Mundo

Ativismo em mídias sociais é cidadania, diz pesquisadora

Para Neli de Mello-Théry, pessoas podem - e devem - pressionar o poder público pelas causas socioambientais na internet

Participação de Mauricio de Sousa no "Veta Dilma": para Mello-Théry, campanha é um exemplo de um movimento com ampla participação das pessoas (Reprodução twitter)

Participação de Mauricio de Sousa no "Veta Dilma": para Mello-Théry, campanha é um exemplo de um movimento com ampla participação das pessoas (Reprodução twitter)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2012 às 11h40.

Com a democratização do acesso à internet e a ascensão das redes sociais, as pessoas passaram a ser difusoras de conteúdo. Para a geógrafa Neli de Mello-Théry, o uso da web pela sociedade para cobrar o poder público é uma forma de exercer a cidadania.

"Somos meio cidadãos no Brasil. Nós vamos às urnas e votamos, mas não cobramos pelo cumprimento das promessas dos nossos candidatos eleitos e pelos direitos adquiridos com muita luta", disse a geógrafa, que também é professora e coordenadora do Grupo de Pesquisa de Políticas Públicas, Territorialidades e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP).

A professora acredita que a legislação ambiental brasileira só está sofrendo retrocessos porque o movimento ambientalista se reduziu em número e perdeu força. "A lei é feita pelo homem. A gente ganha com a pressão que faz", completou.

Para João Ramirez, co-criador da campanha Floresta Faz a Diferença*, estamos vivenciando uma mudança de paradigma na web: do comercial para o social. "As pessoas hoje se engajam por mudanças. Não é mais apenas para conversar, ler fofoca e buscar conteúdo", falou.

Participação na Web

Organizada nas redes sociais por entidades ambientais contra o texto do novo código, a campanha "Veta, Dilma", para Mello-Théry, é exemplo de um movimento com ampla participação das pessoas.


Segundo a geógrafa, assinar petições online também é uma forma possível de cobrar o poder público. Alex Piaz, do Instituto Socioambiental (ISA), lembrou-se do sucesso do movimento Gota D’Água, que conseguiu colocar, por uma semana, o debate sobre Belo Monte no imaginário das pessoas.

O vídeo da campanha teve mais de cinco milhões de vizualizações, e a petição conseguiu mais de 1,5 milhão de assinaturas.

Assista abaixo:

http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=32115701&force_embed=1&server=vimeo.com&show_title=1&show_byline=1&show_portrait=1&color=ff9933&fullscreen=1&autoplay=0&loop=0

Ao mesmo tempo, a participação do cidadão e das organizações na internet pelas causas socioambientais não deve ser feita de forma desordenada, acredita o jornalista Renato Guimarães.

"Com a emergência das mídias, qualquer pessoa pode ser ativista. Mas o Facebook e a mídia social não são heróis. A menos que você esteja conectado a pessoas com o mesmo interesse, a ação não terá efeito", disse.

Segundo Ramirez, as redes sociais ajudam a viralizar e a acelerar um projeto, mas a mídia social não existe sem a presencial. "É preciso tirar um pouco do glamour que colocamos nas redes. Tudo fica superficial na internet", afirmou.

O coordenador de web do Greenpeace, Élcio Figueiredo, reforçou a fala de Ramirez e disse que para toda ação da ONG é preciso ser feito um trabalho de pesquisa nas ruas. "Sem ele, não há como atuar no mundo digital", falou.

Acompanhe tudo sobre:InternetMeio ambienteRedes sociaisSustentabilidade

Mais de Mundo

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

Milei insiste em flexibilizar Mercosul para permitir acordos comerciais com outros países

Trump escolhe Stephen Miran para chefiar seu conselho de assessores econômicos

Trump afirma que declarará cartéis de drogas como organizações terroristas