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Chavismo destitui deputada opositora na Venezuela

María Corina Machado foi destituída segunda, em mais um episódio da ofensiva judicial contra dirigentes ligados aos protestos contra o governo venezuelano

A deputada venezuelana María Corina Machado: deputada foi acusada pelo governo do presidente Nicolás Maduro de promover manifestações violentas (Cris Bouroncle/AFP)

A deputada venezuelana María Corina Machado: deputada foi acusada pelo governo do presidente Nicolás Maduro de promover manifestações violentas (Cris Bouroncle/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2014 às 11h15.

Caracas - A deputada María Corina Machado, acusada pelo governo do presidente Nicolás Maduro de promover manifestações violentas na Venezuela, foi destituída nesta segunda-feira, em mais um episódio da ofensiva judicial contra dirigentes ligados aos protestos, que já deixaram 32 mortos no país.

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, disse que a destituição foi decidida após a participação de Machado, na semana passada, na reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) como "representante alternativa" do Panamá.

"Por suas atuações e ações, a senhora Machado deixou de ser deputada. Estamos enviando instruções para que a partir deste momento a senhora Machado não volte a desempenhar o mandato de deputada, ao menos neste período" legislativo, afirmou Cabello, número dois do chavismo.

Na sexta-feira passada, Machado foi convidada a ocupar a cadeira do representante do Panamá na OEA durante uma sessão que debateria a crise na Venezuela, mas foi impedida de discursar.

"Sou deputada da Assembleia Nacional da Venezuela eleita pelo povo da Venezuela e seguirei assim", disse Machado em Lima, ao considerar que o anúncio de sua expulsão "é a prova de que o governo está fraco e reage de forma desesperada".

Na mira do chavismo

Machado, uma engenheira industrial de 46 anos, foi uma das deputadas mais votadas nas eleições legislativas de 2010. Em 2012, se apresentou como candidata à presidência nas primárias da Mesa da Unidade Democrática, que escolheu Henrique Capriles.

A deputada e o líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López, detido há um mês em uma prisão militar sob a acusação de incitar à violência, foram os principais promotores da chama "Saída", a estratégia de ocupar as ruas para forçar a queda de Nicolás Maduro.

Na noite desta segunda-feira, Maduro ameaçou o líder opositor e governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, com medidas do Tribunal Supremo de Justiça (STJ) pelos fatos de violência ligados aos protestos.


"O TSJ tem competência para obrigar este governador a cumprir a lei (...), ou então que se vá definitivamente", disse Maduro.

Na semana passada foram detidos os prefeitos opositores Daniel Ceballos, de San Cristóbal, e Enzo Scarano, de San Diego (Carabobo), por sua suposta falta de ação para prevenir desordens públicas durante os protestos. Ambos foram levados para uma prisão militar.

"O que significa que não é deputada?! Não tem imunidade parlamentar, não tem acesso à Assembleia, pode ser investigada diretamente por todas as coisas que estão ocorrendo" em função dos protestos durante mais de um mês contra o governo de Nicolás Maduro, afirmou o deputado.

"Ela não tem mais imunidade parlamentar, pode ser detida a qualquer momento e sem prévia notificação", afirmou ainda.

Cabello se amparou no artigo 191 da Constituição, que assinala que os deputados "não poderão aceitar ou exercer cargos públicos sem perder sua posse, salvo em atividades docentes, acadêmicas, acidentais ou assistenciais, sempre que não supor dedicação exclusiva".

Maduro denunciou nesta segunda-feira a morte de um trabalhador de uma empresa estatal e de uma mulher grávida vítimas dos protestos da oposição.

"Na noite de sábado, lamentamos o assassinato, em Mérida, de um trabalhador das telecomunicações (da estatal CANTV) por parte de franco-atiradores da extrema direita (...). Ontem (domingo), nos Teques (subúrbio de Caracas), uma jovem venezuelana, grávida, morreu agredida em um piquete", afirmou Maduro.

Nesta segunda, um sargento da Guarda Nacional morreu ao ser baleado na cidade de Mérida, quando removia uma barricada na rua.

Durante o dia, cerca de 50 jovens - procedentes de 15 estados da Venezuela - instalaram um acampamento diante da representação da ONU em Caracas, que permanecerá até que o organismo mundial envie uma comissão para investigar as supostas violações dos direitos humanos durante os protestos.

A Venezuela enfrenta uma crise de desabastecimento que inclui vários produtos básicos, uma inflação anual de 56% e altos índices de violência.

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