Constituinte recomenda que Maduro não vá à Cúpula das Américas
Maduro afirmou que comparecerá à cúpula em Lima, depois que o governo peruano retirou o convite após a decisão de convocar eleições venezuelanas antecipadas
EFE
Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 16h27.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 às 16h27.
Caracas - O presidente da comissão constitucional da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) da Venezuela e um dos advogados mais respeitados pelo chavismo, Hermann Escarrá, recomendou nesta segunda-feira ao presidente Nicolás Maduro que não vá à Cúpula das Américas em abril.
"Se eu pudesse aconselhá-lo (...) lhe diria que evite essa reunião. É mais um custo na ordem política, na ordem pública, ao qual se expõe, do que algo que realmente poderia trazer ganhos", declarou Escarrá em entrevista à emissora pública "VTV".
Maduro afirmou há poucos dias que comparecerá à cúpula em Lima, no Peru, nos dias 13 e 14 de abril depois que o governo peruano retirou o convite na semana passada, após a decisão do órgão eleitoral de convocar o pleito presidencial de maneira antecipada para 22 de abril.
O presidente venezuelano também havia dito na semana passada que viajaria a Lima para "defender as verdades da Venezuela", algo que, segundo Escarrá, "pode ser feito em diversas instâncias".
Para o advogado, Maduro "deve fazer uma reflexão sobre o que está ocorrendo ali" e assegurou que os líderes que são contrários a sua presença "na verdade, não estão à altura do presidente Maduro, que é um estadista para a paz".
"Acredito que deve de ser evitado e, por fim, os errados são eles. Estão criando uma jurisprudência (...) que será revertida", acrescentou o deputado constituinte.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela já havia alegado ontem que, com base "na mais rigorosa argumentação jurídica, que demonstra que não existe impedimento de nenhuma natureza" Maduro participará da 8ª Cúpula das Américas e acrescentou que "não está atribuída de forma alguma à República do Peru (...) a faculdade de decidir sobre a participação de um Estado-membro e fundador" da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Sobre este ponto, Escarrá defendeu hoje que a "decisão lamentável" tomada pelo país anfitrião que, segundo ele, "não tem nenhuma faculdade para impedir que um dignitário (...) participe" e afirmou que isto se deve a "pressões" do governo dos Estados Unidos.