Mundo

Confrontos na marcha de Evo Morales contra Luis Arce deixam 26 feridos na Bolívia

Ex-presidente acusa atual mandatário de corrupção e grupo deve chegar à capital La Paz na segunda-feira

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 07h28.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 08h26.

Tudo sobreBolívia
Saiba mais

O ex-presidente Evo Morales e milhares de seus apoiadores marcharam nessa terça-feira, 17, em protesto contra seu ex-aliado, o presidente de esquerda Luis Arce, o que levou a confrontos entre seguidores de ambos os líderes políticos, deixando 26 feridos.

A marcha, que contou com mais de 5 mil pessoas, ao longo de um percurso de 190 quilômetros até La Paz, procurava denunciar o governo Arce, que acusam de usar os poderes Judiciário e Eleitoral para impedir a candidatura de Morales às eleições de agosto de 2025. Também criticam a crise econômica que se manifesta na escassez de dólares e de combustível.

"Infelizmente, o presidente (Arce) e o vice-presidente (David Choquehuanca) nos abandonaram; eles nos traíram, junto com a má gestão e a corrupção - disse Morales em discurso no início da caminhada".

Morales e seus seguidores caminharam até a pequena cidade de Vila Vila, onde eram esperados por cerca de mil seguidores de Arce, para evitar que continuassem, mas os "evistas" - superiores em número - atacaram e afugentaram o grupo.

A ministra da Saúde, María René Castro, em avaliação na noite de terça-feira, informou que “há 26 feridos com patologias diversas, com fraturas de cotovelo, costela e outras”.

A manifestação começou na localidade de Caracollo, no departamento de Oruro (Sul da cidade de La Paz) e deverá chegar à capital, sede dos poderes Executivo e Legislativo, na próxima segunda-feira.

Com Morales à frente, os manifestantes caminham carregando bandeiras bolivianas, vermelhas, amarelas e verdes; “wiphalas”, o símbolo xadrez e multicolorido dos povos indígenas; e o Movimento ao Socialismo (MAS) em azul, preto e branco.

Morales (2006-2019) acusa Arce de bloquear a sua candidatura presidencial, de modo que o presidente é o único candidato do partido no poder, embora Arce ainda não tenha dito se concorrerá à reeleição.

O governo sustenta que Morales está desqualificado, uma vez que a Constituição não permite a reeleição além de dois mandatos presidenciais consecutivos, embora o ex-chefe de Estado insista que não existe tal proibição.

Em sua marcha, os manifestantes expressaram refrões recorrentes: “Urgente, presidente Evo”, “Eu luto (Luis Arce), o povo está emputado (zangado)”.

Eles também completaram uma cerimônia religiosa, realizando o "wajta" ou queimando numa fogueira diversos produtos como doces e raízes, para pedir a bênção de "Pachamama", a deusa Aymara Mãe Terra.

No primeiro dia de marcha chegaram à cidade de Panduro, 155km ao Sul de La Paz, onde pernoitaram.

Arce, em resposta, acusou Morales de apoiar um bloqueio de estradas por indígenas, como parte de uma “tentativa de golpe”.

Na segunda-feira, começaram cinco bloqueios nas estradas que ligam a cidade de La Paz ao Lago Titicaca, compartilhado pela Bolívia e pelo Peru. Os indígenas questionam o governo Arce por não resolver a crise econômica.

Acompanhe tudo sobre:BolíviaEvo Morales

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia