Biden e Xi Jinping têm rara ligação, com Taiwan e Ucrânia na pauta
O principal item na agenda é a relação dos Estados Unidos com Taiwan, após rumores de uma visita de Nancy Pelosi à ilha ampliarem as tensões
Carolina Riveira
Publicado em 28 de julho de 2022 às 06h00.
O presidente chinês, Xi Jinping , está programado para contatar o presidente americano, Joe Biden , em uma ligação nesta quinta-feira, 28.
A ligação será a quinta conversa telefônica bilateral entre os dois líderes desde que Biden tomou posse, em janeiro de 2020.
O principal item na agenda deve ser a relação dos Estados Unidos com Taiwan.
A situação ficou mais tensa após circularem informações de que a presidente da Câmara dos Deputados americana, Nancy Pelosi, fará uma visita oficial em breve à ilha. Pelosi é do Partido Democrata, o mesmo de Biden, mas a Casa Branca afirma que a decisão da viagem é exclusivamente da parlamentar e não uma ordem do governo.
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Se confirmada a ida a Taiwan, Pelosi será a oficial estadunidense de escalão mais alto a visitar a ilha desde 1992. O governo chinês tem dito que a visita poderá ter "consequências".
A história entre Taiwan e a China
A situação é delicada e nenhum dos lados quer recuar: a visita de Pelosi é altamente apoiada pelo governo local em Taiwan e, se Biden voltar atrás, o governo dos EUA pode ser visto como influenciado por ameaças chinesas. Já Xi Jinping tenta mostrar que não tolerará influência americana em territórios estratégicos para o país.
Taiwan é uma ilha com cerca de 24 milhões de habitantes, a 180 quilômetros da China continental.
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A ilha se considera independente desde 1949, ano da Revolução Comunista que levou Mao Tse-Tung ao poder na China. O então líder opositor, Chiang Kai-Shek, fugiu com outros políticos chineses e se refugiou na ilha de Taiwan. O caso virou uma disputa entre as partes desde então.
Os EUA não reconhecem a independência de Taiwan oficialmente, mas prestam assistência técnica à ilha para defender sua soberania, segundo o histórico de diplomacia da Casa Branca. Na prática, a autonomia da ilha é um dos assuntos prioritários em Washington, e a questão se tornou mais relevante à medida em que cresceram as disputas com a China.
A China, por sua vez, não considera Taiwan um território separado da China continental. Os temores de que a China e Taiwan possam entrar em um choque militar são crescentes.
Ucrânia e protecionismo também na agenda
Além da questão prioritária de Taiwan nesta semana, a guerra na Ucrânia também está na pauta. Embora a China não esteja envolvida diretamente no conflito, a aproximação do governo de Pequim com a Rússia de Vladimir Putin é um tema sensível para o governo Biden.
A proximidade com a China tem sido crucial para que a Rússia sobreviva parcialmente às sanções do Ocidente. Com as sanções ocidentais, a China superou a Alemanha e se tornou a maior importadora de energia dos russos neste ano.
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A informação de que a ligação entre Xi e Biden ocorreria hoje foi antecipada pela agência Reuters, mas rumores sobre uma conversa direta entre os dois líderes já vinham circulando desde o fim de semana.
O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse à imprensa americana nesta semana que a competição entre os dois países também está na agenda a ser discutida - sobretudo em temas sensíveis como semicondutores e medidas protecionistas.
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A ligação entre Biden e Xi Jinping acontece ainda enquanto o Congresso americano discute um pacote de US$ 52 bilhões em subsídios à produção de semicondutores (amplamente usados em chips e na indústria). A China lidera nessa frente e o assunto é considerado estratégico pelo governo Biden.
"Tudo [será conversado na ligação], desde as tensões sobre Taiwan, até a guerra na Ucrânia, e a forma de gerenciamos melhor a competição entre nossas duas nações, certamente na esfera econômica", disse Kirby sobre os tópicos a serem discutidos.
Tudo parte de uma disputa constante - e crescente - entre Estados Unidos e China no cenário global. A novela está longe do fim, com ou sem a visita de Pelosi.
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