito garantido, como se vê no Afeganistão. A morte do líder emblemático da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, abatido em maio por um comando americano no Paquistão, tornou possível salvar as aparências.

Na Costa do Marfim, a França, apoiada por um mandato da ONU, interveio militarmente para tirar o poder autoritário de Laurent Gbagbo. Tentava-se, então, tornar possível que seu rival, Alassane Ouattara, reconhecido como presidente legítimo do país pela comunidade internacional, chegasse ao poder.

"Fomos criticados por nossa demora em agir quando foram declaradas as manifestações da Primavera Árabe. Isso acabou. Nossa linha (na Líbia), que prevaleceu na Costa do Marfim, é privilegiar os desejos do povo e a proteção da população civil", disse, no fim de agosto, o chanceler francês, Alain Juppé.

Uma linha que as obrigações da realpolitik às vezes torna difícil colocar em prática, como no Bahrein, onde o regime reprimiu entre fevereiro e março as manifestações populares incentivadas pelos xiitas, maioria no país.

O voluntarismo ocidental também encontra limites na Síria, onde Bashar al-Assad enfrenta desde 15 de março uma revolta popular, reprimida com sangue, que já deixou 3 mil mortos.

Russos e chineses se opõem a qualquer ação da ONU, principalmente à aplicação de sanções internacionais.

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Paris - Os ocidentais, que ficaram sem ação no começo da Primavera Árabe, na Tunísia e no Egito, realizaram com sucesso a tarefa de derrubar na Líbia Muamar Kadafi , graças a uma capacidade de ação militar mostrada também na eliminação de Osama Bin Laden.

A morte, em circunstâncias nebulosas, do coronel Kadafi, e a tomada de Sirte, seu último bastião, colocam um ponto final em 42 anos de um reino não compartilhado na Líbia, após oito meses de rebelião popular.

"Para a região, os acontecimentos voltam a provar que os regimes ditatoriais acabam desaparecendo. Em todo o mundo árabe, as pessoas se rebelaram para reivindicar seus direitos. Os jovens rejeitam com firmeza a ditadura", afirmou o presidente americano, Barack Obama.

A atitude do Ocidente durante a queda de Kadafi, "inimigo público número um" nas décadas de 1980-90, e que se tornou um parceiro valorizado frente aos islamitas e contra a imigração ilegal, contrasta com a observada meses antes em dois países vizinhos: Tunísia e Egito.

Regimes duros, corrupção em massa, eleições fraudulentas: a Líbia tinha muita semelhança com Egito e Tunísia. Mas a comunidade internacional, liderada pela França, não quis abandonar o tunisiano Zine El Abidine Ben Ali até a sua derrubada, em 14 de janeiro, após 23 anos de poder autoritário, na Revolução de Jasmim.


No Egito, os ocidentais reviram sua estratégia, privando de seu apoio Hosni Mubarak, considerado por muito tempo pelas lideranças do Norte um dirigente respeitável. Mas Mubarak caiu isolado em 11 de fevereiro, após 29 anos no poder.

Até então, europeus e americanos eram espectadores dos acontecimentos, que não haviam previsto. A crise líbia e o uso da força militar representaram uma mudança, conduzida por França e Grã-Bretanha.

Em 19 de março, aviões ocidentais bombardearam as forças líbias que pretendiam atacar Benghazi, epicentro da revolta, aplicando uma resolução das Nações Unidas para proteger a população civil. Os ataques aéreos acompanharam, posteriormente, o avanço das forças rebeldes, até a morte de Kadafi, cuja saída do poder tornou-se rapidamente um objetivo da guerra para os ocidentais.

Em declínio no campo econômico, europeus e americanos mantiveram a supremacia militar graças à Otan, que, desde a queda da União Soviética, ninguém pode questionar. Possuem uma capacidade de ação considerável no mundo, mas sem êxito garantido, como se vê no Afeganistão. A morte do líder emblemático da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, abatido em maio por um comando americano no Paquistão, tornou possível salvar as aparências.

Na Costa do Marfim, a França, apoiada por um mandato da ONU, interveio militarmente para tirar o poder autoritário de Laurent Gbagbo. Tentava-se, então, tornar possível que seu rival, Alassane Ouattara, reconhecido como presidente legítimo do país pela comunidade internacional, chegasse ao poder.

"Fomos criticados por nossa demora em agir quando foram declaradas as manifestações da Primavera Árabe. Isso acabou. Nossa linha (na Líbia), que prevaleceu na Costa do Marfim, é privilegiar os desejos do povo e a proteção da população civil", disse, no fim de agosto, o chanceler francês, Alain Juppé.

Uma linha que as obrigações da realpolitik às vezes torna difícil colocar em prática, como no Bahrein, onde o regime reprimiu entre fevereiro e março as manifestações populares incentivadas pelos xiitas, maioria no país.

O voluntarismo ocidental também encontra limites na Síria, onde Bashar al-Assad enfrenta desde 15 de março uma revolta popular, reprimida com sangue, que já deixou 3 mil mortos.

Russos e chineses se opõem a qualquer ação da ONU, principalmente à aplicação de sanções internacionais.

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