Davos continua preocupado com a crise econômica na Europa
Presidente da petroleira Total, Christophe de Margerie, pediu revisão profunda da economia europeia que cresce pouco e que mantém um nível alto de desemprego
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 19h31.
Desafiando os anúncios de recuperação na Europa, empresários e economistas reunidos em Davos se mostraram céticos nesta quarta-feira e alertaram que o crescimento sólido e o emprego não são fáceis de alcançar.
Nas edições anteriores do Fórum Econômico Mundial em Davos, a crise da zona do euro ocupou um grande espaço, pelos grandes temores que gerava. Não é o caso desta edição 2014, embora os atores econômicos não sejam exatamente otimistas.
O presidente da petroleira francesa Total, Christophe de Margerie, lançou o debate afirmando sem rodeios que a "Europa deveria ser considerada como um país emergente".
Margerie pediu uma revisão profunda da economia europeia que cresce pouco (o FMI espera 1% este ano) e que mantém um nível alto de desemprego (12,1% em novembro), que entre os jovens de países como a Espanha e Grécia dispara acima de 50%.
Com uma inflação baixa (0,8% em dezembro), também há o risco de deflação, uma queda prolongada dos preços muito prejudicial porque leva os consumidores a adiar suas compras e às empresas a reduzir suas expectativas e investimentos.
O presidente da Total defendeu também marcar a diferença desenvolvendo novas competências, ao invés de rivalizar com os países emergentes que fabricam os mesmos produtos a um custo menor.
"Francamente, precisamos de um novomotor. Deixemos de pensar que podemos avançar a partir de coisas que não podem ser fonte de desenvolvimento ou de crescimento para nossos países", declarou o presidente da Total.
"As coisas parecem melhor do que são realmente, mas a Europa não está de volta", julgou em outro fórum Axel Weber, presidente do conselho de administração do banco suíço UBS e ex-presidente do banco central alemão.
Desemprego entre os jovens é preocupante
Especialistas como o economista Kenneth Rogoff, de Harvard, destacaram a necessidade de continuar reduzindo o endividamento, flexibilizar o mercado de trabalho e combater o desemprego entre os jovens.
"A Europa é uma região que não cuida de seu futuro", disse Rogoff, que teme que o Velho Continente perca toda uma geração se persistir o nível de desemprego tão alto entre os jovens.
O presidente da petroleira italiana ENI, Giuseppe Recchi, afirmou que hoje em dia na Itália não "é difícil contratar uma pessoa de 30 anos que não tem experiência profissional".
A solução, segundo os participantes do fórum, está em reformar o mercado de trabalho.
"Perguntamos a 80 de nossos clientes quais são os pontos indispensáveis para seu crescimento na Europa. A resposta foi a rigidez do mercado de trabalho", declarou o presidente do grupo publicitário britânico WPP, Martin Sorrell.
Respondendo a afirmação de Margerie de que a Europa deveria ser vista como um país "emergente", o economista em chefe da consultoria internacional IHS, Nariman Behravesh, disse que "em termos de desenvolvimento, tecnologia ou níveis do PIB per capita, a Europa continua sendo uma área muito rica".
Behravesh afirmou que o desemprego entre os jovens "é provavelmente o maior desafio da Europa neste momento".
"É um problema econômico, mas também político, porque a última coisa que qualquer país quer é ter um monte de gente jovem sem trabalho; é uma situação muito perigosa", com um risco de revolta social em países como Espanha, Itália ou Grécia, acrescentou o analista.
Presente em Davos, o secretário geral do sindicato IndustriALL, Jyrki Raina, alertou sobre uma ruptura do Estado.
"Seria muito perigoso destruir os modelos sociais europeus, a menos que se queira continuar no caminho de Bangladesh ou Camboja", onde há numerosas fábricas com condições de trabalho duríssimas, disse à AFP.
Ao invés disso, o líder sindicalista pediu para "reparar o contrato social que a crise destruiu".
Desafiando os anúncios de recuperação na Europa, empresários e economistas reunidos em Davos se mostraram céticos nesta quarta-feira e alertaram que o crescimento sólido e o emprego não são fáceis de alcançar.
Nas edições anteriores do Fórum Econômico Mundial em Davos, a crise da zona do euro ocupou um grande espaço, pelos grandes temores que gerava. Não é o caso desta edição 2014, embora os atores econômicos não sejam exatamente otimistas.
O presidente da petroleira francesa Total, Christophe de Margerie, lançou o debate afirmando sem rodeios que a "Europa deveria ser considerada como um país emergente".
Margerie pediu uma revisão profunda da economia europeia que cresce pouco (o FMI espera 1% este ano) e que mantém um nível alto de desemprego (12,1% em novembro), que entre os jovens de países como a Espanha e Grécia dispara acima de 50%.
Com uma inflação baixa (0,8% em dezembro), também há o risco de deflação, uma queda prolongada dos preços muito prejudicial porque leva os consumidores a adiar suas compras e às empresas a reduzir suas expectativas e investimentos.
O presidente da Total defendeu também marcar a diferença desenvolvendo novas competências, ao invés de rivalizar com os países emergentes que fabricam os mesmos produtos a um custo menor.
"Francamente, precisamos de um novomotor. Deixemos de pensar que podemos avançar a partir de coisas que não podem ser fonte de desenvolvimento ou de crescimento para nossos países", declarou o presidente da Total.
"As coisas parecem melhor do que são realmente, mas a Europa não está de volta", julgou em outro fórum Axel Weber, presidente do conselho de administração do banco suíço UBS e ex-presidente do banco central alemão.
Desemprego entre os jovens é preocupante
Especialistas como o economista Kenneth Rogoff, de Harvard, destacaram a necessidade de continuar reduzindo o endividamento, flexibilizar o mercado de trabalho e combater o desemprego entre os jovens.
"A Europa é uma região que não cuida de seu futuro", disse Rogoff, que teme que o Velho Continente perca toda uma geração se persistir o nível de desemprego tão alto entre os jovens.
O presidente da petroleira italiana ENI, Giuseppe Recchi, afirmou que hoje em dia na Itália não "é difícil contratar uma pessoa de 30 anos que não tem experiência profissional".
A solução, segundo os participantes do fórum, está em reformar o mercado de trabalho.
"Perguntamos a 80 de nossos clientes quais são os pontos indispensáveis para seu crescimento na Europa. A resposta foi a rigidez do mercado de trabalho", declarou o presidente do grupo publicitário britânico WPP, Martin Sorrell.
Respondendo a afirmação de Margerie de que a Europa deveria ser vista como um país "emergente", o economista em chefe da consultoria internacional IHS, Nariman Behravesh, disse que "em termos de desenvolvimento, tecnologia ou níveis do PIB per capita, a Europa continua sendo uma área muito rica".
Behravesh afirmou que o desemprego entre os jovens "é provavelmente o maior desafio da Europa neste momento".
"É um problema econômico, mas também político, porque a última coisa que qualquer país quer é ter um monte de gente jovem sem trabalho; é uma situação muito perigosa", com um risco de revolta social em países como Espanha, Itália ou Grécia, acrescentou o analista.
Presente em Davos, o secretário geral do sindicato IndustriALL, Jyrki Raina, alertou sobre uma ruptura do Estado.
"Seria muito perigoso destruir os modelos sociais europeus, a menos que se queira continuar no caminho de Bangladesh ou Camboja", onde há numerosas fábricas com condições de trabalho duríssimas, disse à AFP.
Ao invés disso, o líder sindicalista pediu para "reparar o contrato social que a crise destruiu".