Conheça muçulmano que virou herói ao salvar judeus em Paris
A história de um muçulmano que salvou a vida de vários judeus se transformou, além disso, no símbolo da diversidade e da fraternidade na França
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 10h50.
Ele é considerado por muitos um verdadeiro herói. Há um ano, Lassana Bathily, um imigrante ilegal muçulmano , salvou vários judeus retidos por um jihadista em um supermercado de produtos kosher de Paris.
A ação do jovem de origem malinesa, agora com 25 anos, foi a única nota positiva dos três dias de perseguições e ataques que começaram com a chacina jihadista na redação da revista Charlie Hebdo, e que terminaram com um balanço de 17 mortos.
"Esse é o meu francês favorito", afirmou, efusivamente, o presidente François Hollande, quando o recebeu no Palácio do Eliseu em 25 de janeiro, depois de conceder ao rapaz a nacionalidade francesa.
A história de um muçulmano que salvou a vida de vários judeus se transformou, além disso, no símbolo da diversidade e da fraternidade na França.
"Não sou um herói", afirmou o jovem, uma frase que usou para o título de seu livro que será lançado nesta quarta-feira.
Na obra, narra o incômodo que sente ao ouvir este elogio.
"No dia seguinte, quando entrei no Facebook, tinha 800 pedidos de amizade", contou à AFP em uma entrevista recente.
Em 9 de janeiro de 2015, Bathily, empregado do supermercado Hyper Cacher, estava prestes a terminar seu turno de trabalho.
Enquanto desempacotava algumas mercadorias no porão, ouviu o tiroteio iniciado por Amedy Coulibaly, que dizia atuar em nome do grupo jihadista Estado Islâmico.
Enquanto Coulibaly mantinha como reféns vários clientes no primeiro andar, cerca de doze pessoas foram se esconder no porão.
Bathily abriu para elas a porta do frigorífico e ofereceu o carrinho de carga para que fugissem, mas os clientes, assustados, se negaram e, com isso, o malinês fugiu sozinho, depois de desligar a luz e o motor do congelador.
"Meu coração batia tão forte que tive medo que escutassem", contou ele.
Uma vez fora do estabelecimento, ajudou a polícia a desenhar a planta do supermercado para que os agentes pudessem preparar o ataque que, horas mais tarde, matou Coulibaly.
Alguns dizem que chamar Bathily de herói é exagero da imprensa e das autoridades, que tentaram criar uma história bonita em meio a tanta tragédia.
"Em momento algum, no depósito, vi Lassana Bathily realizar um ato heroico", afirmou ao jornal Liberation Yohann Dorai, que alega ter sido ele quem desligou o congelador.
Bathily não entrou na polêmica.
"Isso é problema deles. Eu não vou entrar nesse jogo", comentou.
Herói em Mali
Ao receber a nacionalidade francesa, Bathily realizou um sonho que tinha desde a infância, quando vivia em um povoado localizado na fronteira entre Mali e Senegal.
O presidente de seu país, Ibrahim Boubacar Keita, o parabenizou e disse que, enquanto seu compatriota, Amedy Coulibaly, "arrastou a bandeira pelo chão, Bathily a ergueu".
Em 9 de janeiro, Bathily também perdeu um amigo, Yohan Cohen, a quem chamava carinhosamente de "Boss-Boss" (chefinho). Ele foi morto junto com outras três pessoas por Coulibaly.
Lassana Bathily também deixou de morar num abrigo social e conseguiu um emprego na prefeitura de Paris.
A morte, no entanto, voltou a rodeá-lo. Na noite dos atentados de 13 de novembro, ele não estava muito longe do Bataclan, a casa de espetáculos onde 90 pessoas morreram nas mãos de três jihadistas. "Ao perceber que havia outro ataque, corri como todo mundo", recorda.
Na sexta-feira seguinte, outro ataque atingiu o hotel Radisson Blu de Bamaco, a capital malinesa, onde havia se hospedado durante uma visita.
Mas Lassana Bathily diz que não tem medo. Continua estudando francês com o sonho de virar professor e criou uma associação beneficente que tem seu nome.
