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Começa o Ramadã no Irã, que teme agravamento da pandemia de coronavírus

Com 5.650 mortes causadas pelo vírus, o Irã é o país muçulmano mais atingido pela epidemia de pneumonia viral

Ramadã: Por decisão das autoridades, as mesquitas estão fechadas até novo aviso (Ishara S. KODIKARA/AFP)

Ramadã: Por decisão das autoridades, as mesquitas estão fechadas até novo aviso (Ishara S. KODIKARA/AFP)

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Clara Cerioni

Publicado em 25 de abril de 2020 às 12h28.

Última atualização em 25 de abril de 2020 às 12h31.

O Ramadã começou neste sábado, 25, no Irã, em meio a temores de um possível agravamento da epidemia da covid-19, duas semanas após o início da reabertura gradual dos comércios.O mês do jejum muçulmano começa no Irã, um país xiita, um dia depois do resto do mundo islâmico, majoritariamente sunita.

Mas como em outros lugares, o Ramadã deste ano acontece em uma atmosfera estranha, devido às restrições impostas para combater a pandemia de coronavírus.

Com 5.650 mortes causadas pelo vírus, segundo dados oficiais publicados neste sábado, o Irã é o país muçulmano mais atingido pela epidemia de pneumonia viral.

Por decisão das autoridades, as mesquitas estão fechadas até novo aviso, e o "iftar", a refeição tradicional de quebra do jejum após o pôr do sol, deve ser feita em estrita intimidade familiar e não deve dar lugar a nenhuma reunião, ao contrário da tradição.

"Normalmente, oramos na mesquita, mas desta vez não", declarou à AFP Ahmad Bakhchi, comerciante de itens religiosos no bazar de Tadjriche, que fica ao lado da mesquita Imamzadeh-Saleh, um importante santuário no norte de Teerã cujos portões permanecem fechados.

"Isso nos deixa triste, mas não temos escolha a não ser ter paciência", acrescenta.

Para Morad Ali Soleimani, que administra uma loja de artigos de cozinha nas proximidades, "o fechamento das mesquitas foi a decisão certa a ser tomada".

"Mas quando o vírus diminuir de intensidade, terão que reabri-las", acredita, porque "não podem permanecer fechadas (...) por muito tempo".

Segundo dados oficiais, que apontam 76 novas mortes ligadas ao vírus entre sexta-feira e sábado, a disseminação diminuiu desde o início de abril.

Mas no exterior e no interior do país, alguns acreditam que o número de vítimas da epidemia no Irã está subestimado.

O Estado autorizou desde 11 de abril a reabertura gradual de lojas e bazares, mas as autoridades da saúde alertaram contra novas ondas de contaminação.

Citado pela agência de notícias Isna, Aliréza Zali, coordenador da luta contra a doença na capital, criticou as "reaberturas apressadas", dizendo que "poderia criar novas ondas de doença em Teerã e complicar o controle epidêmico".

Segundo Kianouche Jahanpour, porta-voz do ministério da Saúde, o país contabiliza um total de 89.328 casos de contaminação - incluindo 1.134 registrados nas últimas 24 horas - desde o início oficial da epidemia no Irã, em fevereiro.

"Em algumas províncias, como Gilan (norte), Qom (centro) e Mazandaran (norte), onde fizemos grandes esforços para controlar a epidemia, estamos vendo sinais de um novo aumento" de casos, disse na televisão estatal Mohammad Mehdi Gouya, diretor do departamento de doenças infecciosas do Ministério da Saúde.

"Estamos vendo um aumento no número de casos, especialmente nas províncias tradicionalmente mais visitadas" por turistas e peregrinos iranianos, acrescentou Gouya.

Há dez dias, os iranianos já podem se deslocar entre as províncias após uma proibição de várias semanas.

Em 18 de abril, o líder supremo iraniano publicou uma fatwa autorizando a não jejuar durante o Ramadã se a privação de comida durante o dia corresse o risco de tornar os fiéis "vulneráveis à doença (covid-19), piorando seu estado de saúde ou prolongar a convalescença".

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