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Asilo latino-americano a Snowden tem problemas logísticos

O fugitivo está bloqueado há duas semanas na zona de trânsito do aeroporto de Moscou-Sheremetievo

Manifestantes apoiam Edward Snowden em Berlim em 4 de julho (Afp.com / Ole Spata)

Manifestantes apoiam Edward Snowden em Berlim em 4 de julho (Afp.com / Ole Spata)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2013 às 10h55.

Moscou - O americano Edward Snowden, buscado por seu país e que está há mais de duas semanas na zona de trânsito de um aeroporto de Moscou, enfrentará uma série de problemas logísticos se quiser deixar a Rússia e se refugiar em um dos três países latino-americanos - Venezuela, Nicarágua e Bolívia - que ofereceram asilo a ele.

O presidente boliviano, Evo Morales, somou-se no sábado às nações que ofereceram asilo a Snowden, depois das declarações no mesmo sentido dos presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Nicarágua, Daniel Ortega.

Os três países desafiaram abertamente os Estados Unidos, país com o qual têm importantes intercâmbios econômicos, mas tensas relações políticas, ao oferecer asilo ao ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana.

O governo da Nicarágua revelou na noite de sábado que Snowden pediu asilo ao seu país porque considera improvável receber um julgamento justo nos Estados Unidos, onde pode ser condenado "à prisão perpétua ou inclusive à morte" por espionagem.

"Eu, Edward Snowden, cidadão dos Estados Unidos, escrevo para solicitar asilo na República da Nicarágua devido ao risco de ser perseguido pelo governo e por seus agentes" por revelar a existência de um programa de espionagem mundial da NSA dos Estados Unidos, afirma a carta de Snowden, enviada no dia 30 de junho ao presidente Daniel Ortega.

Em uma entrevista realizada antes destas revelações e publicada neste domingo pela revista alemã Der Spiegel, Snowden disse que os países ocidentais - que tanto se indignaram pela espionagem praticada pela NSA - cooperam estreitamente com ela.

O fugitivo está bloqueado há duas semanas na zona de trânsito do aeroporto de Moscou-Sheremetievo, de onde pediu asilo a 21 países, tendo a maioria de seus pedidos negados.

Washington solicitou que a Rússia entregue o americano, embora os dois países não tenham acordo de extradição. O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou o pedido, e sugeriu, em troca, que Snowden decida rapidamente onde quer ir.

Mas as opções de Snowden neste aeroporto moscovita são limitadas: os únicos voos diretos à América Latina passam por Cuba, país que se manteve surpreendentemente silencioso neste conflito, diferentemente de Manágua, Caracas e La Paz.


Snowden também corre o risco de que na Europa seu avião seja obrigado a aterrissar ou tenha o pedido de sobrevoo de seu espaço aéreo negado, como ocorreu nesta semana com a aeronave do presidente boliviano Evo Morales, devido a suspeitas infundadas de que levava consigo de Moscou o fugitivo americano.

--- Pesadelo logístico para Snowden ---

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reiterou no sábado que por enquanto a Venezuela não recebeu nenhum pedido de asilo por parte de Snowden. "Estamos esperando a próxima segunda-feira para (...) saber se ele ratificará sua disposição de se asilar na Venezuela", disse.

Isso significa um elemento de incerteza para as autoridades russas, que buscam para Snowden um destino viável legalmente.

O informático deveria pegar um avião no dia 24 de junho do aeroporto de Moscou para Havana, o que não ocorreu, embora os motivos ainda não sejam claros.

Segundo analistas, é provável que as autoridades russas não tenham permitido que subisse a bordo deste voo porque não tinha nenhum documento legal, depois que Washington revogou o passaporte americano de Snowden.

Também é pouco provável que o fugitivo deixe Moscou a bordo do avião de um presidente ou com uma delegação estrangeira, já que estes voos saem e chegam de outro aeroporto de Moscou, o de Vnukovo, localizado no outro extremo da cidade.

E ainda que diplomatas latino-americanos concedam ao fugitivo documentos para viajar, seus problemas não estariam necessariamente resolvidos. Todos os voos de Moscou a Cuba sobrevoam o espaço aéreo europeu. É possível que aconteça com o avião que transportar o americano o mesmo ocorrido com a aeronave de Morales, obrigada a pousar em Viena.

Cuba, por sua vez, parece se manter à margem do conflito, e não indicou que atitude adotaria se o fugitivo americano chegasse ao aeroporto de Havana.

"Snowden é um homem morto, no sentido figurado da palavra", opina o especialista francês de espionagem Sebastien Laurent. "Diante da gravidade do que fez, jamais encontrará um refúgio seguro", afirma.

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