"É necessário que sejamos solidários, que permaneçamos unidos", concluiu.
Ele é considerado por muitos um verdadeiro herói. Há um ano, Lassana Bathily, um imigrante ilegal muçulmano , salvou vários judeus retidos por um jihadista em um supermercado de produtos kosher de Paris.
A ação do jovem de origem malinesa, agora com 25 anos, foi a única nota positiva dos três dias de perseguições e ataques que começaram com a chacina jihadista na redação da revista Charlie Hebdo, e que terminaram com um balanço de 17 mortos.
"Esse é o meu francês favorito", afirmou, efusivamente, o presidente François Hollande, quando o recebeu no Palácio do Eliseu em 25 de janeiro, depois de conceder ao rapaz a nacionalidade francesa.
A história de um muçulmano que salvou a vida de vários judeus se transformou, além disso, no símbolo da diversidade e da fraternidade na França.
"Não sou um herói", afirmou o jovem, uma frase que usou para o título de seu livro que será lançado nesta quarta-feira.
Na obra, narra o incômodo que sente ao ouvir este elogio.
"No dia seguinte, quando entrei no Facebook, tinha 800 pedidos de amizade", contou à AFP em uma entrevista recente.
Em 9 de janeiro de 2015, Bathily, empregado do supermercado Hyper Cacher, estava prestes a terminar seu turno de trabalho.
Enquanto desempacotava algumas mercadorias no porão, ouviu o tiroteio iniciado por Amedy Coulibaly, que dizia atuar em nome do grupo jihadista Estado Islâmico.
Enquanto Coulibaly mantinha como reféns vários clientes no primeiro andar, cerca de doze pessoas foram se esconder no porão.
Bathily abriu para elas a porta do frigorífico e ofereceu o carrinho de carga para que fugissem, mas os clientes, assustados, se negaram e, com isso, o malinês fugiu sozinho, depois de desligar a luz e o motor do congelador.
"Meu coração batia tão forte que tive medo que escutassem", contou ele.
Uma vez fora do estabelecimento, ajudou a polícia a desenhar a planta do supermercado para que os agentes pudessem preparar o ataque que, horas mais tarde, matou Coulibaly.
Alguns dizem que chamar Bathily de herói é exagero da imprensa e das autoridades, que tentaram criar uma história bonita em meio a tanta tragédia.
"Em momento algum, no depósito, vi Lassana Bathily realizar um ato heroico", afirmou ao jornal Liberation Yohann Dorai, que alega ter sido ele quem desligou o congelador.
Bathily não entrou na polêmica.
"Isso é problema deles. Eu não vou entrar nesse jogo", comentou.
Herói em Mali
Ao receber a nacionalidade francesa, Bathily realizou um sonho que tinha desde a infância, quando vivia em um povoado localizado na fronteira entre Mali e Senegal.
O presidente de seu país, Ibrahim Boubacar Keita, o parabenizou e disse que, enquanto seu compatriota, Amedy Coulibaly, "arrastou a bandeira pelo chão, Bathily a ergueu".
Em 9 de janeiro, Bathily também perdeu um amigo, Yohan Cohen, a quem chamava carinhosamente de "Boss-Boss" (chefinho). Ele foi morto junto com outras três pessoas por Coulibaly.
Lassana Bathily também deixou de morar num abrigo social e conseguiu um emprego na prefeitura de Paris.
A morte, no entanto, voltou a rodeá-lo. Na noite dos atentados de 13 de novembro, ele não estava muito longe do Bataclan, a casa de espetáculos onde 90 pessoas morreram nas mãos de três jihadistas. "Ao perceber que havia outro ataque, corri como todo mundo", recorda.
Na sexta-feira seguinte, outro ataque atingiu o hotel Radisson Blu de Bamaco, a capital malinesa, onde havia se hospedado durante uma visita.
Mas Lassana Bathily diz que não tem medo. Continua estudando francês com o sonho de virar professor e criou uma associação beneficente que tem seu nome.
"É necessário que sejamos solidários, que permaneçamos unidos", concluiu.