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Cresce tensão dentro da bancada do PMDB na Câmara

A bancada dos insatisfeitos com a falta de espaço dentro da legenda diz que, por ora, esse movimento não compromete a governabilidade da presidente Dilma Rousseff

Na próxima semana, Temer deve reunir esse grupo para entender as razões do descontentamento (Xênia Antunes/Stock.xchng)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2011 às 18h16.

São Paulo - Cresceu nas últimas semanas um movimento de rebeldia dentro da bancada do PMDB na Câmara contra seu líder na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), que já admite que não há como unir os liderados em todas as questões.

Parlamentares que integram a bancada dos insatisfeitos com a falta de espaço dentro da legenda dizem que, por ora, esse movimento não compromete a governabilidade da presidente Dilma Rousseff, mas há posições mais radicais. O grupo é formado por aproximadamente 35 deputados dos 80 do PMDB na Casa.

"Na reunião que fizemos ontem havia um grupo de aproximadamente 20 (parlamentares) que queriam assinar a CPI (da Corrupção) em bloco. Mas aí decidimos que não poderíamos fazer isso antes de conversar com o Michel (Temer, vice-presidente da República) porque isso afetaria diretamente o governo", contou o deputado Danilo Fortes (CE), um dos líderes do movimento.

Na próxima semana, Temer deve reunir esse grupo para entender as razões do descontentamento.

Minimizando o problema

Alves contesta o número de insatisfeitos e afirma que numa bancada tão grande é natural que haja insatisfações.

"Há muita confusão e certamente não é esse número de parlamentares nesse grupo", disse à Reuters. Porém, ele admitiu que alguns peemedebistas podem realmente assinar o requerimento de CPI e argumentou que essa é uma questão de consciência e que há peemedebistas que têm mais o "perfil de oposição", por terem apoiado o tucano José Serra na campanha presidencial.


Para Alves, parte da insatisfação também se deve às dificuldades de diálogo da bancada com o Executivo e diz que "os problemas de relacionamento" com a base também alimentaram a insatifação dentro do partido e "uma hora isso desabrocha".

"Não dá para unir todos em todas as questões", afirmou sobre as futuras votações na Câmara.

Casos de insatisfação

O descontentamento desse grupo ficou evidente em pelo menos dois momentos. Primeiro, quando Alves escolheu seu fiel escudeiro, o deputado Eduardo Cunha (RJ), para relatar a reforma do Código de Processo Civil sem consultar os demais colegas.

"Não fomos ouvidos. Não abrimos mão de que seja um jurista e não um financista", disse Fortes em referência ao economista Cunha. "Ele (Alves) tem que ter um comportamento conjunto com a bancada", reclamou sobre essa escolha.

O líder disse que não mudará sua escolha porque Cunha já havia pedido a relatoria desse projeto em fevereiro e que ele tem capacidade para a tarefa porque já presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Na quarta, a escolha do deputado Mendes Ribeiro (RS) para substituir o ex-ministro Wagner Rossi na Agricultura gerou nova insatisfação no grupo. A vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas, classificou a escolha do colega como um "erro" porque a bancada só foi ouvida depois da decisão tomada por Temer e outros caciques do PMDB.

"Depois se acontece algum problema temos que abraçar um ministro que não foi consenso na bancada", reclamou o deputado Valdir Colatto (SC) que também integra o movimento descontente com os processos decisórios da cúpula peemedebista.

Apelo por união

O grupo de insatisfeitos era inicialmente formado por pouco mais de dez parlamentares da região Sul, principalmente por aqueles que apoiaram Serra na campanha eleitoral. Esses deputados ganharam o reforço do "grupo dos novos", formado por parlamentares de menor expressão ou que exercem o primeiro mandato.


O presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), disse que isso serve de alerta para o partido. "Se estão pedindo para serem ouvidos, devemos ouvi-los", analisou.

Na segunda-feira, Dilma se reuniu com os líderes e presidentes do PT e do PMDB e disse que os dois partidos, por formarem o centro da coalizão, têm que se manter unidos no Congresso e garantir a governabilidade, principalmente para evitar que tensões políticas atrapalhem na aprovação das medidas que o governo tem tomado para resistir à crise econômica global.

