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Cameron abre caminho para revolução autônoma no Reino Unido

O primeiro-ministro do Reino Unido abriu porta para revolução autônoma em todo o Reino Unido, após a rejeição à independência da Escocia


	David Cameron: líder manifestou satisfação com a decisão dos escoceses
 (Leon Neal/AFP)

David Cameron: líder manifestou satisfação com a decisão dos escoceses (Leon Neal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 10h42.

Londres - O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, abriu nesta sexta-feira a porta para uma revolução autônoma em todo o Reino Unido após a rejeição, por ampla margem, à independência da Escócia no plebiscito da quinta-feira.

Com uma participação recorde que chegou a quase 85%, os residentes da Escócia maiores de 16 anos disseram "não" ao fim da Ata de União de 1707, que une a região com o Reino Unido, mas a consulta foi um apelo de atenção ao poder desempenhado pelo Parlamento de Westminster.

Em declaração em frente à residência oficial de Downing Street, o líder conservador manifestou sua satisfação com a decisão dos escoceses de manter unidas as "quatro nações": Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, ao término de uma campanha que "cativou a imaginação" da população, disse.

Cameron também afirmou que com este plebiscito, o assunto da independência da Escócia está resolvida por "uma geração".

Como tinha prometido à campanha do "não" nos dias anteriores ao plebiscito, o chefe do Governo assegurou que os principais partidos britânicos - conservador, trabalhista e liberal-democrata - cumprirão "em sua totalidade" com a entrega de mais poderes à Escócia, como assuntos fiscais e do Estado do bem-estar.

Cameron - que até quase o final tinha se mantido à margem da campanha do "não" por causa do receio de que seu partido provoca na Escócia - acredita que para novembro os partidos possam fechar um pacote de transferências de poderes a fim de que a legislação correspondente esteja redigida em janeiro de 2015.

"O resultado foi claro e é o momento da unidade do Reino Unido", ressaltou Cameron, após ser confirmado que o "não" ganhou com 55,30% de apoio contra 44,70% do "sim" à cisão.

Mas da mesma forma que Londres se compromete a "devolver" ao Parlamento de Edimburgo mais competências, o primeiro-ministro considerou que as outras "nações" também deverão ter "voz".

Assim, o líder "tory", que buscará a reeleição em maio do próximo ano, assegurou que chegou a vez de Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte de tomar mais decisões.

"Escutamos a voz da Escócia e os direitos destes eleitores devem ser respeitados, preservados e aumentados", assinalou.

E considerou "justo" que um novo acordo de autonomia com a Escócia seja acompanhado por outro que se aplique a "todos" os estados que formam o Reino Unido.

Segundo explicou Cameron, há propostas para que a Assembleia de Gales tenha mais poderes e que as instituições norte-irlandesas - surgidas após o acordo de paz de 1998 - trabalhem de "maneira efetiva".

Desta maneira, o primeiro-ministro britânico considerou que o processo de conceder mais poderes ao Parlamento de Holyrood deve acontecer em paralelo a um plano para dar autonomia a outras regiões do Reino Unido, especialmente à Inglaterra, pois Irlanda do Norte e Gales já têm suas próprias assembleias.

Para isso o governo encarregará o ex-ministro britânico de Relações Exteriores William Hague que elabore planos de concessão de poderes que deverão contar com um amplo apoio de todos os partidos do Parlamento de Westminster.

Ao mesmo tempo, Cameron defendeu sua decisão de acertar com o primeiro-ministro do governo autônomo da Escócia, Alex Salmond, a realização desta consulta, depois das críticas recebidas por ter permitido um plebiscito que arriscava a partilha do Reino Unido.

Segundo o premiê, a vitória do Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) de Salmond nas eleições de 2011 não podia ser ignorada, já que essa legenda chegou ao poder na Escócia com a promessa de convocar um plebiscito.

E qualificou o processo de consulta de "acirrado" e uma demonstração "da força e da vitalidade de uma antiga democracia".

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