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Cameron e líderes fazem campanha por permanência da Escócia

Referendo sobre a permanência ou não da Escócia no Reino Unido está marcado para 18 de setembro

Cameron discursa em Edimburgo: "seria de partir o coração se esta família de nações fosse separada" (James Glossop/AFP)

Cameron discursa em Edimburgo: "seria de partir o coração se esta família de nações fosse separada" (James Glossop/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 15h47.

Edimburgo - O primeiro-ministro conservador David Cameron desembarcou nesta quarta-feira na Escócia para defender o "Não" à independência e impedir que seu nome fique associado a uma derrota histórica para o Reino Unido.

A visita de David Cameron, do trabalhista e líder da oposição Ed Miliband e do liberal Nick Clegg foi anunciada na terça-feira em caráter de urgência, apenas dois dias depois da divulgação da primeira pesquisa que aponta uma vitória dos defensores da independência no referendo de 18 de setembro.

"Seria de partir o coração se esta família de nações que construímos e com a qual fizemos coisas incríveis juntos, se esta família de nações fosse separada", disse Cameron em um discurso em Edimburgo, feito segundo ele "com o coração".

"Como é uma votação, talvez as pessoas pensem que é um pouco como uma eleição geral na qual é possível decidir algo agora e cinco anos depois outra coisa. Se você está cansado dos conservadores, dá um pontapé neles".

"Mas isto é totalmente diferente de eleições gerais", completou, em uma tentativa de contra-atacar a ideia de um voto de punição a seu governo.

"Não é uma decisão sobre os próximos cinco anos, é uma decisão sobre o próximo século".

Os três líderes não aparecerão juntos porque, segundo o jornal The Guardian, os trabalhistas não aceitaram a ideia.

"Concordamos em defender a mesma causa, mas cada um ao seu lado", declarou ao jornal uma fonte trabalhista.

O primeiro-ministro escocês, o nacionalista Alex Salmond, fez piada com a mobilização dos três adversários.

"A elite de Westminster está em pânico absoluto em um momento no qual o solo escocês afunda sob seus pés".

Parte da imprensa britânica aproveitou a ocasião para ironizar o trio. O jornal The Sun publicou uma montagem dos três disfarçados de escoceses.

A visita conjunta é o maior gesto realizado por Londres desde os Acordos de Edimburgo, que há dois anos permitiram a convocação do referendo.

Em outro sinal para a Escócia, a residência oficial do primeiro-ministro em Downing Street hasteou na terça-feira a bandeira escocesa, azul e branca e com a cruz de Santo André, na forma de X.

Os conservadores não são nada populares na Escócia — conseguiram eleger apenas um deputado dos 59 que Edimburgo tem direito no Parlamento britânico — e Cameron inspira confiança apenas de 23% dos escoceses. Os trabalhistas são mais populares, mas Miliband também tem um problema de imagem.

Cameron, que até agora havia se recusado a fazer campanha ou participar em debates, com o argumento de que este era um assunto dos escoceses, publicou um artigo no jornal Daily Mail no qual pede aos escoceses uma reflexão sobre as consequências de uma vitória do "Sim".

Imparcialidade da rainha

"O Reino Unido é um grande país e é especial. É isto que está em jogo, que ninguém na Escócia tenha dúvidas: queremos desesperadamente que fiquem, não queremos que esta família de nações seja destruída", escreveu Cameron.

"Se o Reino Unido se desmembrar, isto será para sempre", advertiu, antes de recordar que se a Escócia decidir pela permanência terá mais atribuições de governo, segundo um acordo de compromisso dos três grandes partidos nacionais, independente do vitorioso nas eleições de 15 de maio de 2015.

A rainha Elizabeth II, que tem uma residência de verão em Balmoral, na Escócia, descartou categoricamente uma intervenção, como chegaram a sugerir lideranças conservadoras e trabalhistas.

"A imparcialidade constitucional da soberana é um princípio estabelecido de nossa democracia e algo que a rainha tem demonstrado ao longo de seu reinado", disse um porta-voz da Casa Real.

"Qualquer sugestão de que a rainha deseja influenciar no resultado do atual referendo é equivocado. Vossa Majestade é firme na opinião de que este é um assunto dos escoceses".

Salmond reiterou que deseja Elizabeth II como rainha dos escoceses no caso de vitória da independência.

"Quero a rainha como chefe de Estado, rainha dos escoceses, em uma Escócia independente, assim como o foram seus ancestrais", afirmou Salmond.

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