Mike Johnson, presidente da Câmara dos EUA, durante votação, em 3 de janeiro (Win McNamee/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 15h50.
Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 17h40.
O atual presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, conseguiu se reeleger nesta sexta-feira, 3, após negociar para que membros do seu próprio partido mudassem seus votos para favorecê-lo.
Johnson tinha apoio público do presidente eleito, Donald Trump, mas não de todos os deputados de seu partido. No começo da tarde, foi feita uma votação verbal, em que cada parlamentar anunciou seu voto, e Johnson obteve 216 apoios. Seu competidor, o deputado democrata Hakeem Jeffries, somou 215. Outros candidatos tiveram três votos. Para se eleger, ele precisaria de 218 votos, ou mais de 50% de apoio, porque 434 deputados participaram da votação.
No entanto, o resultado ainda não havia sido formalizado, e Johnson ficou por cerca de meia hora buscando negociar com os republicanos que não votaram nele, para que mudassem seus votos. Ele conseguiu convencer dois deles, e chegou a 218 votos, o mínimo necessário para vencer.
A votação foi realizada no mesmo dia em que começou uma nova legislatura. Os deputados eleitos em novembro tomaram posse nesta sexta. Os republicanos possuem 219 assentos, uma vantagem estreita frente aos 218 lugares que garantem a maioria na Casa. Os democratas possuem 215 lugares, um a mais do que tinham na legislatura anterior.
Assim, apenas dois republicanos poderiam impedir, na prática, a vitória de Johnson. Ele tem desagradado a ala mais radical do partido, por dar apoio a medidas bipartidárias para liberar gastos e manter o governo funcionando, entre outras ações. Apesar disso, teve apoio público de Trump.
"Mike Johnson é um homem bom, religioso e muito trabalhador. Ele fará a coisa a certa e vamos continuar a vencer. Mike tem meu completo e total apoio", disse Trump, ao endossá-lo.
Na Câmara, os mandatos são de dois anos. Assim, Trump deve acelerar para tentar aprovar o máximo de medidas possível na primeira metade do mandato. Os republicanos também possuem maioria no Senado, de 53 a 47.
Trump promete tomar uma série de medidas fortes já no primeiro dia no cargo, como aumentar a segurança das fronteiras, barrar imigrantes e desregulamentar a economia. No entanto, parte de suas promessas depende de aval do Legislativo. Ele toma posse em 20 de janeiro.
Deputado por Louisiana, Johnson está na Câmara desde 2017. Em 2020, ele se posicionou contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais, que venceu Trump nas urnas.
O Partido Republicano na Câmara vive uma crise interna desde 2023. Naquele ano, em janeiro, houve uma confusão grande entre os próprios republicanos para eleger o líder da Câmara. O deputado Kevin McCarthy havia sido apontado como o favorito pela direção do partido, mas uma ala mais radical da legenda votou contra ele, o que o impediu de vencer a disputa.
Foram necessárias 15 rodadas de votação, ao longo de quatro dias, para que o partido chegasse a um consenso e elegesse McCarthy.
No entanto, seu mandato foi curto. Em setembro de 2023, o deputado republicano Matt Gaetz pediu formalmente a saída de McCarthy, após ele apoiar uma resolução bipartidária para evitar o fechamento do governo por falta de recursos. McCarthy saiu do cargo após uma votação no Plenário determinar sua retirada do posto, em outubro de 2023. Em seguida, Mike Johnson, atual presidente, foi eleito para o cargo, após cinco rodadas de votação. Na época, ele também teve apoio de Trump.
No Senado, o vice-presidente do país atua também como presidente da Casa. Assim, a atual presidente do Senado é Kamala Harris, que permanece até que o novo vice, J. D. Vance, tome posse, em 20 de janeiro.
Na segunda, 6 de janeiro, o Congresso fará uma sessão para certificar a vitória de Trump nas eleições. Em 2021, apoiadores dele invadiram o Capitólio para tentar impedir a confirmação da vitória do presidente democrata Joe Biden. Houve confronto com os policiais, e cinco pessoas morreram.