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Britânicos ainda querem Brexit, mas acham que tudo acabará mal

Estudo concluiu que 52% das pessoas acham que o país terá um acordo ruim ante 37% em fevereiro. E 61% acham que May vem conduzindo mal as negociações

Reino Unido: 61% das pessoas acha que May vem conduzindo mal as negociações do Brexit (Francois Lenoir/Reuters/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 10 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 11 de dezembro de 2017 às 17h53.

Cada vez mais eleitores britânicos acham que o Brexit está sendo malconduzido. Mas isso não significa que eles estejam mudando de ideia em relação a sair da União Europeia — apenas em relação ao governo conservador da primeira-ministra Theresa May.

Um relatório do Centro Nacional de Pesquisas Sociais do Reino Unido, publicado na quarta-feira, concluiu que 52% das pessoas acham que o país terá um acordo ruim, em comparação com 37% em fevereiro, um mês antes de May iniciar os procedimentos do divórcio.

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Mesmo antes do desconcertante colapso desta semana, apenas um em cada cinco britânicos disse que o governo estava lidando bem com as negociações. Entre os que apoiam o Brexit, 61% acham que May vem conduzindo mal as negociações.

A pesquisa com 2.200 pessoas foi concluída em outubro, antes da notícia de que May aumentou a quantidade de dinheiro que estaria disposta a pagar para sair e também antes da recente guinada drástica que deixou May à mercê de um aliado da Irlanda do Norte.

As conclusões revelam a falta de conexão entre como a população se sente em relação a um processo que ela mesma desencadeou com o referendo de 2016 e as realidades políticas de um governo frágil, dividido e paralisado em negociações cada vez mais técnicas.

Boa ideia

A pesquisa encontrou pouca mudança na atitude das pessoas em relação ao Brexit em si. De acordo com John Curtice, professor de política da Universidade de Strathclyde, que conduziu a pesquisa, isso sugere que, em vez de lamentarem seu voto, os defensores do Brexit estão passando a considerar que a saída é uma boa ideia mal implementada, algo que poderia ajudar o Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn, da oposição.

Enquanto os britânicos se perguntam o que está acontecendo — e talvez até por que a saída tenha que ser tão complicada —, a UE deu a May prazo até o final da semana para oferecer uma solução para um problema espinhoso: como evitar uma fronteira fortemente controlada na Irlanda depois que a Irlanda do Norte sair do bloco junto com o restante do Reino Unido. O Reino Unido precisa dar uma resposta que satisfaça todos os lados para que as negociações sobre o comércio comecem.

É claro que May será responsabilizada por qualquer fracasso. Ela iniciou o processo para que o Reino Unido saia em março de 2019 e acreditava que convenceria os líderes da UE, em uma cúpula que será realizada na próxima semana, a permitir que as discussões sobre o comércio comecem e que conseguiria um período de transição para que as empresas tenham tempo de se adaptar.

“Uma parte do grupo que é contra a separação acha que, à medida que as pessoas virem o desenrolar do processo do Brexit, elas chegarão à conclusão de que era uma ideia idiota”, disse Curtice. “Em vez disso, a seu modo de ver, elas parecem culpar os políticos pelos resultados insatisfatórios.”

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