As feridas abertas da tríplice catástrofe japonesa - e o medo de uma nova
Hoje, completa um ano do grande terremoto e tsunami, seguidos de uma crise nuclear, que atingiram o Japão; enquanto ainda se recupera, país teme novo abalo
Vanessa Barbosa
Publicado em 11 de março de 2012 às 07h36.
São Paulo - O dia 11 de março nunca mais será o mesmo para o povo japonês. Este domingo marca um ano do terremoto e tsunami que devastaram o nordeste do país, detonando uma emergência atômica que transformaria Fukushima numa cidade fantasma e mudaria os rumos da energia nuclear no mundo.
Em meio às cerimônias de homenagem aos cerca de 20 mil mortos e desaparecidos, os japoneses ainda lutam para reconstruir cidades inteiras e tratar outras feridas que ainda não cicatrizaram. Ao menos 300 mil pessoas - que perderam suas casas no tsunami ou tiveram de abandoná-las em função do acidente nuclear - ainda vivem em moradias temporárias ou apartamentos alugados, sem destino certo.
Muitos gostariam de retornar às cidades de origem, afetadas por algum dos desastres, mas suas respectivas prefeituras ainda não chegaram a um consenso sobre se é seguro ou não permitir esse retorno. O desafio da reconstrução, que se aplica aos 59 municípios diretamente afetados pelas catástrofes, é intensificado por problemas financeiros.
A construção de novas moradias em regiões mais altas e, por consequência, mais seguras, está sendo cogitada, embora não desperte simpatia dos governos locais, que alegam que tais projetos têm custo elevado demais devido à complexa geografia da região.
Além das residências, o país também precisa reerguer hospitais, escolas e outras estruturas públicas. Estima-se que a reconstrução custará cerca de 400 bilhões de reais, o equivalente ao PIB de Portugal.
Entulho no caminho
A tragédia japonesa também deixou um rastro de toneladas de lixo que, pelo ritmo de remoção, vai demorar para desaparecer. Segundo o governo, três das cidades mais afetadas - Iwate, Miyagi e Fukushima - geraram sozinhas 23 milhões de toneladas de entulho, sendo que apenas 5% desse total recolhido foi processado até agora.
Não significa que as ruas vivem abarrotadas de resíduos e escombros da destruição. Ao realizar a varredura, as autoridades cuidaram de juntar o entulho em áreas específicas. Calcula-se que serão necessários o equivalente a 16 bilhões de reais para dar conta por processamento ou incineração de todo esse entulho.
Um novo modelo energético
Além de recuperar estruturas urbanas e amenizar as feridas sociais, o Japão enfrenta o dilema de encontrar um novo modelo energético. A emergência nuclear que se abateu sobre Fukushima obrigou o país a rever o uso da energia atômica, responsável então por um terço do suprimento energético do país.
Hoje, apenas dois dos 54 reatores japoneses estão em atividade, enquanto o restante passa por revisões. O abalo energético inevitavelmente afetou a terceira maior economia do mundo, bastante dependente da exportação. Não à toa, o Japão registrou no primeiro mês de 2012 seu maior déficit comercial nas últimas três décadas.
O medo de um tremor pior
Um ano depois do terremoto, os japoneses temem um novo e mais violento tremor, dessa vez em Tóquio. Pesquisadores nipônicos
anunciaram uma pesquisa preocupante que aponta probabilidade de 50% da megalópole ser atingida por um novo terremoto de grande intensidade nos próximos quatro anos.
Segundo os cientistas, desde o sismo de 9 graus na escala Ritcher de 2011, a atividade telúrica terrestre tem se intensificado no arquipélago, que se situa sobre quatro placas tectônicas.
Para se ter uma ideia, no último ano, Tóquio registra por dia uma média de 1,48 sismos de magnitude superior a 3, cinco vezes mais do que antes do terremoto de março passado.
São Paulo - O dia 11 de março nunca mais será o mesmo para o povo japonês. Este domingo marca um ano do terremoto e tsunami que devastaram o nordeste do país, detonando uma emergência atômica que transformaria Fukushima numa cidade fantasma e mudaria os rumos da energia nuclear no mundo.
Em meio às cerimônias de homenagem aos cerca de 20 mil mortos e desaparecidos, os japoneses ainda lutam para reconstruir cidades inteiras e tratar outras feridas que ainda não cicatrizaram. Ao menos 300 mil pessoas - que perderam suas casas no tsunami ou tiveram de abandoná-las em função do acidente nuclear - ainda vivem em moradias temporárias ou apartamentos alugados, sem destino certo.
Muitos gostariam de retornar às cidades de origem, afetadas por algum dos desastres, mas suas respectivas prefeituras ainda não chegaram a um consenso sobre se é seguro ou não permitir esse retorno. O desafio da reconstrução, que se aplica aos 59 municípios diretamente afetados pelas catástrofes, é intensificado por problemas financeiros.
A construção de novas moradias em regiões mais altas e, por consequência, mais seguras, está sendo cogitada, embora não desperte simpatia dos governos locais, que alegam que tais projetos têm custo elevado demais devido à complexa geografia da região.
Além das residências, o país também precisa reerguer hospitais, escolas e outras estruturas públicas. Estima-se que a reconstrução custará cerca de 400 bilhões de reais, o equivalente ao PIB de Portugal.
Entulho no caminho
A tragédia japonesa também deixou um rastro de toneladas de lixo que, pelo ritmo de remoção, vai demorar para desaparecer. Segundo o governo, três das cidades mais afetadas - Iwate, Miyagi e Fukushima - geraram sozinhas 23 milhões de toneladas de entulho, sendo que apenas 5% desse total recolhido foi processado até agora.
Não significa que as ruas vivem abarrotadas de resíduos e escombros da destruição. Ao realizar a varredura, as autoridades cuidaram de juntar o entulho em áreas específicas. Calcula-se que serão necessários o equivalente a 16 bilhões de reais para dar conta por processamento ou incineração de todo esse entulho.
Um novo modelo energético
Além de recuperar estruturas urbanas e amenizar as feridas sociais, o Japão enfrenta o dilema de encontrar um novo modelo energético. A emergência nuclear que se abateu sobre Fukushima obrigou o país a rever o uso da energia atômica, responsável então por um terço do suprimento energético do país.
Hoje, apenas dois dos 54 reatores japoneses estão em atividade, enquanto o restante passa por revisões. O abalo energético inevitavelmente afetou a terceira maior economia do mundo, bastante dependente da exportação. Não à toa, o Japão registrou no primeiro mês de 2012 seu maior déficit comercial nas últimas três décadas.
O medo de um tremor pior
Um ano depois do terremoto, os japoneses temem um novo e mais violento tremor, dessa vez em Tóquio. Pesquisadores nipônicos
anunciaram uma pesquisa preocupante que aponta probabilidade de 50% da megalópole ser atingida por um novo terremoto de grande intensidade nos próximos quatro anos.
Segundo os cientistas, desde o sismo de 9 graus na escala Ritcher de 2011, a atividade telúrica terrestre tem se intensificado no arquipélago, que se situa sobre quatro placas tectônicas.
Para se ter uma ideia, no último ano, Tóquio registra por dia uma média de 1,48 sismos de magnitude superior a 3, cinco vezes mais do que antes do terremoto de março passado.