Turquia: "É uma vantagem organizar a proteção das fronteiras. Mas não se pode confiar nisso de forma permanente" (Alaa Al-Marjani / Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2016 às 10h40.
Viena - O governo austríaco negou nesta terça-feira que a UE tenha se deixado chantagear pela Turquia e esteja disposta a ignorar os ataques à liberdade de expressão ou aos direitos humanos em troca de um acordo para que Ancara interrompa a chegada de refugiados à Europa.
"Não houve nenhuma concessão para que a União Europeia se pronuncie menos sobre o tema curdo ou a liberdade de imprensa", garantiu o chanceler austríaco, Werner Faymann, ao analisar hoje o pré-acordo alcançado na segunda-feira entre a União Europeia e Turquia.
Por isso, declarou que é preciso contar com eventuais desacordos futuros entre Bruxelas e Turquia.
"É uma vantagem organizar a proteção das fronteiras. Mas não se pode confiar nisso de forma permanente", afirmou à imprensa local o político social-democrata.
Junto a ele, o vice-chanceler, Reinhold Mitterlehner, do Partido Popular austríaco, chegou a assinalar que existe um problema sobre o "compromisso" da Turquia "porque sempre aparecem novas exigências".
Mitterlehner reconheceu que a cúpula de ontem, apesar do princípio de acordo alcançado para devolver à Turquia os refugiados chegados à Europa, ainda não deu "resultados definitivos".
O dirigente conservador afirmou que ainda não se sabe o que acontecerá com as dezenas de milhares de refugiados que esperam na Grécia para continuar seu caminho rumo aos países ricos do norte da Europa.
O próprio Faymann disse que apesar de ontem terem ocorrido "boas conversas", ainda não se pode dizer que já tenha passado o alerta no tema dos refugiados.
A cúpula serviu para preparar o terreno para acordos que sirvam para conter o tráfico ilegal de pessoas e estabelecer um mecanismo de reassentamento.
O chanceler reconheceu que o sistema obrigatório de cotas para repartir solidariamente os refugiados na UE não funciona ou não é "suficientemente rápido".
A Áustria, que em setembro do ano passado se uniu à Alemanha na política de portas abertas para os refugiados e emigrantes, foi modificando sua postura até implantar rígidos controles e diminuições diárias de entradas e devoluções dos que não têm direito a asilo por não virem de zonas em conflito.