Casa Branca deixa negociações sobre estímulo com Congresso
Mesmo quando o avanço do coronavírus ameaça enfraquecer a retomada, nem McConnell nem Pelosi querem ceder em suas posições anteriores
Fabiane Stefano
Publicado em 13 de novembro de 2020 às 11h50.
Última atualização em 13 de novembro de 2020 às 14h47.
O governo Trump decidiu deixar as negociações sobre um novo pacote de estímulo nas mãos do líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, com o objetivo de retomar as conversas com a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, segundo pessoas a par da situação.
Embora a Casa Branca provavelmente consulte congressistas do Partido Republicano sobre os detalhes do projeto de lei de alívio da Covid-19, agora é improvável que tome a iniciativa das negociações, de acordo com as pessoas, que falaram sob condição de anonimato. A Casa Branca só assumirá o controle se as negociações tiverem que ser reiniciadas completamente, disseram as pessoas. A Casa Branca não respondeu a vários pedidos de comentários.
A medida diminui muito as chances de um estímulo de US$ 1 trilhão ou mais para a economia dos EUA antes de janeiro. O presidente dos EUA, Donald Trump, havia se comprometido a buscar um estímulo em grande escala após as eleições e até disse que aprovaria um projeto de lei de US$ 2 trilhões, mas desde então tem se concentrado em tentar reverter as vitórias do presidente eleito Joe Biden em estados-chave.
Isso deixa as negociações em um impasse, pois nem McConnell nem Pelosi querem ceder em suas posições anteriores, mesmo quando o avanço do coronavírus ameaça enfraquecer a recuperação depois das paralisações causadas pela pandemia.
Alerta de Powell
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse no início do mês que o estímulo fiscal é “absolutamente essencial” para a recuperação econômica dos EUA. Ele também disse que, mesmo que os gastos sejam maiores do que o necessário, “não serão desperdiçados”.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, liderava as negociações com Pelosi, mas chegaram a um impasse antes do dia das eleições. O governo propôs cerca de US$ 1,9 trilhão em gastos, e os democratas queriam US$ 2,4 trilhões. Uma série de questões políticas, desde ajuda a governos estaduais e locais até a pressão republicana por proteção para empresas contra processos, também impediu um acordo.
McConnell continuou a insistir em um pacote muito menor, de cerca de US$ 500 bilhões, e destacava sinais de recuperação contínua, incluindo a queda na taxa de desemprego. Ele também mencionou notícias positivas sobre uma vacina contra o coronavírus.
‘Mesmo lugar’
O gabinete de McConnell não quis comentar sobre o papel da Casa Branca nas negociações.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, disse na quinta-feira que o projeto de lei de US$ 2,4 trilhões aprovado pela Câmara deve ser o ponto de partida para quaisquer novas negociações de estímulo, reforçando o impasse com o Senado.
“Estamos no mesmo lugar”, disse Pelosi em conferência de imprensa com Schumer. “Ainda mais com a pandemia, porque, olhem para esses números. Olhem para esses números. Vejam as previsões da comunidade científica.”
Pelosi não respondeu à pergunta sobre se havia falado com alguém do governo.