Ataque contra consulado chinês no Paquistão deixa quatro mortos
A China condenou o ataque e pediu ao Paquistão que "adote medidas concretas para assegurar a segurança dos cidadãos e instituições chinesas" no país
AFP
Publicado em 23 de novembro de 2018 às 07h54.
Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 11h58.
Quatro pessoas - dois policiais e dois civis - morreram nesta sexta-feira em um ataque contra o consulado chinês em Karachi, a maior cidade do Paquistão , reivindicado por um grupo separatista do Baluchistão, que considera a China um país "opressor".
"Todos os terroristas foram eliminados em uma operação das forças de segurança", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Shah Mehmood Qureshi.
"A situação está sob controle", disse o ministro da Informação, Fawad Chauhdry.
O governo chinês condenou o ataque contra o consulado em Karachi e pediu ao Paquistão que "adote medidas concretas para assegurar a segurança dos cidadãos e instituições chinesas" no país, em uma declaração do porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shang.
Geng afirmou que todos os funcionários do consulado da China em Karachi - centro financeiro do Paquistão, com 15 milhões de habitantes -, e seus parentes estavam a salvo.
O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, declarou que "tais incidentes ñão conseguirão afetar jamais a relação Paquistão-China, que é mais forte que o Himalaia e mais profunda que o mar da Arábia".
Khan exigiu uma "investigação completa" sobre o ataque.
O ataque começou às 9H30 locais (1H30 de Brasília) quando três homens tentaram entrar no consulado chinês, informou à AFP Ameer Sheikh, chefe de polícia de Karachi.
"Eles carregavam (fuziles) kalashnikov. Primeiro lançaram uma granda e depois começara a atirar", afirmou Alah Bajsh, guarda em um prédio vizinho.
Fotos e vídeos publicados em redes sociais mostram a fumaça na área do ataque.
Dois policiais morreram ao tentar impedir o ataque contra o consulado. Dois civis, pai e filho, que estavam em Karachi procedentes Quetta (capital da província do Baluchistão) para obter um visto chinês morreram no tiroteio.
O ataque foi reivindicado pelo movimento separatista Exército de Libertação do Baluchistão (ALB), uma província instável do sudoeste do Paquistão.
"Nós executamos o ataque e nossa ação continua", declarou Geand Baloch, porta-voz do movimento. Uma foto publicada no Twitter pelo grupo mostra os três homens que foram apresentados como os autores do atentado. Eles aparecem diante de uma bandeira do Baluchistão.
"Consideramos os chineses opressores, assim como as forças paquistanesas, pois ambos destroem o futuro do Paquistão", disse o porta-voz.
O ALB é um dos grupos que atuam no Baluchistão, uma província que é cenário de atentados de movimentos islamitas armados e de rebeldes locais que desejam autonomia, e até mesmo a independência, da região.
O Baluchistão é a maior, mas também a mais pobre, das quatro províncias do país, embora possua importantes reservas de mineração e gás.
A China, importante aliada do Paquistão, investe bilhões de dólares no Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC) para ligar sua província de Xinjiang ao porto de Gwadar, no Baluchistão.
O acordo prevê a construção de várias infraestruturas, como estradas, centrais elétricas e hospitais. O CPEC permitirá aos produtos chineses um acesso direto ao mar da Arábia.