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Bombardeios continuam na Ucrânia, apesar da trégua decretada pela Rússia

Esta deveria ser a primeira grande trégua na Ucrânia desde que começou a invasão russa em 24 de fevereiro

Guerra na Ucrânia: houve breves pausas nos combates, mas apenas em nível local (AFP/AFP)

Guerra na Ucrânia: houve breves pausas nos combates, mas apenas em nível local (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 6 de janeiro de 2023 às 14h21.

Última atualização em 6 de janeiro de 2023 às 14h28.

Os bombardeios continuavam nesta sexta-feira, 6, em ambos os lados do "front" em Bakhmut, epicentro dos combates no leste da Ucrânia e em outras localidades do país, apesar do cessar-fogo unilateral decretado pela Rússia por ocasião do Natal ortodoxo.

Jornalistas da AFP ouviram disparos de artilharia de ambos os lados da linha de frente em Bakhmut, uma cidade com ruas em grande parte destruídas e desertas, depois que o cessar-fogo começou teoricamente às 9h GMT (6h em Brasília), embora sua intensidade tenha sido menor do que nos dias anteriores.

Pavlo Diatchenko, um policial de Bakhmut, chamou a trégua de "provocação" russa. Os civis "estão sendo bombardeados dia e noite e quase todos os dias há mortes", disse ele.

O Exército russo garantiu, no entanto, que respeitaria sua trégua e acusou as tropas ucranianas de "continuar a bombardear cidades e posições russas".

O vice-chefe da administração presidencial ucraniana, Kirilo Timoshenko, relatou dois bombardeios russos em Kramatorsk, também no leste, que atingiram uma casa, mas não deixaram vítimas. Ele também relatou um bombardeio russo em Kherson (sul).

As autoridades separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia relataram vários bombardeios em Donetsk, reduto antes do cessar-fogo decretado pelo presidente russo, Vladimir Putin, entrar em vigor.

Seguindo o apelo do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, e do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Putin ordenou um "cessar-fogo ao longo de toda a linha de contato entre os lados na Ucrânia" das 9h GMT de 6 de janeiro até 21 de janeiro.

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"Buscando oxigênio"

Esta deveria ser a primeira grande trégua na Ucrânia desde que começou a invasão russa em 24 de fevereiro. Anteriormente, houve breves pausas nos combates, mas apenas em nível local, como durante a retirada de civis da fábrica Azovstal em Mariupol (sudeste) em abril.

Cético em relação ao anúncio, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estima que trata-se de uma “desculpa para conter o avanço” das tropas de Kiev em Donbass, no leste, e levar “equipamentos, munições e aproximar homens das nossas posições”.

Putin pediu às tropas ucranianas que respeitassem a trégua para permitir que os ortodoxos, a fé majoritária na Ucrânia e na Rússia, "participassem dos serviços religiosos na véspera de Natal, além do dia do nascimento de Cristo".

"A Rússia deve abandonar os territórios ocupados, só então haverá uma 'trégua temporária'. Guardem sua hipocrisia", tuitou na quinta-feira um assessor da Presidência ucraniana, Mijaílo Podoliak.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estimou que Putin está "buscando oxigênio". "Estava pronto para bombardear hospitais, creches e igrejas" em 25 de dezembro e no dia de Ano Novo, disse Biden durante um discurso na Casa Branca.

Este cessar-fogo "não contribuirá em nada para avançar nas perspectivas de paz", reagiu o ministro britânico de Assuntos Exteriores, James Cleverly.

Esta trégua não trará "nem liberdade nem segurança" à Ucrânia, afirmaram diplomatas alemães.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, classificou a trégua como "hipócrita" e "pouco confiável".

"O Kremlin não tem nenhuma credibilidade e esta declaração de cessar-fogo não é confiável", declarou Borrell à imprensa durante visita a Fez, no Marrocos.

"Novas realidades"

Teve início a janela de horário do cessar-fogo temporário decretado unilateralmente pelo presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia durante o Natal ortodoxo, a partir das 9h GMT (6h em Brasília), ante o ceticismo de Kiev.

Durante seu telefonema com Erdogan, Vladimir Putin disse que a Rússia está pronta para entrar em um "diálogo sério" com a Ucrânia, desde que cumpra as exigências russas e aceite as "novas realidades territoriais" derivadas da invasão do país em fevereiro.

Moscou exigiu em setembro a anexação de quatro regiões ocupadas ao menos parcialmente por seus militares na Ucrânia, apesar de vários reveses militares russos no terreno, assim como fez com a península ucraniana da Crimeia em março de 2014.

Zelensky insiste na retirada total das forças russas de seu país, incluindo da Crimeia, antes de iniciar qualquer diálogo com Moscou. Caso contrário, promete recuperar os territórios ocupados à força.

Putin acusou o Ocidente de "fornecer armas e material militar ao regime de Kiev e de facilitar informação".

Na quinta-feira, Estados Unidos e Alemanha prometeram a Kiev fornecer veículos de combate de infantaria Bradley e Marder. A França anunciou que enviaria blindados AMX-10 RC.

Berlim também se comprometeu a enviar uma bateria de defesa antiaérea Patriot, seguindo os passos de Washington.

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