Desde o começo do ano, Dilma sofre com divisões internas nas duas bancadas e agora tenta se envolver diretamente na articulação política para conter o agravamento desse problema.

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Parlamentares que integram a bancada dos insatisfeitos com a falta de espaço dentro da legenda dizem que, por ora, esse movimento não compromete a governabilidade da presidente Dilma Rousseff, mas há posições mais radicais. O grupo é formado por aproximadamente 35 deputados dos 80 do PMDB na Casa.

"Na reunião que fizemos ontem havia um grupo de aproximadamente 20 (parlamentares) que queriam assinar a CPI (da Corrupção) em bloco. Mas aí decidimos que não poderíamos fazer isso antes de conversar com o Michel (Temer, vice-presidente da República) porque isso afetaria diretamente o governo", contou o deputado Danilo Fortes (CE), um dos líderes do movimento.

Na próxima semana, Temer deve reunir esse grupo para entender as razões do descontentamento.

Minimizando o problema

Alves contesta o número de insatisfeitos e afirma que numa bancada tão grande é natural que haja insatisfações.

"Há muita confusão e certamente não é esse número de parlamentares nesse grupo", disse à Reuters. Porém, ele admitiu que alguns peemedebistas podem realmente assinar o requerimento de CPI e argumentou que essa é uma questão de consciência e que há peemedebistas que têm mais o "perfil de oposição", por terem apoiado o tucano José Serra na campanha presidencial.


Para Alves, parte da insatisfação também se deve às dificuldades de diálogo da bancada com o Executivo e diz que "os problemas de relacionamento" com a base também alimentaram a insatifação dentro do partido e "uma hora isso desabrocha".

"Não dá para unir todos em todas as questões", afirmou sobre as futuras votações na Câmara.

Casos de insatisfação

O descontentamento desse grupo ficou evidente em pelo menos dois momentos. Primeiro, quando Alves escolheu seu fiel escudeiro, o deputado Eduardo Cunha (RJ), para relatar a reforma do Código de Processo Civil sem consultar os demais colegas.

"Não fomos ouvidos. Não abrimos mão de que seja um jurista e não um financista", disse Fortes em referência ao economista Cunha. "Ele (Alves) tem que ter um comportamento conjunto com a bancada", reclamou sobre essa escolha.

O líder disse que não mudará sua escolha porque Cunha já havia pedido a relatoria desse projeto em fevereiro e que ele tem capacidade para a tarefa porque já presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Na quarta, a escolha do deputado Mendes Ribeiro (RS) para substituir o ex-ministro Wagner Rossi na Agricultura gerou nova insatisfação no grupo. A vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas, classificou a escolha do colega como um "erro" porque a bancada só foi ouvida depois da decisão tomada por Temer e outros caciques do PMDB.

"Depois se acontece algum problema temos que abraçar um ministro que não foi consenso na bancada", reclamou o deputado Valdir Colatto (SC) que também integra o movimento descontente com os processos decisórios da cúpula peemedebista.

Apelo por união

O grupo de insatisfeitos era inicialmente formado por pouco mais de dez parlamentares da região Sul, principalmente por aqueles que apoiaram Serra na campanha eleitoral. Esses deputados ganharam o reforço do "grupo dos novos", formado por parlamentares de menor expressão ou que exercem o primeiro mandato.


O presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), disse que isso serve de alerta para o partido. "Se estão pedindo para serem ouvidos, devemos ouvi-los", analisou.

Na segunda-feira, Dilma se reuniu com os líderes e presidentes do PT e do PMDB e disse que os dois partidos, por formarem o centro da coalizão, têm que se manter unidos no Congresso e garantir a governabilidade, principalmente para evitar que tensões políticas atrapalhem na aprovação das medidas que o governo tem tomado para resistir à crise econômica global.

Desde o começo do ano, Dilma sofre com divisões internas nas duas bancadas e agora tenta se envolver diretamente na articulação política para conter o agravamento desse problema.

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