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Campanha contra a independência da Escócia é intensificada

Referendo que decidirá pela separação ou não do Reino Unido acontece no dia 18 de setembro


	Partidários da independência da Escócia: mais de 4 milhões de pessoas se registraram para votar
 (Andy Buchanan/AFP)

Partidários da independência da Escócia: mais de 4 milhões de pessoas se registraram para votar (Andy Buchanan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2014 às 16h02.

Londres - O avanço nas pesquisas do apoio à independência da Escócia obrigou os líderes dos principais partidos britânicos, contrários à separação, a alterar nesta terça-feira com urgência suas agendas para dar um novo impulso à campanha do "não" a apenas nove dias do referendo.

O chefe do governo britânico, o conservador David Cameron, seu vice-presidente, o liberal-democrata Nick Clegg, e o líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, viajarão amanhã à Escócia para acompanhar a sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro na câmara dos Comuns, uma situação insólita na política britânica.

William Hague, ex-ministro das Relações Exteriores conservador, conduzirá a sessão em Westminster enquanto o "premier" britânico tratará de controlar no terreno o avanço do "sim" nas pesquisas, que nos últimos dias se situaram pela primeira vez à frente dos partidários da independência.

Segundo uma pesquisa do "YouGov" divulgada neste final de semana pelo "Sunday Times", a opção da independência se imporia no referendo por uma estreita margem de 51% contra 49%.

Outra pesquisa, da firma "TNS", dava hoje uma mínima vantagem aos partidários do "não" (39% contra e 38% a favor), um resultado que confirmava a tendência dos últimos meses de diminuir a margem entre ambas opções à medida que decai o número de indecisos.

Em abril, quando 30% dos eleitores ainda não tinham fixado sua postura, a independência perdia por 12 pontos com relação à união nessa mesma pesquisa, vantagem que praticamente evaporou cinco meses depois, quando os indecisos se reduziram a 23%.

A reviravolta é ainda maior com relação a agosto de 2013, quando o "TNS" dava quase o dobro de votos ao "não" (47%) do que ao "sim" (25%), com 28% de indecisos.

Perante esse giro nas intenções de voto, Cameron, Clegg e Miliband tomaram no último minuto as rédeas da campanha "Better Together" (Melhor juntos), e viajarão para Escócia carregados de novas ofertas para aumentar a autonomia da região se os eleitores optarem por permanecer no Reino Unido.

As três formações aderiram ao roteiro proposto pelo ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, que prevê iniciar em 19 de setembro, um dia depois do referendo, a redação de uma lei para aumentar as competências do parlamento autônomo de Holyrood (Edimburgo).

Se o "não" se impuser no referendo, os partidários da união se comprometeram a ter listada para janeiro de 2015 a versão pactuada e definitiva de uma lei que se submeteria à votação em Westminster após as eleições gerais de maio.

As propostas para dotar de conteúdo essa legislação variam segundo o partido, apesar de todos insistirem em aumentar o controle do governo escocês sobre o sistema tributário e as políticas de bem-estar.

Os trabalhistas querem aumentar a margem de manobra de Edimburgo no imposto sobre a renda, o que permitiria, entre outras medidas, que a Escócia restabelecesse a taxa de 50% para as rendas superiores a 150 mil libras anuais (180 mil euros), que Londres reduziu a 45% em 2012.

A formação de Miliband prevê, além disso, aumentar a capacidade de decisão de Holyrood sobre políticas de habitação, ajudas à dependência e serviços para os desempregados, enquanto as previdência, os impostos sobre sociedades e capitais, e a seguridade social (National Insurance), entre outros, continuariam em mãos de Londres.

Os conservadores advogam por permitir que Edimburgo decida sem restrições os lances do imposto sobre a renda, exceto a quantidade mínima de ingressos isenta de tributação para as pessoas físicas, assim como compartilhar parte da gestão do IVA e ceder o controle do Imposto ao Passageiro Aéreo.

Junto com os liberal-democratas, seus cúmplices no governo britânico, os "tories" querem ceder os poderes em âmbitos como habitação e dependência, mas manter Londres como centro de decisão sobre petróleo e política energética, previdência e defesa.

Os três partidos britânicos, que em agosto já tinham anunciado seu compromisso para aumentar a autonomia escocesa após o referendo, tenta concretizar nas últimas horas suas propostas para tentar resistir à reviravolta das pesquisas.

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