Bill Gates e Carlos Slim unem fortunas para erradicar pólio
A meta é acabar para sempre com a doença em um prazo de seis anos
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2013 às 10h29.
Abu Dhabi - Bill Gates admite com um sorriso que "não é muito comum" receber uma carta que te convida a acabar para sempre com uma das doenças mais nocivas do século XX. Ainda mais quando o remetente da carta é o homem mais rico do mundo e seu destinatário, a segunda maior fortuna do planeta.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe - a primeira conjunta que concedem a um veículo de comunicação -, os dois homens que lideram ano após ano as listas de milionários, o mexicano Carlos Slim Helú e o americano Bill Gates, revelaram a contribuição que o primeiro realizará a uma das iniciativas filantrópicas do fundador da Microsoft.
Slim contribuirá com US$ 100 milhões a um plano que pretende varrer a pólio em seis anos da face da terra.
Por que tanto dinheiro e energia para combater uma doença que no ano passado só afetou 223 crianças e só é endêmica em três países?
"Com a pólio há duas possibilidades: ou redobramos o trabalho e acabamos de verdade com ela, e nesse caso economizamos todos os custos da vacinação, ou detemos esse grande esforço e a pólio poderá tomar conta de novo e voltar a infectar centenas de milhares de crianças", explica Gates.
Os últimos 25 anos foram vitais na luta contra a pólio, graças às campanhas de vacinação empreendidas no mundo todo, e a doença passou de paralisar 350 mil crianças por ano em 125 países a ser endêmica somente na Nigéria, no Paquistão e no Afeganistão.
Paradoxalmente, chegar a zero caso será a tarefa mais difícil.
Como lembra Slim, o principal problema agora para a erradicação não é tanto de recursos ou dinheiro, mas de conseguir chegar aos povoados de maior risco, localizadas muitas vezes em lugares remotos e com uma complexa situação de segurança.
Desde dezembro passado, por exemplo, quase 20 pessoas morreram em uma onda de assassinatos contra trabalhadores humanitários que participavam da campanha de imunização contra a pólio no Paquistão.
Slim e Gates são homens de negócios, e nenhum tem interesse em esconder isso. Mantêm uma aproximação quase empresarial à filantropia e em seu discurso deixam escapar frequentemente termos como "eficiência" ou "economia", alusões às vantagens de aplicar a mentalidade empreendedora ao altruísmo, e números sobre a conveniência econômica de apoiar esta ou outra causa.
Por isso, conscientes de que muita gente se pergunta o que poderia acontecer se as maiores fortunas entrassem de acordo para resolver os problemas que afligem o mundo, transformaram a eliminação da pólio em algo quase pessoal, um desafio que dará a medida do potencial desse tipo de parceria.
Diz Gates: "Se não tivermos êxito com a pólio, seria um tremendo revés não só para a saúde global, mas também para o otimismo sobre o que os homens podem fazer quando se unem. Se temos êxito, isso nos fortalecerá e nos lembrará que juntos podemos fazer coisas assombrosas".
A "credibilidade" que esperam obter no combate contra a pólio os permitiria prolongar a dupla frente a outras doenças, mas ainda é cedo para abrir novos frentes de batalha.
Para Slim, o fundamental é compartilhar a visão do problema e a decisão de resolvê-lo, além da sintonia pessoal.
Gates incluiu governos e magnatas como o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, dentro do chamado Plano Global para a Erradicação da Pólio, que deverá contar com um orçamento global de US$ 5,5 bilhões para atingir seu objetivo em seis anos.
O fundador da Microsoft, companhia que deixou para se dedicar exclusivamente à filantropia, acredita que sua paixão por essa atividade possa contagiar outros homens de negócios, e que estes ponham em prática suas habilidades empresariais para que "cada dólar seja gasto da melhor forma".
O mexicano e o americano coincidem em que a filantropia e o mundo corporativo são "surpreendentemente parecidos" e têm dificuldades para optar por um deles.
"Talvez a única diferença esteja nos objetivos. Nos negócios, suas metas são (atingir) uma fração maior de mercado, rentabilidade... Mas em ambos os lugares busca-se a eficiência, organizar bem o que vai fazer, e que seu capital humano seja o melhor", explica o engenheiro Slim.
Gates, por sua vez, não hesita em agradecer a seu sucesso nos negócios pela oportunidade de pôr em prática seu trabalho filantrópico, depois que, como diz, "a magia do software foi meu enfoque fanático durante tantas décadas da minha vida".
Os olhos vivos de Slim não param de medir Gates durante a entrevista, enquanto este concorda continuamente com a cabeça para ressaltar as palavras do mexicano.
