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Brasil precisa de mais R$ 44 bi por ano para reduzir emissões

Setor com maior potencial de redução de emissões é o de uso da terra, que inclui desmatamento e agricultura, responsáveis por 75% das emissões

Desmatamento e agricultura são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gases estufa (Manoel Marques/Veja/VEJA)

Desmatamento e agricultura são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gases estufa (Manoel Marques/Veja/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - O Brasil pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% e chegar a um cenário de baixo carbono em 2030, mas precisará de investimentos adicionais de R$ 44 bilhões por ano. A conta é do Banco Mundial, que divulgou hoje (17) o Estudo de Baixo Carbono para o Brasil, que considera o potencial de redução de emissões mantendo as perspectivas de desenvolvimento econômico.

"Os esforços não são contraditórios. É possível acomodar a redução de emissões com crescimento econômico", avaliou o coordenador do estudo, Christophe de Gouvello.

A redução de 37%, projetada pelo Banco Mundial, está dentro da margem do governo brasileiro, que prevê reduzir as emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020. A proposta - apresentada durante a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro do ano passado, em Copenhague - até hoje não foi detalhada e não está claro como cada setor reduzirá as emissões.

O relatório apresentado hoje sugere ações de redução em quatro frentes: energia; desmatamento e agropecuária; transportes; e manejo de resíduos. Em 20 anos, o Banco Mundial calcula que seriam necessários US$ 725 bilhões para que o país chegue aos níveis esperados. Apesar do altos valores, o Banco Mundial acredita que o custo de não agir para frear as mudanças climáticas pode ser ainda maior.

O setor com maior potencial de redução de emissões é o de mudança de uso da terra, que inclui desmatamento e agricultura, responsável por 75% das emissões brasileiras de gases estufa. O Banco Mundial calcula que até 2030, com esforço adicional, o Brasil poderá reduzir a derrubada de florestas em 68% em relação à tendência atual. O custo seria de pelo menos US$157 bilhões em 20 anos. "É mais difícil estimar o custo porque vai depender das políticas públicas que serão implementadas e elas têm custos difíceis de estimar", assinalou Gouvello.

Nos setores de energia e de transportes, as possibilidades de redução são menores por dois motivos: a matriz energética brasileira é considerada limpa e o país uso etanol na sua frota de veículos. No caso do setor elétrico, investimentos adicionais de US$ 344 bilhões poderiam evitar o lançamento do equivalente a 213 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.

"O grande desafio do setor energético é manter a matriz limpa. Os desafios no setor elétrico são permanentes. Ir além é difícil porque já se fez muito", avaliou o coordenador do estudo.

De acordo com o relatório, os investimentos devem ser compartilhados entre o governo e a iniciativa privada. "O mercado tem papel importante, mas não vai resolver tudo. São necessárias políticas públicas". A conta também deve incluir mecanismos internacionais de financiamento, que devem ser estabelecidos na negociação do clima da ONU para facilitar a transição para economias de baixo carbono, mais verdes.

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