Capriles precisa de impulso para vencer eleição na Venezuela
"Estou esfolando minha pele pela Venezuela", bradou nesta semana Capriles, de 40 anos, nos comícios de encerramento de uma campanha
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2013 às 17h21.
Caracas - Após derrotar o líder oposicionista Henrique Capriles na eleição presidencial de outubro passado, o então presidente Hugo Chávez telefonou para o rival e fez uma brincadeira em tom cortês: "Você me obrigou a sair e me trabalhar duro!".
Agora, novamente em campanha, o incansável Capriles continua tendo por objetivo dificultar a vitória do candidato governista, Nicolás Maduro, herdeiro político de Chávez e franco favorito na eleição do próximo domingo.
"Estou esfolando minha pele pela Venezuela", bradou nesta semana Capriles, de 40 anos, nos comícios de encerramento de uma campanha que deu novo ânimo aos partidários da oposição, ainda ressentidos com a vitória de Chávez no ano passado.
"Meu corpo e meus ossos podem estar doendo, mas meu coração está transbordando de emoção, isso não é euforia, é histeria por mudança!", disse ele num comício no leste da Venezuela.
Ao obter contra Capriles a sua quarta vitória em uma eleição presidencial, Chávez já sofria de um câncer avançado. Logo em seguida sua saúde se deteriorou, e ele morreu em 5 de março. Em dezembro, o líder socialista apontou Maduro como seu herdeiro político.
A comoção causada pela morte de Chávez contribui para o favoritismo de Maduro. Buscando evitar uma segunda derrota, Capriles perdeu peso, ficou rouco e trocou o cauteloso respeito por Chávez por irreverentes ataques contra o presidente interino.
Ele chama o rival diariamente de "mentiroso", "incompetente" e membro da elite "corrupta", e já zombou de Maduro por evocar uma antiga praga sobre os eleitores da oposição, e por ter declarado que Chávez lhe apareceu na forma de passarinho.
Capriles tem feito provocações como se vestir de vermelho (cor associada ao chavismo) ou ostentar o logotipo da estatal petroleira PDVSA, e também se gaba de ter mais fibra revolucionária no dedo mindinho do que Maduro no corpo todo.
Mas as pesquisas ainda mostram Maduro à frente, embora em alguns levantamentos semanais essa vantagem tenha caído a menos de 10 pontos percentuais.
Pode haver surpresa?
Seja como for, poucos acreditam que Capriles consiga se sobrepor ao último desejo manifestado por Chávez à população, que era fazer de Maduro o seu sucessor.
Capriles recebeu 44 por cento dos votos em outubro, no melhor resultado da oposição em uma eleição contra Chávez e ele está prevendo uma reviravolta na reta final de campanha.
"As pesquisas são apenas um instantâneo de algumas semanas atrás, as coisas estão se mexendo rapidamente. Estamos ganhando", disse Capriles. "Sei que esta eleição será decidida em 14 de abril, o jogo não terminou." A cúpula da sua campanha, ironicamente chamada de "Comando Simón Bolívar" --numa apropriação do nome do herói nacional, ídolo do chavismo--, está bem mais animada do que há duas semanas.
Capriles e seus assessores acham que as intenções de voto de Maduro vêm diminuindo à medida que a comoção causada pela morte de Chávez se esvai.
Mas, fora dos comitês da oposição, as avaliações são mais contidas.
"O otimismo da oposição está provavelmente equivocado", disse a entidade LatinNews, refletindo o que é quase um consenso entre analistas independentes.
"Apesar da óbvia falta de carisma de Maduro em comparação a Chávez, ele é a única opção sobre a mesa para os chavistas, e com a estatal petroleira PDVSA alimentando uma campanha bem orquestrada, a eleição de domingo deve ser uma mera formalidade." Para surpreender os analistas, Capriles precisaria primeiramente garantir que seus 6,6 milhões de eleitores de outubro repitam a dose no próximo domingo. Mas o comparecimento recorde de 80 por cento do eleitorado que foi registado em outubro dificilmente irá se repetir.
Ele também precisaria convencer um número significativo de chavistas de que Maduro, um ex-motorista de ônibus e sindicalista que ascendeu à vice-presidência com Chávez, não está à altura do cargo.
Apenas um mês depois da morte de Chávez, tudo isso é extremamente improvável, ainda mais porque o discurso do falecido líder pedindo apoio ao seu protegido ainda ecoa nos ouvidos dos venezuelanos --literalmente, já que essa fala é sempre reproduzida em atos públicos do governo e anúncios eleitorais de Maduro.
Se Capriles for novamente derrotado no domingo, a coalizão de oposição terá pela frente mais seis anos de desolação política, e a unidade conquistada a duras penas nos últimos anos pode não resistir.
Antevendo a derrota, alguns oposicionistas se consolam com o fato de que Capriles não herdará os problemas econômicos e sociais que eles dizem ter sido o legado de Chávez.
"Henrique enfrentaria uma tarefa impossível, hercúlea. Então, ao invés disso, assistamos a Maduro se queimar nos próximos seis meses", disse a eleitora de oposição Amelia Alvarez, de 46 anos, que tomava chá gelado com amigos em um café de Caracas após participar de um comício de Capriles.
