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Cristina denuncia trama "sórdida" após morte de promotor

A presidente argentina defendeu as tentativas de seu governo para esclarecer o atentado contra a associação mutual isrealita Amia, em 1994

Mulheres se manifestam durante protesto contra a morte do promotor Alberto Nisman, em frente à residência presidencial  (REUTERS/Enrique Marcarian)

Mulheres se manifestam durante protesto contra a morte do promotor Alberto Nisman, em frente à residência presidencial (REUTERS/Enrique Marcarian)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 05h55.

Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, denunciou nesta segunda-feira a existência de uma história "muito sórdida e cheia de dúvidas" após a morte de Alberto Nisman e defendeu as tentativas de seu governo para esclarecer o atentado contra a associação mutual isrealita Amia, em 1994, em sua primeira reação após a morte do promotor.

"No caso do suicídio do promotor responsável pelo caso Amia, Alberto Nisman, não só há estupor e dúvidas, mas uma história longa demais, pesada demais, dura demais e, sobretudo, muito sórdida. A tragédia do maior atentado terrorista que aconteceu na Argentina", afirmou a presidente.

Cristina, em uma extensa carta publicada em sua página do Facebook, também denunciou tentativas de "ludibriar, esconder e confundir" o caso do atentado contra a Amia, e investiu contra os serviços de Inteligência e a imprensa opositora.

À espera do julgamento por acobertamento do atentado, promovido por Nisman contra o ex-presidente Carlos Menem, o ex-juiz do causa Amia e ex-responsáveis dos serviços de Inteligência, a presidente denunciou o papel dos agentes no primeiro julgamento sobre a tragédia.

"Naquele julgamento desapareceram fitas cassete que provariam que a Side (Secretaria de Inteligência do Estado) tinha conhecimento de que um atentado estava sendo preparado, agora aparecem fitas com gravações de personagens publicamente simpáticos ao Irã, pessoas das quais sequer é necessário "grampear" um telefone para saber o que fazem ou o que pensam", acrescentou.

"Hoje, mais do que nunca, não se deve permitir que, mais uma vez, se tente fazer com o julgamento de acobertamento o mesmo que foi feito com a causa principal. Os autores do atentado serão descobertos quando se souber quem os acobertou", insistiu.

"De maneira curiosa e sugestiva", disse Cristina, se tenta transformar o governo "que mais fez para tentar esclarecer o atentado" em "acobertadores por tentar fazer com os acusados iranianos sejam interrogados mediante um tratado internacional aprovado por lei no Congresso", prosseguiu, em alusão ao acordo alcançado com o Irã em janeiro de 2013.

"Para mim é demais. Não se pode violar a lei com a aprovação do Congresso. Não se pode violar a lei quando o que se quer é que os acusados sejam interrogados, sobretudo, porque esta é a única maneira de fazer a causa avançar, após a estagnação e o retrocesso de quase 21 anos", opinou.

A presidente também coloca uma longa série de dúvidas sobre as circunstâncias em torno da morte de Nisman, entre elas questionou por que o promotor solicitaria uma arma - que utilizou para atirar em si mesmo - a um de seus colaboradores, alegando defesa pessoal, quando dispunha de dez policiais para sua segurança e vivia em um edifício com vigilância privada.

"Acho que nós argentinos não merecemos ser tão subestimados em nossa inteligência e muito menos quando 85 vítimas e seus familiares ainda esperam por justiça após 21 anos", concluiu.

Nisman, de 51 anos e que estava à frente da Promotoria Especial de Investigação do Atentado à Amia desde 2004, tinha afirmado que tinha provas que demonstravam que, tal como apontava a investigação e a comunidade judaica, o Irã e o Hezbollah estiveram por trás do planejamento e da execução desse ataque.

O promotor denunciou Cristina e vários de seus colaboradores na semana passada pela assinatura de um acordo com o Irã, que supostamente acobertaria alguns dos principais acusados do atentado contra a instituição israelita. 

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