Conferência do clima da ONU reúne representantes de 190 países: a questão da ajuda aos países mais vulneráveis também ocupará uma parte dos debates (©AFP / Karim Jaafar)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 14h07.
Doha - Mais de 190 países se reuniram nesta segunda-feira em Doha na grande conferência anual sobre mudança climática que deverá decidir o futuro do Protocolo de Kyoto e esboçar as bases de um grande acordo previsto para 2015, do qual devem participar todos os grandes países poluidores do planeta.
A concentração sem precedentes de gases do efeito estufa (GEI) na atmosfera e o risco de um aquecimento de 4º C até 2060 desencadearam apelos de alerta às vésperas da conferência da ONU, organizada pelo Qatar, campeão mundial das emissões de GEI por habitante.
"A conferência de Doha apresenta um desafio único: olhar para o presente e para o futuro", declarou a chefe da ONU para o Clima, Christiana Figueres, em seu discurso de abertura.
"O presente são os meios de aumentar o nível de ambição de forma urgente", ou seja, que os países assumam compromissos mais fortes em termos de redução de GEI, explicou.
No momento, as iniciativas adotadas pelos diversos países para reduzir seus GEI estão longe de permitir conter o aquecimento a +2º C, o objetivo da comunidade internacional e limite além do qual o sistema climático poderá disparar com efeitos incontroláveis.
"O futuro é marco que se imporá a todos, com igualdade e em conformidade com o que requer a ciência ", acrescentou.
Figueres se referia ao acordo mundial, previsto para 2015 e que deve entrar em vigor em 2020, comprometendo todos os países, incluindo a China, o maior poluidor do mundo, e repartindo entre eles os esforços para limitar o aquecimento.
Os Estados Unidos insistem que a China seja tratada como um país industrializado e não como um país em desenvolvimento, de quem se exige menos em termos de uta contra o aquecimento do planeta.
Em Doha, serão esboçadas as bases desse acordo.
"Trata-se de uma conferência de uma importância vital", declarou, por sua parte, seu presidente, o vice-primeiro-ministro do Qatar, Abdullah al-Atiya.
"Devemos trabalhar seriamente durante as próximas duas semanas (...), mostrar flexibilidade e não perder tempo com questões paralelas (...) para conseguir um acordo sobre o ato do II do Protocolo de Kyoto", acrescentou.
A assinatura de um segundo período de compromisso de Kyoto, depois da expiração do primeiro, no final de 2012, é um dos grandes temas, embora tenha um alcance apenas simbólico.
Seu princípio foi decidido em Durban (África do Sul), no final de 2011. Em Doha, os países deverão chegar a um acordo sobre a duração de Kyoto 2 e seus objetivos de redução dos GEI.
Mas Kyoto 2 poderá ficar limitado a 15% das emissões de GEI mundiais – as da União Europeia e da Austrália -, já que Canadá, Rússia e Japão não querem participar e os Estados Unidos nunca ratificaram o tratado.
A União Europeia afirma que prevê reduzir suas emissões em 20% até 2020, em relação a 1990. "Estamos dispostos a aumentar este objetivo a 30% se as grandes economias fizerem um esforço", declarou o negociador-chefe da UE", Artur Runge-Metzger.
A questão da ajuda aos países mais vulneráveis também ocupará uma parte dos debates.
Em Copenhague, no final de 2009, a comunidade internacional decidiu desbloquear 100 bilhões de dólares por ano até 2020, administrados por um Fundo Verde, assim como uma ajuda urgente de 30 bilhões de dólares entre 2010 e 2012.
"Dentro de um mês, a ajuda de emergência terminará e o Fundo Verde continua vazio ", lamentou-se a organização governamental Oxfam.
A conferência prossegue até 7 de dezembro. Em 4 de dezembro, os negociadores contarão com a participação de mais de 100 ministros para concluir um acordo, em uma nova etapa do trabalhoso processo de negociações lançado em 1995.