Casa revistada no caso Khashoggi é de "amigo" do príncipe saudita
Em imagens publicadas pela imprensa turca, havia retratos do príncipe herdeiro e de seu pai, o rei Salman, pendurados na entrada de uma das casas revistadas
AFP
Publicado em 27 de novembro de 2018 às 08h31.
Última atualização em 27 de novembro de 2018 às 08h37.
Uma das casas revistadas na segunda-feira pelos investigadores turcos em busca dos restos do corpo do jornalista Jamal Khashoggi pertence a um "amigo próximo" do príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman - informou a imprensa turca nesta terça-feira (27).
O proprietário de uma das mansões inspecionadas, situada na província de Yalova, no sul de Istambul, chama-se Mohamed Ahmed A. Al Fawzan, e é um "amigo próximo" de Mohamed bin Salmán, de acordo com vários jornais turco, como o "Hurriyet".
Por cerca de dez horas, os investigadores turcos revistaram esta e outra residência vizinha, propriedade de outro empresário saudita. Não deram nenhum detalhe sobre o que foi encontrado durante as operações de busca e apreensão.
Também inspecionaram três poços nos jardins dessas mansões, construídas sem licença de obra, informou a agência de notícias privada DHA.
Segundo a Procuradoria de Istambul, Mohamed Ahmed A. Al Fauwzan conversou por telefone em 1º de outubro com um dos sauditas que se deslocaram no dia seguinte para a Turquia para assassinar Khashoggi, colaborador do jornal americano "The Washington Post".
"Estimamos que, nesta conversa, falaram de como eliminar, ou esconder, o corpo de Jamal Khashoggi, depois de ser esquartejado", declarou a Procuradoria em nota publicada ontem.
Al Fawzan não estava na Turquia quando recebeu o telefonema de um dos suspeitos da morte de Khashoggi e não esteve neste país nos últimos dois meses, segundo a imprensa local.
Em imagens publicadas pela imprensa turca, apareciam retratos do príncipe herdeiro e de seu pai, o rei Salman, pendurados na entrada de uma das casas revistadas.
As autoridades turcas já haviam inspecionado o consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde aconteceu o assassinato, além da residência do cônsul e de um bosque situado na periferia da zona metropolitana de Istambul.
Após ter negado inicialmente o desaparecimento do jornalista e dado versões contraditórias dos fatos, as autoridades sauditas reconheceram o assassinato do jornalista no âmbito de uma "operação não autorizada".
Segundo a imprensa americana, a CIA não tem dúvidas sobre o envolvimento do príncipe Mohamed bin Salman no homicídio.