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Conflito no Oriente Médio: resposta de Israel, apoio dos Estados Unidos e sombra de China e Rússia

Próximos passos do conflito entre Irã e Israel e influência de superpotências foram analisados por Vitelio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard

(AFP/AFP Photo)
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 13 de abril de 2024 às 20h46.

Última atualização em 13 de abril de 2024 às 21h03.

OataquededronesemísseisdoIrãcontraIsrael trará mais tensão para o Oriente Médio nas próximas semanas, com uma ofensiva israelense em território iraniano como resposta. Além disso, o imbróglio na região pressionará ainda mais o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em campanha à reeleição e alvo de críticas pela atuação no conflito. As avaliações são de Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Harvard, em entrevista à EXAME.

Brustolin afirmou que o ataque do Irã ao território israelense ocorre no momento em que o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, prepara sua sucessão. Khamenei quer fazer o filho como sucessor e não responder ao ataque feito à embaixada de Damasco, na Síria, aumentaria a pressão interna sobre o líder e abalaria a imagem do país na região.

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Israel não assumiu a autoria do ataque à representação diplomática. Entretanto, o professor explica que essa ofensiva é uma resposta política para os problemas internos do país e para posicionar o Irã geopoliticamente.

“Nesse momento é um ataque coordenado do Irã contra Israel, com apoio de terroristas. Toda a questão é essa. É claro que Israel vai responder”, disse o professor da UFF.

Resposta dos Estados Unidos

A atuação dos Estados Unidos nesse conflito também terá desdobramentos políticos, afirma Brustolin. Segundo ele, o presidente norte-americano, Joe Biden, disse publicamente que responderia a um ataque de Irã ao território israelense. Como essa estratégia será adotada terá reflexo no processo eleitoral da maior economia do mundo já que Biden tem sido criticado pela gestão do conflito no Oriente Médio.

“Até aqui, nós víamos o Irã atuando indiretamente por meio dos tentáculos terroristas. Agora, o Irã atua diretamente. Há uma questão de calibragem. Bater com muita força em Israel exigiria uma resposta  devastadora de Israel e Estados Unidos. A pressão sobre Biden é palpável. Biden veio a público dizer que atuaria se Israel fosse atacado e que o Irã seria derrotado. Ele está em campanha presidencial e os Estados Unidos já têm 30 mil soldados naquela região”, diz.

Sombra de China e Rússia

Se Israel conta com o apoio dos Estados Unidos, o Irã tem como aliados China e Rússia, afirma Brustolin. Entretanto, segundo ele, as duas potências não devem entrar diretamente no conflito.

“É muito improvável uma intervenção direta da Rússia ou da China. Durante toda a Guerra Fria os confrontos foram sempre indiretos e financiados por Estados Unidos e Rússia. O fenômeno atual está sendo chamado e estudado na academia como Segunda Guerra Fria ou Nova Guerra Fria”, disse.

Segundo o professor, a Rússia tem um interesse principal na Ucrânia e não parece querer dividir forças em outra frente de batalha. Já a China está mais interessada em anexar Taiwan e planeja ter um exército global somente em 2035. Com isso, o apoio seria indireto, por meio de financiamento.

“O Irã não tem interesse em uma guerra total. Eles não têm como vencer. Israel tem armas atômicas”, diz.

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