Caracas - Após derrotar o líder oposicionista Henrique Capriles na eleição presidencial de outubro passado, o então presidente Hugo Chávez telefonou para o rival e fez uma brincadeira em tom cortês: "Você me obrigou a sair e me trabalhar duro!".
Agora, novamente em campanha, o incansável Capriles continua tendo por objetivo dificultar a vitória do candidato governista, Nicolás Maduro, herdeiro político de Chávez e franco favorito na eleição do próximo domingo.
"Estou esfolando minha pele pela Venezuela", bradou nesta semana Capriles, de 40 anos, nos comícios de encerramento de uma campanha que deu novo ânimo aos partidários da oposição, ainda ressentidos com a vitória de Chávez no ano passado.
"Meu corpo e meus ossos podem estar doendo, mas meu coração está transbordando de emoção, isso não é euforia, é histeria por mudança!", disse ele num comício no leste da Venezuela.
Ao obter contra Capriles a sua quarta vitória em uma eleição presidencial, Chávez já sofria de um câncer avançado. Logo em seguida sua saúde se deteriorou, e ele morreu em 5 de março. Em dezembro, o líder socialista apontou Maduro como seu herdeiro político.
A comoção causada pela morte de Chávez contribui para o favoritismo de Maduro. Buscando evitar uma segunda derrota, Capriles perdeu peso, ficou rouco e trocou o cauteloso respeito por Chávez por irreverentes ataques contra o presidente interino.
Ele chama o rival diariamente de "mentiroso", "incompetente" e membro da elite "corrupta", e já zombou de Maduro por evocar uma antiga praga sobre os eleitores da oposição, e por ter declarado que Chávez lhe apareceu na forma de passarinho.
Capriles tem feito provocações como se vestir de vermelho (cor associada ao chavismo) ou ostentar o logotipo da estatal petroleira PDVSA, e também se gaba de ter mais fibra revolucionária no dedo mindinho do que Maduro no corpo todo.
Mas as pesquisas ainda mostram Maduro à frente, embora em alguns levantamentos semanais essa vantagem tenha caído a menos de 10 pontos percentuais.
Pode haver surpresa?
Seja como for, poucos acreditam que Capriles consiga se sobrepor ao último desejo manifestado por Chávez à população, que era fazer de Maduro o seu sucessor.
Capriles recebeu 44 por cento dos votos em outubro, no melhor resultado da oposição em uma eleição contra Chávez e ele está prevendo uma reviravolta na reta final de campanha.
"As pesquisas são apenas um instantâneo de algumas semanas atrás, as coisas estão se mexendo rapidamente. Estamos ganhando", disse Capriles. "Sei que esta eleição será decidida em 14 de abril, o jogo não terminou." A cúpula da sua campanha, ironicamente chamada de "Comando Simón Bolívar" --numa apropriação do nome do herói nacional, ídolo do chavismo--, está bem mais animada do que há duas semanas.
Capriles e seus assessores acham que as intenções de voto de Maduro vêm diminuindo à medida que a comoção causada pela morte de Chávez se esvai.
Mas, fora dos comitês da oposição, as avaliações são mais contidas.
"O otimismo da oposição está provavelmente equivocado", disse a entidade LatinNews, refletindo o que é quase um consenso entre analistas independentes.
"Apesar da óbvia falta de carisma de Maduro em comparação a Chávez, ele é a única opção sobre a mesa para os chavistas, e com a estatal petroleira PDVSA alimentando uma campanha bem orquestrada, a eleição de domingo deve ser uma mera formalidade." Para surpreender os analistas, Capriles precisaria primeiramente garantir que seus 6,6 milhões de eleitores de outubro repitam a dose no próximo domingo. Mas o comparecimento recorde de 80 por cento do eleitorado que foi registado em outubro dificilmente irá se repetir.
Ele também precisaria convencer um número significativo de chavistas de que Maduro, um ex-motorista de ônibus e sindicalista que ascendeu à vice-presidência com Chávez, não está à altura do cargo.
Apenas um mês depois da morte de Chávez, tudo isso é extremamente improvável, ainda mais porque o discurso do falecido líder pedindo apoio ao seu protegido ainda ecoa nos ouvidos dos venezuelanos --literalmente, já que essa fala é sempre reproduzida em atos públicos do governo e anúncios eleitorais de Maduro.
Se Capriles for novamente derrotado no domingo, a coalizão de oposição terá pela frente mais seis anos de desolação política, e a unidade conquistada a duras penas nos últimos anos pode não resistir.
Antevendo a derrota, alguns oposicionistas se consolam com o fato de que Capriles não herdará os problemas econômicos e sociais que eles dizem ter sido o legado de Chávez.
"Henrique enfrentaria uma tarefa impossível, hercúlea. Então, ao invés disso, assistamos a Maduro se queimar nos próximos seis meses", disse a eleitora de oposição Amelia Alvarez, de 46 anos, que tomava chá gelado com amigos em um café de Caracas após participar de um comício de Capriles.