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Começa a XXI Cúpula Ibero-Americana

A reunião, que será lembrada pela pouca presença de governantes, foi inaugurada pelo presidente anfitrião, Fernando Lugo, em um auditório do Banco Central do Paraguai

Lugo defendeu um 'Estado em aliança estratégica com a sociedade e o mercado' (Getty Images)

Lugo defendeu um 'Estado em aliança estratégica com a sociedade e o mercado' (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2011 às 23h06.

Assunção - A XXI Cúpula Ibero-Americana de chefes de Estado e de Governo foi inaugurada nesta sexta-feira em Assunção com um apelo para tornar mais eficiente o Estado, o tema central da reunião, e para se aproveitar a força econômica latino-americana para combater os efeitos da crise global.

A reunião, que será lembrada pela pouca presença de governantes, foi inaugurada pelo presidente anfitrião, Fernando Lugo, em um auditório do Banco Central do Paraguai, após o que os governantes participaram de um jantar de honra no mesmo recinto.

Em seu discurso, Lugo disse que adotou o lema 'Transformação do Estado e Desenvolvimento' ao perceber a necessidade de responder 'às crescentes demandas' da cidadania em matéria de direitos e de adequar a administração pública a essas exigências, 'o que não representa sua minimização estrutural, mas sua gestão eficiente'.

Lugo defendeu um 'Estado em aliança estratégica com a sociedade e o mercado', asseverando que a América Latina foi regida até agora por modelos 'impostos ou importados que já estão esgotados e mais do que esgotados, que conduziram a profundas crises sociais, a uma real crise de certo modelo de Estado'.

'A crise econômica demonstra que não há saídas isoladas por mais poderosos que sejam os países e que a região não pode ficar à margem do processo de reorganização da ordem internacional', acrescentou.


Do ato, que começou com a interpretação do hino nacional paraguaio, participaram os reis da Espanha e o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, assim como o chefe do Governo de Andorra, Antonio Martí Petit, que chegaram na noite de quinta-feira.

Também estiveram o presidente mexicano, Felipe Calderón, o português Aníbal Cavaco Silva, o chileno Sebastián Piñera, o peruano Ollanta Humala, o panamenho Ricardo Martinelli, o guatemalteco Álvaro Colom e o boliviano Evo Morales, que chegaram no transcurso do dia.

Pouco antes de Lugo falar, o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, aproveitou para felicitar em seu discurso de abertura o Rei Juan Carlos, Zapatero e todos os espanhóis pelo 'fim do terrorismo demente' do grupo ETA.

Iglesias também se referiu à crise para lamentar que 'não se tenha olhado um pouco para as experiências da América Latina nos anos 90', quando boa parte de seus países sofreram grandes turbulências econômicas.

Agora a região se encontra perante sua 'grande oportunidade' graças a seu crescimento e à redução da dívida externa, do desemprego e da pobreza, destacou.

'É possível aspirar a uma década de crescimento sustentado, mas isso não é de graça', alertou também, antes de aconselhar que se acometam 'com determinação' reformas estruturais porque chegou o 'momento da ação e não da autocomplacência'.

Nesta sexta-feira os chanceleres deixaram prontos para os líderes todos os documentos que analisarão no sábado na sessão plenária, salvo a declaração final, que ficou sem ser fechada, em parte por causa de uma proposta boliviana de menção aos países 'privados de litoral' que não convence o Chile.

Os documentos aprovados, que serão assinados pelos chefes de Estado e de Governo, são um plano de ação e uma dúzia de comunicados especiais, que tocam temas variados, como a luta antiterrorista, as ilhas Malvinas, a folha de coca, a mudança climática e o embargo a Cuba.

A reunião de ministros de Exteriores teve como palco a sede da Confederação Sul-Americana de Futebol, nos arredores de Assunção, o lugar escolhido para o debate dos governantes este sábado.

As diferenças entre Bolívia e Chile são o primeiro empecilho de uma cúpula sem sobressaltos e com pouco poder de convocação.

Entre as ausências destacam-se a dos três parceiros do Paraguai no Mercosul - Brasil, Argentina e Uruguai -, assim como de vários países centro-americanos - El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Honduras -, além de Colômbia, República Dominicana e Venezuela.

Os últimos a pisar em solo paraguaio serão o presidente do Equador, Rafael Correa, e o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho.

O chanceler do Haiti, Laurent Lamothe, também chegou à capital paraguaia a fim de solicitar o ingresso de seu país como membro permanente das cúpulas ibero-americanas, segundo anunciou em entrevista coletiva.

A minuta da declaração final, à que teve acesso a Agência Efe, traz duas das preocupações da Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib): incorporar a participação cidadã às cúpulas e fomentar o uso das tecnologias da informação. EFE

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