Boris Johnson: concluído o Brexit, seu governo terá o desafio de negociar acordo comercial com a União Europeia (Henry Nicholls/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2020 às 06h06.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2020 às 06h38.
São Paulo — Reformas ministeriais são comuns no Reino Unido, mas nem por isso são menos tensas. Segundo o jornal britânico The Guardian, em 2016, quando a ex-primeira ministra Theresa May demitiu George Osborne, medalhão do Partido Conservador e secretário do Tesouro desde 2010, ele ficou tão revoltado que disse que desejava “picá-la em pedacinhos e guardá-la em saquinhos no freezer”.
Agora chegou a vez do atual primeiro-ministro, Boris Johnson, sacudir os ministérios. A reforma ministerial está marcada para acontecer nesta quinta-feira 13 e a expectativa é ter uma série de mudanças. Afinal, o movimento é o primeiro desde as eleições de dezembro de 2019, quando seu Partido Conservador conquistou uma vitória avassaladora ante seus oponentes trabalhistas.
A imprensa britânica avalia que o momento é crucial para definir o grau de influência que Dominic Cummings, conselheiro sênior e uma das figuras mais polêmicas do governo de Boris Johnson, exerce sobre o atual primeiro-ministro. Cummings hoje está em pé de guerra com outra peça central do governo conservador, o secretário do Tesouro, Sajid Javid.
O resultado da briga entre os dois irá sinalizar ao mundo o caminho que o Reino Unido seguirá em sua política fiscal. Enquanto Cummings é um defensor ferrenho de que o governo abra a carteira para gastar, Javid é austero e prega que os gastos sejam parcimoniosos. Nessa contenda, no entanto, o Guardian aposta em Javid, que está no cargo há pouco mais de sete meses. Sua saída, portanto, seria “chocante”, descreveu a publicação.
A reforma vem em um momento delicado para o Reino Unido. Com o Brexit finalmente concluído, o país terá de lidar com os impactos econômicos de dois anos de vai e vem sobre o caso em sua economia — embora só tenha sido oficializada neste ano, a saída foi decidida pela população em referendo ainda em junho de 2016.
O Reino Unido terá ainda de negociar um acordo comercial com o bloco que está abandonando (e que responde por quase metade das exportações britânicas, ou mais de 370 bilhões de dólares). Os desafios do governo de Johnson, portanto, estão longe de acabar. É bom que ele reúna um bom time.