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Começam encontros oficiais na Cúpula das Américas; Bolsonaro chega aos EUA

Embora a Cúpula das Américas tenha sido iniciada há dois dias, só nesta quarta-feira os líderes chegam a Los Angeles, incluindo o presidente Jair Bolsonaro

Entrada da Cúpula das Américas: presidentes chegam a Los Angeles para "Plenário dos Líderes" a partir desta quarta-feira (Kyle Grillot/Bloomberg/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2022 às 06h00.

Dois dias após sua abertura oficial, a Cúpula das Américas começa de vez nesta quarta-feira, 8. Acontece pela manhã o início dos trabalhos no chamado Plenário dos Líderes, onde presidentes se encontrarão nos próximos dias para discutir temas que vão da guerra na Ucrânia a migração, economia pós-covid e a sempre complexa relação do anfitrião Estados Unidos com os países vizinhos.

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Embora a cúpula tenha sido iniciada na segunda-feira, 6, só nesta quarta-feira os presidentes da região chegaram a Los Angeles, onde acontece o evento convocado pelos EUA. É o caso do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que participa da cúpula a partir de hoje.

Ainda nesta quarta-feira, à noite, o presidente norte-americano, Joe Biden, e a primeira-dama Jill Biden oferecerão um jantar aos líderes presentes. Ministros dos países convidados também serão recepcionados por pares do governo americano ao longo do dia.

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Além da agenda oficial da cúpula, que vai até 10 de junho, um dos momentos mais aguardados pela diplomacia brasileira será uma reunião direta entre o presidente Bolsonaro e Biden. O encontro está inicialmente previsto para esta quinta-feira, 9.

Será a primeira vez que os dois líderes se encontram em uma reunião bilateral desde que Biden tomou posse, em janeiro de 2021. (Os dois chegaram a participar ao mesmo tempo no ano passado da cúpula do G20, na Itália, mas não tiveram um encontro.)

Após o fim da Cúpula das Américas, Bolsonaro estenderá a viagem e visitará Orlando, na Flórida, quando deve participar da inauguração de um vice-consulado brasileiro.

Cúpula das polêmicas

A Cúpula das Américas chega a sua nona edição neste ano, sendo a primeira após a pandemia e a primeira do governo Biden.

Havia a expectativas de que os EUA usassem a semana para anunciar eventuais novas políticas na América Latina, como eventuais planos de investimento e auxílio em meio à crise, mas pouco foi dito até o momento.

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Enquanto isso, o evento vem cercado de polêmicas há semanas. Antes da cúpula, o principal embate foi o não convite dos EUA a países que o governo norte-americano não considera democráticos, como Venezuela, Nicarágua e Cuba. O caso fez parte dos governos boicotarem o evento.

A ausência mais notada será a do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que enviou somente um representante do governo.

Líderes de países como Honduras e Guatemala também não comparecerão.

Mesmo entre quem foi a Los Angeles, algumas críticas seguem ocorrendo: o presidente argentino, Alberto Fernández, voltou a lamentar nesta terça-feira, antes do embarque para os EUA, a ausência de alguns países, afirmando que o movimento atrapalha a unidade na região.

"A unidade não se declara, a unidade se exerce e a melhor maneira de exercê-la é não segregar ninguém", disse o presidente argentino. "Nós lamentamos enormemente a ausência de países que não foram convidados, mas tentarei levar sua voz como presidente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) que sou."

Fernández: presidente argentino disse que falta de convite a alguns países prejudica "unidade" (Hector Vivas/Getty Images)

Segundo a AFP, o presidente argentino resolveu comparecer à cúpula após conversar com vários presidentes da região. Além disso, Biden o convidou a uma visita oficial à Casa Branca em julho.

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Além das ausências já esperadas, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, era presença confirmada, mas afirmou que não viajará por ter sido diagnosticado com covid-19.

Um dos principais objetivos dos EUA na cúpula é estreitar laços com os vizinhos nas Américas em meio à crescente influência da China na região. Outro tema de interesse dos americanos é a onda migratória, mas que perde tração nas discussões com a ausência do México na cúpula.

Presença do Brasil

Com a cúpula esvaziada, o Brasil, maior economia da América Latina, termina se tornando uma das presenças mais relevantes do evento.

Antes de embarcar para os EUA, Bolsonaro falou sobre o encontro com Biden em entrevista à rede de televisão SBT veiculada ontem. Como já havia feito em outras oportunidades, o presidente brasileiro voltou a mencionar suposta fraude na eleição americana de 2020, que deu vitória a Biden.

“Quem diz é o povo americano. Eu não vou entrar em detalhes na soberania de outro país. Agora, o Trump estava muito bem. E muita coisa chegou para gente que a gente fica com pé atrás”, disse Bolsonaro ao SBT.

Jair Bolsonaro e Joe Biden: presidentes terão primeira reunião bilateral durante a Cúpula das Américas  (Montagem Exame - Akos Stiller/Bloomberg e Al Drago/Bloomberg/Getty Images)

Visto nos EUA como um aliado do ex-presidente Donald Trump, Bolsonaro foi o principal líder mundial a não condenar a invasão do Capitólio em 2021 e demorou a parabenizar Biden pela vitória na eleição presidencial.

Na entrevista, Bolsonaro também falou que Biden não deve, durante a reunião com o brasileiro, "entrar na questão ambiental".

"Ele não vai, no meu entender, querer impor algo que eu deva fazer na Amazônia. Eu acho que ele me conhece, conhece mais do que a mim, conhece a região. Não podemos relativizar a nossa soberania", disse Bolsonaro.

"Cúpula é um evento que sem o Brasil é bastante esvaziado. Terei uma reunião bilateral por 30 minutos com Biden, não sei o que ele vai falar de lá para cá, se entrar na questão ambiental já sei como proceder. Vários países querem relativizar a soberania da Amazônia, como se aquilo fosse algo do mundo, e não é assim. Então não entra na discussão."

(Com informações de AFP e Estadão Conteúdo)

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