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Como funciona a agência de notícias do Estado Islâmico

Segundo analistas, a Amaq foi criada pelo grupo para servir de instrumento eficaz para reivindicar a autoria de atentados

EI: "a Amaq foi criada pelo Estado Islâmico para substituir as contas do Twitter que utilizava antes e foram encerradas", diz um especialista (Khalid al Mousily/Reuters)

EI: "a Amaq foi criada pelo Estado Islâmico para substituir as contas do Twitter que utilizava antes e foram encerradas", diz um especialista (Khalid al Mousily/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de junho de 2017 às 13h25.

Múltiplos anúncios em uma semana e ataques em vários continentes. Independentemente de o grupo tê-los organizado, guiado, ou inspirado, a "agência de notícias Amaq" - criada pela organização Estado Islâmico (EI) - serve de instrumento eficaz para reivindicar a autoria de atentados, assinalam analistas.

De Manchester a Melbourne, passando por Somália, Indonésia, Egito, Manila, Londres e Irã, os últimos dias foram marcados por uma série de ataques reivindicados pelo grupo extremista, na maior parte das vezes por seu canal habitual, a Amaq.

Embora tente adotar os códigos dos meios de comunicação internacionais, esta "agência" é nada mais do que um instrumento de propaganda, embora os serviços antiterroristas considerem suas reivindicações confiáveis.

"A multiplicação de reivindicações nos últimos dias coincide com a multiplicação dos ataques", disse à AFP Mathieu Guidère, especialista nos grupos islamitas.

Estas reivindicações correspondem a atos inspirados, guiados ou organizados pelo EI "porque [eles] não podem se dar ao luxo de mentir sobre um ataque ou reivindicar ataques que não foram executados em seu nome. Se fosse o caso, seriam motivo de risada de todos os grupos extremistas. É a sua credibilidade que está em jogo".

Substituir o Twitter

Até agora "não temos conhecimento sobre reivindicações falsas. Pode ser que às vezes exagerem ou tenham problemas, mas não há nenhum exemplo de uma reivindicação claramente inexata", assinalou Thomas Jocelyn, do centro de reflexão Foundation for Defense of Democracies, em Washington.

Durante o apogeu do califado autoproclamado pelo EI nos territórios que controlava na Síria e no Iraque, a comunicação do grupo estava centralizada e sob controle dos poderosos chefes. Agora, está descentralizada e mais rápida, considerou Guidère.

"Criaram uma nova maneira de reivindicar" ataques, assinalou. "Antes, precisavam da autorização do comando central. Agora, como perdem terreno em várias frentes, a Amaq conta com vários correspondentes descentralizados que têm o poder de reivindicar ataques em nome do EI".

"Foram feitos chamados a todos os seus apoiadores, em todo o mundo, para estimulá-los a agir para mostrar que não estão derrotados, apesar dos reveses na Síria e no Iraque", acrescentou.

"Querem demonstrar que seguem ativos fora das terras do califado, e que o número de combatentes fora do califado é mais importante do que dentro".

Para que o grupo reivindique um atentado, deve existir um vínculo entre o EI e o extremista que executou, explicou à AFP Romain Caillet, especialista neste tema.

"Ou os organizaram diretamente, ou há elementos suficientes para que estejam convencidos de que guiaram ou inspiraram o autor do ataque. Pode ser um vídeo, mensagens ou uma ligação", apontou.

"A Amaq foi criada pelo Estado Islâmico para substituir as contas do Twitter que utilizava antes e foram encerradas", continuou.

Entretanto, não se sabe como a Amaq funciona em detalhes, apesar dos depoimentos de alguns antigos membros que deixaram o grupo ou de integrantes detidos e interrogados.

Eles a descrevem como um organismo importante do EI, com muitos recursos e considerado crucial pelos chefes do grupo.

Na semana passada foi anunciada nas redes sociais a morte de um dos fundadores da Amaq, o sírio Rayan Machaal, em um bombardeio da coalizão internacional comandada pelos Estados Unidos. Esta informação não foi confirmada até agora.

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