Mundo

Com ataques e protestos, França se apronta para Euro 2016

Mesmo antes dos ataques em Paris e do estado de emergência decretado os policiais já acumulavam 20 milhões de horas-extras


	Segurança: mesmo antes dos ataques em Paris e do estado de emergência decretado os policiais já acumulavam 20 milhões de horas-extras
 (Gonzalo Fuentes / Reuters)

Segurança: mesmo antes dos ataques em Paris e do estado de emergência decretado os policiais já acumulavam 20 milhões de horas-extras (Gonzalo Fuentes / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2016 às 13h49.

Paris - A sobrecarregada polícia da França teve que lidar com dois ataques de militantes em um ano e manifestações de ruas frequentes, e agora enfrenta a tarefa de garantir a segurança de milhões de torcedores de futebol quando o país sediar a Euro 2016, no mês que vem.

A corporação, composta de policiais e gendarmes, chega a quase 200 mil agentes, mas sofreu um corte de cerca de 13 mil vagas desde 2007 devido aos esforços do governo para cortar despesas públicas.

Mesmo antes dos ataques do Estado Islâmico em Paris em novembro e do estado de emergência decretado em sua esteira, que aumentou suas tarefas, os policiais já acumulavam 20 milhões de horas-extras, o equivalente a três semanas de trabalho.

Eles têm direito de tirar uma hora de folga para cada hora-extra, mas há poucas perspectivas de poderem fazê-lo em um futuro previsível.

Agora os policiais precisarão proteger o evento esportivo entre os dias 10 de junho e 10 de julho, durante o qual cerca de 2,5 milhões de pessoas devem assistir partidas em 10 estádios de todo o país, e outras 7,5 milhões de pessoas devem convergir às "áreas de torcedores" das cidades.

Ainda entram na conta os espectadores da Volta da França, competição de ciclismo que transcorre durante a maior parte de julho.

"Eles estão sendo muito exigidos durante o estado de emergência, e está claro que, se continuarmos assim, até o final do ano começaremos a ver as pessoas ficando doentes e deprimidas", disse Denis Jacob, secretário-geral do sindicato de polícia Alternative à Reuters. "Somos humanos, afinal de contas".

Os eventos também irão acontecer em um momento de desassossego civil. Os episódios de violência nas manifestações contra uma reforma das leis trabalhistas têm ocorrido semanalmente, e no ano que vem a França terá uma eleição presidencial.

Desde que os protestos começaram, dois meses atrás, centenas de policiais ficaram feridos em confrontos, muitas vezes com jovens mascarados que atiravam pedras e coquetéis molotov.

Organizadores dos protestos, por sua vez, vêm acusando as forças de segurança de truculência no policiamento.

Sindicatos de policiais convocaram uma manifestação nacional na quarta-feira para ressaltar as condições estressantes em que vêm trabalhando e também a retórica anti-policial dos grupos de protesto nas últimas semanas.

O governo reconheceu o fardo imposto à polícia. "Saúdo o comprometimento de nossas forças de segurança, especialmente policiais e gendarmes, ainda que alguns pareçam esquecer os sacrifícios e responsabilidades que pesam sobre seus ombros neste momento", disse o primeiro-ministro, Manuel Valls, a legisladores no dia 12 de maio.

Mais de Mundo

Israel avisa aos EUA que fará 'invasão limitada' do Líbano, diz jornal

Inundações no Nepal deixam pelo menos 200 mortos

Putin promete alcançar todos os 'objetivos fixados' na Ucrânia

Israel já invadiu o Líbano? Relembre o histórico de confronto entre os países