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Bahrein anuncia reformas, mas protestos xiitas são retomados

Investigação de uma comissão concluiu que presos foram torturados e 35 pessoas foram mortas durante os protestos no país

O rei do Bahrein expressou "consternação" por conta do tratamento dado aos detidos xiitas (Scott Olson/Getty Images)

O rei do Bahrein expressou "consternação" por conta do tratamento dado aos detidos xiitas (Scott Olson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2014 às 14h47.

Manama, Bahrein - O rei do Bahrein anunciou reformas nesta quarta-feira depois de uma comissão de inquérito concluir que a polícia usou de "força excessiva" e torturou presos durante a repressão à revolta de março liderada por xiitas, mas os protestos foram retomados em vilarejos nos arredores de Manama, onde houve confrontos.

O rei Hamad bin Isa Al-Khalifa criou uma comissão para investigar acusações contra o governo que se referiam a violações aos direitos humanos e abusos contra manifestantes, ativistas pró-democracia e oposicionistas.

Nesta quarta-feira, ele anunciou reformas.

"Nós introduziremos e implementaremos reformas que contentarão todos os segmentos de nossa sociedade", disse o rei depois de as conclusões terem sido divulgadas.

Ele também expressou "consternação" por conta do tratamento dado aos detidos xiitas.

"Nós não toleramos maus-tratos de presos. Estamos consternados ao saber que eles ocorreram, como foi apontado pelo relatório", disse.

Respondendo mais cedo sobre as conclusões da Comissão Independente de Inquérito, um porta-voz oficial também afirmou que o governo aceita as críticas.

"Nós tomamos a iniciativa de pedir esse inquérito detalhado para buscar a verdade e nós aceitamos."

O relatório também informou que a comissão não encontrou provas de uma influência do Irã nos protestos, desmentindo alegações dos líderes sunitas do Golfo de que o país teria tido um papel importante ao instigar os protestos xiitas.

"Evidências apresentadas à comissão não provaram uma ligação entre os eventos no Bahrein e o Irã", disse Sherif Bassiouni, líder da comissão investigadora.

Os protestos em massa que sacudiram o reino liderado por sunitas no início deste ano foram violentamente reprimidos enquanto forças de segurança usaram munição real e táticas sangrentas para dispersar os manifestantes.

Bassiouni afirmou que a cifra de mortos da revolta de um mês atingiu 35, incluindo cinco oficiais de segurança. Centenas ficaram feridos.

Organizações internacionais, incluindo a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e a agência de direitos humanos da ONU acusaram diversas vezes o governo de violar direitos civis, citando acusações de tortura, julgamentos sem direito a defesa e uso excessivo da força e repressão violenta.

Investigações conduzidas pela comissão criada pelo rei revelaram que as forças de segurança "usaram força excessiva" enquanto "muitos presos foram torturados", disse Bassiouni.

Em março, as forças de segurança do Bahrein, apoiadas por cerca de 1.000 oficiais de tropas do Golfo, reprimiram a revolta na Praça da Pérola em Manama, epicentro do movimento antigoverno.

Nesta quarta-feira, Bassiouni afirmou que a comissão não encontrou evidências de que as tropas do Golfo violaram os direitos humanos.

O relatório foi divulgado algumas horas depois de confrontos terem ocorrido em ao menos duas localidades xiitas nos arredores de Manama.

Protestos ocorreram esta manhã no vilarejo de Aali, onde ativistas de direitos humanos e um correspondente da AFP afirmou que a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

Confrontos também ocorreram na ilha xiita de Sitra, onde pessoas protestaram pela morte no dia 19 de novembro de um garoto de 16 anos morto após ser parado por um carro da polícia, afirmaram testemunhas.

Em Aali, manifestantes afirmaram à AFP que não esperam grandes mudanças após a divulgação do relatório.

"Esse relatório serve aos interesses do rei", disse um manifestante.

As tensões no país permaneceram altas desde as revoltas de março, particularmente das vilas xiitas onde os moradores reclamam de anos de marginalização.

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