Brexit vence: a Europa em xeque
Em um resultado surpreendente, os eleitores britânicos decidiram na madrugada desta sexta-feira deixar a União Europeia. O Brexit venceu com cerca de 52% do total de votos. A decisão causa um terremoto político e econômico não só no Reino Unido, como em toda a Europa. Para começar, o primeiro ministro britânico, David Cameron, um dos […]
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2016 às 06h57.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h15.
Em um resultado surpreendente, os eleitores britânicos decidiram na madrugada desta sexta-feira deixar a União Europeia. O Brexit venceu com cerca de 52% do total de votos. A decisão causa um terremoto político e econômico não só no Reino Unido, como em toda a Europa.
Para começar, o primeiro ministro britânico, David Cameron, um dos principais apoiadores do referendo e da permanência no bloco europeu, está politicamente morto. Cameron renunciou horas depois do anúncio e deve deixar o cargo oficialmente em outubro. O próximo primeiro ministro é quem deve assinar a saída. Um nome que ganha força entre o eleitorado é o também conservador Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e maior defensor da saída. Mas analistas avaliam que Johnson deve ter pouco apoio dos caciques conservadores.
Ao sair de casa nesta sexta-feira, o ex-prefeito recebeu uma tremenda vaia dos londrinos. Em sua cidade, 60% dos eleitores votaram pela permanência. O mapa do resultado mostra um país dividido. Escócia e Irlanda do Norte votaram pela permanência. Líderes pela independência escocesa, que perderam um referendo há apenas dois anos, já se mobilizam para voltar às urnas — desta vez, com mais chances de vitória. Na Irlanda do Norte, onde eleitores também votaram por ficar, cresce o desejo de uma união à Irlanda. Até a pequena Gibraltar, um território britânico no Mediterrâneo, onde a permanência teve 90% dos votos, pode se unir à Espanha.
Em todo o continente, a vitória do Brexit vai reforçar o discurso isolacionista dos líderes de extrema direita. França e Alemanha têm eleições no ano que vem. A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, já fala em um Frexit, uma votação pela saída da França da União Europeia.
As leis que definem a aliança do Reino Unido com a Europa ocupam 80.000 páginas. Tudo vai precisar ser renegociado nos próximos meses, o que deve levar insegurança econômica para o continente por meses e meses. Cerca de metade das importações e das exportações britânicas são feitas com a Europa. O país não tem acordo comercial isolado com nenhuma nação. Tudo isso está no escuro agora.
Com tanta incerteza, a libra chegou a seu menor valor em 30 anos. Até as 7h de Brasília a bolsa de Londres caía 6,5%; a de Frankfurt, 7,5%; a de Paris, 9,6%. O Banco da Inglaterra já separou 250 bilhões de libras para intervir caso seja preciso. Certamente será.