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Da guerrilha ao turismo: ex-rebeldes das Farc se tornam guias de rafting

Aproximadamente 13 mil ex-combatentes e simpatizantes estão participando de um processo de reintegração estabelecido como parte de um acordo de paz

Farc: nove ex-combatentes rebeldes que trocaram suas armas, uniformes de batalha e pesadas mochilas por remos, capacetes e coletes salva-vidas (Luisa Gonzalez/Reuters)
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Reuters

Publicado em 12 de novembro de 2018 às 13h46.

Colômbia - Nove ex-combatentes rebeldes que trocaram suas armas, uniformes de batalha e pesadas mochilas por remos, capacetes e coletes salva-vidas, guiam quatro balsas carregadas de turistas pelo turbulento rio Pato, nas profundezas da floresta amazônica colombiana.

Os ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) escolheram o rafting como caminho para a reintegração, à medida que o governo tenta tornar o turismo um dos principais motores da economia do país.

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"Durante o conflito, essa região era difícil, havia balas e bombas o tempo todo. Hoje, tanta coisa mudou --muitas pessoas vem para ver as cachoeiras, a montanha, o rio", disse na sexta-feira o guia turístico Duberney Moreno, de 34 anos, que por 13 fez parte das Farc.

Aproximadamente 13 mil ex-combatentes e simpatizantes desarmados das Farc estão participando de um processo de reintegração estabelecido como parte de um acordo de paz que foi fechado em 2016 para pôr fim a mais de 52 anos de guerra com o governo.

A reintegração é considerada fundamental para garantir que os ex-membros das Farc não retornem ao campo de batalha com o grupo rebelde Exército de Libertação Nacional (ELN), composto por diversas gangues e grupos dissidentes que se recusaram a se desmobilizar.

O conflito na Colômbia deixou mais de 260 mil mortos e outros milhões foram forçados a deixar suas casas, sofreram violências sexuais ou foram mutilados por minas terrestres ou bombas.

A implementação do controverso acordo tem avançado lentamente, mas as Farc são agora um partido político com 10 assentos garantidos no Congresso até 2026.

Muitos ex-combatentes voltaram para casa para reencontrar suas famílias, mas cerca de 5 mil permaneceram em 24 zonas de desmobilização, como a de Pato, as transformando em cidades improvisadas construídas com base em princípios marxistas.

O governo orçou cerca de 1,6 milhão de dólares para ajudar os alocados nessas zonas, que são protegidas por forças do governo, a elaborar 300 projetos de agricultura, pecuária, fabricação de sapatos, pesca, marcenaria e, agora, turismo.

Muitos ex-combatentes, muitos dos quais têm origens rurais pobres, também contribuíram para os projetos com o dinheiro que receberam durante o processo de desmobilização.

Moreno e oito ex-combatentes passaram por 200 horas de treinamento e agora são certificados pela Federação Internacional de Rafting.

A zona na província de Caqueta custou 20 mil dólares para construir e conta com trilhas para caminhada e alojamento. Ex-combatentes cozinham refeições e transportam os visitantes durante duas horas pela estrada esburacada que liga a propriedade a cidade mais próxima.

"Nós temos que continuar a apoiar essas iniciativas --elas criam confiança no processo de paz", disse Jessica Faieta, vice-chefe da missão da Organização das Nações Unidas na Colômbia, que ajuda a gerir o processo de reintegração.

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