Os empresários não se enganam: sabem que suas enormes fortunas falam por si, e que milhões de pessoas confiam que de seu entendimento possa surgir um mundo melhor.
Abu Dhabi - Bill Gates admite com um sorriso que "não é muito comum" receber uma carta que te convida a acabar para sempre com uma das doenças mais nocivas do século XX. Ainda mais quando o remetente da carta é o homem mais rico do mundo e seu destinatário, a segunda maior fortuna do planeta.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe - a primeira conjunta que concedem a um veículo de comunicação -, os dois homens que lideram ano após ano as listas de milionários, o mexicano Carlos Slim Helú e o americano Bill Gates, revelaram a contribuição que o primeiro realizará a uma das iniciativas filantrópicas do fundador da Microsoft.
Slim contribuirá com US$ 100 milhões a um plano que pretende varrer a pólio em seis anos da face da terra.
Por que tanto dinheiro e energia para combater uma doença que no ano passado só afetou 223 crianças e só é endêmica em três países?
"Com a pólio há duas possibilidades: ou redobramos o trabalho e acabamos de verdade com ela, e nesse caso economizamos todos os custos da vacinação, ou detemos esse grande esforço e a pólio poderá tomar conta de novo e voltar a infectar centenas de milhares de crianças", explica Gates.
Os últimos 25 anos foram vitais na luta contra a pólio, graças às campanhas de vacinação empreendidas no mundo todo, e a doença passou de paralisar 350 mil crianças por ano em 125 países a ser endêmica somente na Nigéria, no Paquistão e no Afeganistão.
Paradoxalmente, chegar a zero caso será a tarefa mais difícil.
Como lembra Slim, o principal problema agora para a erradicação não é tanto de recursos ou dinheiro, mas de conseguir chegar aos povoados de maior risco, localizadas muitas vezes em lugares remotos e com uma complexa situação de segurança.
Desde dezembro passado, por exemplo, quase 20 pessoas morreram em uma onda de assassinatos contra trabalhadores humanitários que participavam da campanha de imunização contra a pólio no Paquistão.
Slim e Gates são homens de negócios, e nenhum tem interesse em esconder isso. Mantêm uma aproximação quase empresarial à filantropia e em seu discurso deixam escapar frequentemente termos como "eficiência" ou "economia", alusões às vantagens de aplicar a mentalidade empreendedora ao altruísmo, e números sobre a conveniência econômica de apoiar esta ou outra causa.
Por isso, conscientes de que muita gente se pergunta o que poderia acontecer se as maiores fortunas entrassem de acordo para resolver os problemas que afligem o mundo, transformaram a eliminação da pólio em algo quase pessoal, um desafio que dará a medida do potencial desse tipo de parceria.
Diz Gates: "Se não tivermos êxito com a pólio, seria um tremendo revés não só para a saúde global, mas também para o otimismo sobre o que os homens podem fazer quando se unem. Se temos êxito, isso nos fortalecerá e nos lembrará que juntos podemos fazer coisas assombrosas".
A "credibilidade" que esperam obter no combate contra a pólio os permitiria prolongar a dupla frente a outras doenças, mas ainda é cedo para abrir novos frentes de batalha.
Para Slim, o fundamental é compartilhar a visão do problema e a decisão de resolvê-lo, além da sintonia pessoal.
Gates incluiu governos e magnatas como o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, dentro do chamado Plano Global para a Erradicação da Pólio, que deverá contar com um orçamento global de US$ 5,5 bilhões para atingir seu objetivo em seis anos.
O fundador da Microsoft, companhia que deixou para se dedicar exclusivamente à filantropia, acredita que sua paixão por essa atividade possa contagiar outros homens de negócios, e que estes ponham em prática suas habilidades empresariais para que "cada dólar seja gasto da melhor forma".
O mexicano e o americano coincidem em que a filantropia e o mundo corporativo são "surpreendentemente parecidos" e têm dificuldades para optar por um deles.
"Talvez a única diferença esteja nos objetivos. Nos negócios, suas metas são (atingir) uma fração maior de mercado, rentabilidade... Mas em ambos os lugares busca-se a eficiência, organizar bem o que vai fazer, e que seu capital humano seja o melhor", explica o engenheiro Slim.
Gates, por sua vez, não hesita em agradecer a seu sucesso nos negócios pela oportunidade de pôr em prática seu trabalho filantrópico, depois que, como diz, "a magia do software foi meu enfoque fanático durante tantas décadas da minha vida".
Os olhos vivos de Slim não param de medir Gates durante a entrevista, enquanto este concorda continuamente com a cabeça para ressaltar as palavras do mexicano.
Os empresários não se enganam: sabem que suas enormes fortunas falam por si, e que milhões de pessoas confiam que de seu entendimento possa surgir um mundo melhor.