Paz: em junho, ambos os lados concordaram que, uma vez que o acordo for atingido, os rebeldes iriam reunir seus 7 mil soldados em 23 aldeias e oito acampamentos (Enrique De La Osa / Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2016 às 16h16.
Bogotá - As negociações de paz entre governo e líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram concluídas na noite de ontem, após quatro anos de discussões, afirmaram pessoas próximas às conversas, e devem ser apresentadas nesta quarta-feira pelo presidente Juan Manuel Santos, em um pronunciamento na TV.
Ele então deverá ser enviado ao Congresso com a proposta de um referendo não-vinculante sobre o tema.
O gabinete do presidente não quis oferecer detalhes do pacto antes do pronunciamento oficial, mas pessoas próximas à negociação afirmam que ela abrange desde ao papel dos guerrilheiros na política após o acordo de paz até a forma como o desarmamento será feito e fiscalizado.
Em junho, ambos os lados concordaram que, uma vez que o acordo for atingido, os rebeldes iriam reunir seus 7 mil soldados em 23 aldeias e oito acampamentos espalhados pelo país.
Eles então entregariam suas armas para uma comissão das Nações Unidas ao longo de um período de seis meses.
As Farc ficam no limiar de serem classificadas como uma organização terrorista. Fundadas em meados do século XX por um grupo de camponeses, elas se metamorfosearam em uma guerrilha de orientação marxista operando nas regiões mais remotas do país.
Embora ela tenha sido uma ameaça real ao Exército colombiano nos anos 1990, sua força diminuiu desde então, em meio a uma alta das ações militares que dizimou boa parte da liderança do grupo e levou à deserção milhares.
Após o processo de paz, o grupo deve se transformar em um partido político.
Paralelamente ao anúncio do governo, a direção central das Farc deve se reunir para aprovar, separadamente, o novo pacto.
"Eles vão votá-lo", disse Bernard Aronson, o enviado norte-americano que ajudou a encontrar um terreno comum para ambos os lados.
O plano também prevê que o Congresso aprove uma lei de anistia, que foi gestada durante as negociações em Havana, para rebeldes de baixo escalão.
Comandantes de alto escalão que têm acusações de crimes de guerra, por outro lado, serão julgados por um tribunal especial.
Opositores das negociações, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe, afirmam que o governo de Santos cedeu a terroristas.
"O que eles fizeram ao longo de quatro anos em Havana, gastando dinheiro do Estado, podia ser feito em apenas um dia: Santos cedeu em tudo", disse o senador Ernesto Macias.
Apesar do otimismo do governo, pesquisas de opinião não dão uma vantagem clara para a aprovação do acordo. Uma pesquisa publicada recentemente pelo instituto Invamer mostrou que dois em cada três colombianos apoiavam o acordo de paz.
Um mês atrás, no entanto, outra pesquisa do instituto Ipsos mostrou que a maioria se opunha a um pacto que garantiria anistia a ex-integrantes das Farc e permitiria a transição do grupo para a política. Fonte: Associated Press.