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Demora na apuração dos EUA é a 2ª mais longa desde a década de 1960

Apuração só perde para a eleição de 2000, que demorou 36 dias para ter um resultado final

Estados Unidos: país enfrenta demora com voto em papel (OSCE/Divulgação)
KS

Karina Souza

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 20h32.

Última atualização em 6 de novembro de 2020 às 21h13.

As eleições dos Estados Unidos em 2020 certamente vão ficar para a história. Além do número recorde de votos e das declarações infundadas de Donald Trump, a demora na apuração — que já dura mais de três dias e parece não acabar tão cedo — também é um fator que será lembrado por todos. Mas afinal, é a primeira vez que o país passa por isso? Um levantamento feito pela consultoria alemã Statista mostra que não.

De acordo com as informações compiladas, essa é a segunda apuração mais longa que o país enfrenta desde a década de 1960.  A primeira vez em que o país não teve um discurso de concessão do candidato perdedor no dia seguinte à eleição foi em 2000. Na época, a apuração demorou 36 dias para ser finalizada — vale lembrar que Al Gore chegou a admitir a derrota no dia seguinte às eleições, mas depois contestou os resultados.

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E por que eles não adotam aurna eletrônica?

O sistema eleitoral americano é extremamente complexo. No país, não há um órgão único responsável por eleições — como o Tribunal Superior Eleitoral, no Brasil. Por isso, cada estado pode estabelecer de forma livre a forma como quer apurar os votos.

Há quem já tenha saído do formato "100% papel" para migrar para algo eletrônico? Sim, mas isso não torna a apuração mais fácil. A Flórida, por exemplo, tem seis tipos diferentes de votação eletrônica — e, é claro, com seis formas diferentes de realizar a contagem de votos.

Isso pode levantar desconfianças sobre o porquê de o Brasil usar a urna eletrônica — e se ela, de fato, é segura. E a resposta é: sim, a urna é segura. Atualmente, 46 países utilizam esse método, e, destes, pelo menos 26 fazem uso dele em eleições nacionais, de acordo com dados do Institute for Democracy and Electoral Assistance.

No Brasil, osecretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, lembra que as urnas são empregadas como meio técnico de coleta de votos desde a disputa municipal de 1996. Ele conta que a iniciativa veio em resposta ao que chamou de "limites a falhas da coleta e apuração humanas". No processo até então, pessoas votavam em cédulas de papel, que eram colocadas em grandes sacos e depois eram retiradas para o escrutínio.

Tanto o voto em papel quanto o comprovante em papel foram julgados inconstitucionais — em 2013 e 2015, respectivamente —, uma vez que poderiam colaborar para furar o sigilo do voto, já que cada pessoa receberia um papel único, vinculado à sua própria assinatura digital, tornando mais fácil de "rastrear" o voto realizado.

E afinal, como é possível garantir a segurança da urna eletrônica no Brasil?

De acordo com informações do TSE à Agência Brasil, o processo de avaliação das urnas até a apuração funciona da seguinte forma: o TSE desenvolve toda a tecnologia empregada na urnas e, seis meses antes de cada eleição, o sistema é aberto para que mais de 15 instituições, como partidos políticos, Ministério Público, Polícia Federal, universidades e entidades de classe, se habilitem para verificar os programas que serão adotados.

Após este período, os programas são "lacrados" por meio de um código matemático. A partir dele, o TSE faz um conjunto de assinaturas a ser distribuídas para vários órgãos envolvidos na eleição: "Chefe da unidade, coordenador, secretário de Tecnologia e autoridades como o presidente do TSE, PGR [ Procuradoria-Geral da União ], presidente da OAB [ Ordem dos Advogados do Brasil ], que fazem a última camada de assinaturas”, explica Janino à Agência Brasil.

Ainda de acordo com as informações do veículo, uma cópia fica no cofre do tribunal como alternativa para verificação. No momento em que o software é instalado nas urnas, os equipamentos leem o código programado e conferem as assinaturas. Isso garante integridade e impede que pessoas possam fraudar urnas ao roubá-las, por exemplo.

No Brasil, a companhia responsável por fornecer as urnas em território nacional neste ano será a Positivo. É a primeira vez que a empresa vence uma licitação desse tipo e, ao todo, deve entregar 180.000 urnas ao TSE.A curitibana fez uma proposta comercial de entregar essa quantidade de urnas eletrônicas por 799.997.366,01 reais.

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