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Atoleiro político na Itália gera inquietação na Europa

A coalizão de esquerda obteve por uma escassa margem de votos a maioria na Câmara, mas o Senado se perfila sem maioria clara, o que ameaça a governabilidade

Foto de Silvio Berlusconi na sede do Partido Povo da Liberdade em Roma: após a divulgação dos resultados, a inquietação dos sócios da Itália não demorou a aparecer (Filippo Monteforte/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2013 às 11h05.

Roma - A Itália se encontrava nesta terça-feira em uma situação de confusão máxima que derrubava as bolsas e inquietava seus sócios europeus, após a ascensão inesperada nas eleições legislativas de um comediante convertido em líder antissistema que canalizou o descontentamento com os partidos tradicionais.

Nesta terça-feira, as bolsas europeias operavam em baixa, após a bolsa de Tóquio também ter fechado em queda de 2,26%.

A coalizão de esquerda de Pier Luigi Bersani obteve por uma escassa margem de votos a maioria na Câmara de Deputados, mas o Senado se perfila sem maioria clara, em uma forte disputa com a direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Esta situação, sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, ameaça a governabilidade, já que a formação de um gabinete requer o apoio das duas câmaras.

A chave do próximo governo pode estar nas mãos do comediante convertido em líder antissistema Beppe Grillo, que canalizou com seu Movimento das 5 Estrelas o desencanto e a indignação dos jovens e desempregados neste país submetido a um plano de austeridade para superar a crise da dívida.

No entanto, a imprensa italiana também falava nesta terça-feira da possibilidade de uma grande coalizão entre a esquerda de Bersani, a direita de Berlusconi e o centro do primeiro-ministro atual, o tecnocrata Mario Monti, que ficou em quarto, com apenas 10% dos votos.


"Estão acabados, tanto a esquerda quanto a direita. Bersani e Berlusconi ficaram 25 anos, levaram o país à catástrofe, eles são o problema", disse Beppe Grillo.

O humorista, chamado de populista e demagogo, não se apresentou como candidato devido a uma condenação por homicídio em 1980 em um acidente de carro no qual três pessoas morreram.

A inquietação dos sócios da Itália não demorou a aparecer.

O ministro das Relações Exteriores do governo conservador alemão, Guido Westerwelle, convocou nesta terça-feira a Itália a se dotar rapidamente de um governo estável, para prosseguir com a política de reformas "pelo bem de toda a Europa".

Mas o ministro da Recuperação Industrial do governo socialista francês, Arnaud Montebourg, opinou que os italianos "disseram que não estavam de acordo com a política imposta pelos mercados".

O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, admitiu, por sua vez, que a situação da Itália tem um impacto inegável nos mercados, e torce para que esta seja de curta duração.

"É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada", declarou Bersani, assegurando que o resultado "será administrado levando-se em conta os interesses da Itália".

"Votamos o Parlamento mais ingovernável de nossa história", resumiu o jornal La Stampa ao analisar os resultados das eleições, realizadas no domingo e na segunda-feira.

"O país com mais necessidade de estabilidade não terá um governo estável por alguns meses", comentou James Waltson, professor de relações internacionais na American University de Roma.

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Roma - A Itália se encontrava nesta terça-feira em uma situação de confusão máxima que derrubava as bolsas e inquietava seus sócios europeus, após a ascensão inesperada nas eleições legislativas de um comediante convertido em líder antissistema que canalizou o descontentamento com os partidos tradicionais.

Nesta terça-feira, as bolsas europeias operavam em baixa, após a bolsa de Tóquio também ter fechado em queda de 2,26%.

A coalizão de esquerda de Pier Luigi Bersani obteve por uma escassa margem de votos a maioria na Câmara de Deputados, mas o Senado se perfila sem maioria clara, em uma forte disputa com a direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Esta situação, sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, ameaça a governabilidade, já que a formação de um gabinete requer o apoio das duas câmaras.

A chave do próximo governo pode estar nas mãos do comediante convertido em líder antissistema Beppe Grillo, que canalizou com seu Movimento das 5 Estrelas o desencanto e a indignação dos jovens e desempregados neste país submetido a um plano de austeridade para superar a crise da dívida.

No entanto, a imprensa italiana também falava nesta terça-feira da possibilidade de uma grande coalizão entre a esquerda de Bersani, a direita de Berlusconi e o centro do primeiro-ministro atual, o tecnocrata Mario Monti, que ficou em quarto, com apenas 10% dos votos.


"Estão acabados, tanto a esquerda quanto a direita. Bersani e Berlusconi ficaram 25 anos, levaram o país à catástrofe, eles são o problema", disse Beppe Grillo.

O humorista, chamado de populista e demagogo, não se apresentou como candidato devido a uma condenação por homicídio em 1980 em um acidente de carro no qual três pessoas morreram.

A inquietação dos sócios da Itália não demorou a aparecer.

O ministro das Relações Exteriores do governo conservador alemão, Guido Westerwelle, convocou nesta terça-feira a Itália a se dotar rapidamente de um governo estável, para prosseguir com a política de reformas "pelo bem de toda a Europa".

Mas o ministro da Recuperação Industrial do governo socialista francês, Arnaud Montebourg, opinou que os italianos "disseram que não estavam de acordo com a política imposta pelos mercados".

O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, admitiu, por sua vez, que a situação da Itália tem um impacto inegável nos mercados, e torce para que esta seja de curta duração.

"É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada", declarou Bersani, assegurando que o resultado "será administrado levando-se em conta os interesses da Itália".

"Votamos o Parlamento mais ingovernável de nossa história", resumiu o jornal La Stampa ao analisar os resultados das eleições, realizadas no domingo e na segunda-feira.

"O país com mais necessidade de estabilidade não terá um governo estável por alguns meses", comentou James Waltson, professor de relações internacionais na American University de Roma.

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